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Corte e poda

Queda de árvores: saiba como identificar quando há risco, o que fazer para evitar e como pedir auxílio

O tombamento das plantas pode causar prejuízos humanos e materiais

08/02/2024 - 10h10min


Camila Pessôa
Camila Pessôa
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Matheus Pé / Especial / Agência RBS
Temporais recentes evidenciaram o problema da queda de árvores.

A queda de árvores é um dos grandes risco para perdas humanas e materiais durante tempestades. Mas quando uma planta corre o risco de cair? A espécie, a idade e seu estado de conservação podem indicar sinais de que é preciso retirar a árvore antes que ela tombe. Saiba o que observar para identificar se há risco e como acionar os serviços responsáveis.

No temporal de 16 de janeiro, por exemplo, foram contabilizadas 2,5 mil árvores caídas somente em Porto Alegre, segundo o secretário de Serviços Urbanos da Capital, Marcos Felipi Garcia. 

Um dos sinais mais visíveis de que há possível risco de queda de uma árvore são galhos tombados para um lado, o que significa que o vegetal está desequilibrado, conta o professor  da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Claudimar Fior.

Ele também recomenda verificar se há rachaduras ou buracos no tronco, especialmente nas partes mais próximas ao solo, em uma altura de até dois metros. Estas características podem significar um maior risco, principalmente em árvores mais altas, com galhos predominantemente na parte superior e ancoradas em uma área pequena no solo ou com raízes que elevam a calçada, o que deixa a planta mais vulnerável.

Outra dificuldade para a prevenção de acidentes é que nem sempre árvores com risco de queda são facilmente identificáveis, diz Fior. Segundo o especialista, as plantas têm um sistema complexo.

— Eu posso ter uma árvore que aparentemente está muito saudável, mas a parte interna dela está comprometida e se é uma árvore que está em um ambiente muito úmido, por exemplo, ela pode apodrecer as raízes. Apodrece parte do tronco e só se percebe quando ela cai — explica o professor da UFRGS. 

Muitas vezes a identificação do risco é apenas possível a partir de uma tomografia da árvore com equipamento especial, que revela como está a parte interna dela, diz Fior. Ele destaca, ainda, a necessidade do vegetal ser avaliado por um técnico in loco, que vai determinar se o risco é pequeno, médio ou grave.

O que causa a queda das árvores

Os transtornos causados com a queda de uma árvore são resultado do seu plantio despreocupado com as características locais e com as peculiaridades do ambiente urbano, explica Fior.  Segundo ele, o principal motivo para a deterioração da árvore é o fim de sua “vida útil”, quando ela chega a uma idade próxima à sua morte.

— Então, quando a gente faz o plantio de uma árvore na calçada, por exemplo, não adianta ser de uma espécie que dure apenas 10 anos, temos que considerar isso — diz o especialista.

O segundo principal motivo da rápida deterioração dos vegetais é o plantio em locais inadequados, com solo úmido ou em áreas de calçada com espaço restrito, em que as raízes não conseguem se desenvolver.

Determinadas plantas, embora aparentemente estejam saudáveis, têm que ser removidas, têm que ser substituídas para não colocar a vida das pessoas e o patrimônio em risco.

CLAUDIMAR FIOR

Professor da Faculdade de Agronomia da UFRGS

Outro problema é o plantio de espécies exóticas, que não se desenvolvem bem no contexto do Estado e portanto têm mais riscos de cair e causar acidentes. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, por exemplo, espécies nativas não costumam ter um porte muito elevado, por conta de características do solo e clima, explica Fior.

— As prefeituras estão fazendo gradativamente a substituição, mas nós tivemos, ao longo de muitos anos, o plantio de espécies exóticas, por desconhecimento, e que hoje estão aí com uma idade de 30 a 60 anos. E essas normalmente são as mais prejudicadas — diz.

De acordo com o professor, em Porto Alegre, as duas principais espécies nas zonas urbanas são o Jacarandá e a Tipuana, árvores não nativas plantadas em maioria há cerca de 40 anos.

Elas estão muito bonitas, estão grandes, exuberantes, mas são espécies que estão em risco — diz Fior.

O próprio ambiente urbano não é favorável para árvores muito altas, explica o especialista. A impermeabilização do solo com calçamento, o espaço limitado para as raízes e a falta de iluminação por causa da sombra dos prédios tornam as plantas mais vulneráveis. Segundo o especialista, a falta de conhecimento da população pode dificultar esse processo.

— No momento que você faz a derrubada de uma árvore, automaticamente as pessoas que não conhecem estão achando que você está cometendo um crime ambiental. Então, isso tem que ser inserido na consciência das pessoas. Que determinadas plantas, embora aparentemente estejam saudáveis, têm que ser removidas, têm que ser substituídas para não colocar a vida das pessoas e o patrimônio em risco — explica.

O que fazer ao identificar um problema?

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado (SEMA), ao identificar problemas com as árvores, o cidadão deve entrar em contato com a prefeitura do seu município.

Em Porto Alegre, a orientação do secretário de Serviços Urbanos de Porto Alegre (SMSURB), Marcos Felipi Garcia, é de que o cidadão, ao identificar problemas com as árvores, ligue para 156 ou acione a prefeitura por meio do aplicativo 156+POA, opção que o secretário recomenda mais, já que com o app é possível mandar fotos que vão detalhar a ocorrência.

Após a solicitação, um engenheiro agrônomo será enviado até o local para avaliar se há necessidade de poda ou supressão da planta. Porém, Garcia admite que esse processo pode ser demorado, devido ao grande volume de solicitações.

no caso de galhos próximos de postes, atrapalhando o fornecimento de energia elétrica, a responsabilidade é da concessionária de energia. Para notificação, o contato com a CEEE Equatorial pode ser feito por meio do número 0800-7212333.

SMSURB / Divulgação
Ronda é feita todos os dias em Porto Alegre, para detectar problemas como árvores em risco, buracos no asfalto, e necessidade de cortar a grama.

Mapeamento das árvores de risco

De acordo com Garcia, a SMSURB faz um mapeamento das árvores de risco, mas muitas vezes não há previsibilidade da queda, já que vento muito forte pode inclusive derrubar plantas saudáveis.

Há um ano e meio a SMSURB tem equipes de ronda pela cidade que identificam não só árvores com risco de queda, como também buracos, corte da grama e outros problemas urbanos. Segundo o secretário, são três carros que circulam diariamente para identificar problemas.

Além disso, quando cidadãos fazem um protocolo para a retirada de uma árvore, a equipe aproveita para avaliar potenciais situações similares em toda a rua.

— Desde que a ronda foi implementada, a gente tem visto mais velocidade nos atendimentos. Nos temporais ela é muito importante. A ronda mapeia mais rápido e facilmente a cidade —  afirma o secretário.

Segundo ele, a prefeitura passou de um investimento de R$ 5 milhões na poda de árvores em 2021 para R$ 20 milhões atualmente.

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