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Seu Problema é Nosso

Projeto de Canoas fotografa pessoas com Síndrome de Down

Os Especiais do Bem, que existem há nove anos, empoderam as pessoas com deficiência ao registrá-las em atividades do dia a dia 

22/03/2024 - 12h41min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Jonathan Heckler / Agencia RBS
Vontade de fazer algo diferente motivou Mari.

Foi para registrar a beleza onde, geralmente, só se enxerga a deficiência que a fotógrafa Mariléia Schmitt, 41 anos, a Mari, iniciou o projeto Especiais do Bem há nove anos, em Canoas, cidade em que mora. A iniciativa ocorre sempre em março, quando se comemora, no dia 21, o Dia Mundial da Pessoa com Síndrome de Down, e promove uma sessão de fotos de pessoas que têm a condição genética. 

Cada ensaio tem uma temática definida, em que os modelos são fotografados fazendo diferentes atividades da vida cotidiana. O objetivo é mostrar que pessoas atípicas são capazes como quaisquer outras. Neste ano, a sessão foi ontem, na celebração da data. 

O grupo reunido por Mari, composto por oito pessoas, posou em uma academia fazendo exercícios físicos. Entre os temas de anos anteriores, incluem-se esportes, profissões, a beleza da mulher com síndrome de Down, e, na edição Marketing do Bem, eles foram os modelos de pequenas empresas. 

Fazer diferente 

Quando decidiu deixar a carreira de contadora e se dedicar à fotografia, Mari sabia que queria fazer algo diferente. Ela desejava registrar o que ninguém enxergava e, assim, decidiu trabalhar fotografando pessoas com síndrome de Down. Logo no primeiro ano na nova profissão, ela já começou a trabalhar com a fotografia inclusiva e, no segundo, criou o Especiais do Bem. 

O projeto ganha mais voluntários a cada ano. Dessa vez, os parceiros foram o dono da academia onde a sessão foi realizada, um videomaker e houve a doação de camisetas personalizadas. 

– Eu nunca tive contato nem familiares com síndrome de Down. Ao conhecer eles, a minha visão de mundo se expandiu, eu entendi sobre inclusão e empoderamento de pessoas com deficiência. Depois que eu fiz a primeira vez, eu tive um retorno muito positivo, tanto do mercado quanto das famílias, e decidi transformar isso em um projeto social de forma gratuita – relata.

Inclusão por meio de oportunidades

Desde o início do projeto, a única edição em que Leonardo Santos Trindade, 26 anos, não esteve presente foi a que exaltou a beleza da mulher. Ele foi uma das primeiras pessoas fotografadas por Mari, um ano antes da criação do Especiais do Bem. Quando a mãe de Leonardo, a pedagoga Maura Reis dos Santos, 58 anos, recebeu a ligação da fotógrafa sobre a sessão de fotos com o menino, mal pôde acreditar: 

– Eu achei que era pegadinha. Eu pensei: “quem quer ver o diferente?”. E aí eu comecei a apoiar ela. O clique da Mari mostra a beleza onde as pessoas só vêem a deficiência, que na verdade é só uma característica. 

Jonathan Heckler / Agencia RBS
Leonardo (C) recebe todo o apoio da família.

Com a ação, Léo, como a família o chama, tem a oportunidade de mostrar a pessoa alegre e capaz que ele é. Enquanto mãe e educadora de inclusão, Maura lembra que as pessoas atípicas precisam de oportunidades de se desenvolver e, assim, levar uma vida normal. 

Léo tem comorbidades, além da síndrome de Down. Segundo Maura, que é especializada em neuroeducação e educação inclusiva, isso torna as pessoas com síndrome de Down diferentes umas das outras. É devido à epilepsia que Léo tem atraso na fala, por exemplo, mas isso não significa que outros passem pelo mesmo problema. 

– Não é doença, não tem grau. Aí, depende do que vem junto, os problemas de saúde. Se eles nascem só com a síndrome, têm capacidade de fazer faculdade, trabalhar como qualquer outra pessoa.

Produção: Caroline Fraga


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