Zona Norte
Prefeitura de Porto Alegre confirma rompimentos em dique do Sarandi
Nível da água na região diminuiu após instalação de bomba de drenagem vinda de São Paulo
Depois de ser apontado um extravasamento na estrutura, a prefeitura confirmou nesta segunda-feira (20) rompimento em dois pontos do dique do Arroio Sarandi, na zona norte de Porto Alegre. Segundo o secretário municipal de Serviços Urbanos (Smsurb), Assis Arrojo, a estrutura rompeu durante a enchente que atingiu o Estado, mas não é possível saber em que momento ocorreu:
— Em uma dessas passagens de água no Sarandi, há um espaço entre quatro e cinco metros. Na outra, entre oito e 10. Agora, esse vão, que não sabemos quando surgiu, está auxiliando no escoamento da água do bairro para o Arroio Sarandi.
Os dois trechos do dique estão situados na Vila Brasília, uma das regiões mais afetadas no bairro da Zona Norte. A ação pode ter contribuído para o aumento do nível da água na região, de acordo com o secretário.
O rompimento não significa um colapso da estrutura, que não entrou em processo de desintegração.
— A vazão é maior, mas ele ainda segura grande parte da água na região — apontou.
Conforme a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, foram criadas duas aberturas para a passagem da água na região. Agora, com a diminuição do nível no bairro Sarandi, as passagens criadas pelo rompimento no dique estão auxiliando no escoamento da água na região para o arroio.
Segundo a pasta, em outro ponto, equipes também trabalham na recomposição do dique da Fiergs para diminuir a entrada de água do Rio de Gravataí para o bairro Sarandi.
Moradores começam limpeza
Entre os motivos para a redução do nível da água no bairro Sarandi está a instalação de uma bomba flutuante emprestada pela pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), acionada ainda no domingo (19). O equipamento foi instalado no bairro Sarandi, ao lado da Estação de Bombeamento de Água Pluvial número 9, que fica às margens da freeway.
Uma segunda bomba está sendo instalada nesta mesma localidade, segundo o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). O equipamento tem capacidade de drenar 2 mil litros por segundo.
Com a redução do volume de água na região, moradores das vilas Asa Branca e Elizabeth, dentro do bairro Sarandi, além de comerciantes nas imediações da Avenida Assis Brasil, começou o processo de limpeza dos pontos atingidos. Apesar da diminuição do nível d'água, ainda há pontos da região em que o nível está acima de 1m70cm.
Morador do bairro Sarandi há 32 anos, o comerciante Júlio César da Silva Machado, 68 anos, diz ter perdido tudo durante a enchente na região. Ele e a família concluíram no último ano um projeto de condomínio para abrigar os parentes na Rua Pandiá Calógeras, mas com a chuva, só deu tempo de retirar os familiares e o cachorro do local.
— Quando cheguei aqui, só chorei. Investimos muito no ano passado e perdemos tudo. Não imaginamos que ia acontecer tudo isso. Agora, a gente tem que limpar, mas quando eu cheguei aqui, não deu vontade de voltar. Perdi tudo, mas ainda tenho a casa. Não perdi familiares, mas a dor é forte. Tenho vizinhos que desistiram — lamentou.
Nas imediações do aeroporto, nível da água começa a baixar
A reportagem de GZH circulou pela Avenida Sertório, ponto em que o nível da água apresentou redução até o trecho que dá acesso pela Rua Dona Sebastiana, ao lado do Portão 8 do aeroporto Salgado Filho. Segundo o Dmae, a redução do nível na região ocorre por conta da instalação da bomba de drenagem na estação de bombeamento às margens da freeway, além da abertura comporta de número 14.
No entanto, ainda há pontos dos bairros São João e Santa Maria Goretti com ruas inacessíveis devido ao nível da água na região.
Dmae prevê religar mais quatro casas de bombas até quinta
O Dmae projeta religar entre esta terça-feira (21) e quinta (23) mais quatro casas de bombas. As estruturas que podem voltar a funcionar neste período estão localizadas nas avenidas São Pedro, Voluntários da Pátria, Edvaldo Pereira Paiva e dos Estados.
Nesta segunda-feira (20), estão operando, segundo o Dmae, nove das 23 casas de bombas. Não há previsão para que todo o sistema de escoamento de água volte a funcionar na cidade.