Piquetchê do DG
Livro conta a história dos Lanceiros Negros para as crianças
Com obra lançada em abril, a escritora e professora Ângela Xavier faz uma homenagem aos heróis nacionais.
Os Lanceiros Negros, homens negros escravizados que lutaram ao lado das tropas gaúchas durante a Revolução Farroupilha e acabaram traídos no Massacre de Porongos, foram incluídos neste ano no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria (Lei nº. 14.795). A importância do papel dos combatentes negros e quem eles foram pode ser apresentada de uma forma lúdica para as crianças, através da história A Lanceirinha.
Com ilustrações detalhadas, originalmente feitas em aquarela pelo artista gráfico Alisson Affonso, o livro infantil é de autoria da escritora e professora Ângela Xavier, que faz uma homenagem aos guerreiros. A obra lançada pela da Libretos Editora, em abril, resgata o orgulho de um povo em uma fábula que destaca a voz de um avô e o brilho nos olhos da netinha Aisha. E comprova, com afetos cotidianos, que é possível acreditar na luta por um futuro mais justo e inclusivo.
Conforme a professora, que atua na rede municipal de ensino de Gravataí, o tema Lanceiros Negros é trabalhado por ela há alguns anos. A iniciativa surgiu após abordagem de uma jovem negra:
– Ela me questionou sobre o assunto, que ouvira de seus avós. O ano era 2004 e pouco se falava sobre o tema. Desde então, comecei a pesquisar a temática, fiz especialização, escrevi um artigo e decidi incluir o assunto em minhas práticas pedagógicas. No ano de 2018 escrevi uma esquete sobre os Lanceiros Negros, que foi contemplada em um Festival de Teatro Estudantil do Rio Grande do Sul. No ano seguinte, nascia minha primeira obra literária: O Lanceirinho Negro, seguida de O Lanceirinho Negro: Herança de Porongos e Jerá Poty.
Ancestralidade
Em suas obras, a escritora tem valorizado bastante a voz dos mais velhos e a ancestralidade. O livro também tem uma missão importante: fazer crianças negras se sentirem representadas por pessoas que marcaram a história do povo gaúcho.
– É um projeto contra o racismo e à favor do protagonismo negro. É importante essa representatividade para que as crianças entendam que o povo negro fez parte da história do Rio Grande do Sul. Eu, como professora, não encontrava materiais que contemplassem de forma lúdica. Embora sejam histórias cruéis, é de suma importância que entendam – diz a autora.
Dentre seus livros já publicados, o Lanceirinho Negro foi contemplado em edital, sendo distribuído em mais de 50 escolas da Região Metropolitana de Porto Alegre. O desejo de Ângela é que A Lanceirinha também seja distribuída em escolas, por meio de edital.