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Casal doa kits de chimarrão para desabrigados 

Mais de 200 já foram distribuídos para vítimas da enchente no Rio Grande do Sul 

03/06/2024 - 14h47min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
arquivo pessoal / arquivo pessoal
kit montado pelo casal é composto por uma garrafa térmica, uma cuia, uma bomba, filtro para a bomba de chimarrão e erva-mate.

O chimarrão é um bom e velho companheiro dos gaúchos, no frio ou no calor, a qualquer horário. Tomar um mate, seja pela manhã, à noite, ou no finalzinho da tarde, faz parte da rotina. Para muitos, é um hábito que nunca se perde. No entanto, a enchente que que afetou o Rio Grande do Sul deixou milhares de sulistas desabrigados. Muitas destas famílias precisaram sair de casa e deixar tudo para  trás. Lembranças, móveis, roupas e  itens menores,  inclusive aqueles costumeiramente usados para fazer o chimarrão.

Foi circulando pelos abrigos para doar alimentos e outros itens que o casal Luiz Eduardo de Souza, 29 anos, e Jerusa Finatto, 35, perceberam essa dor entre quem precisou deixou o lar. Viram, que mesmo longe de casa e instalados provisoriamente em abrigos, as pessoas sentiam a necessidade de tornar estes espaços mais humanizados. Mas quais as maneiras de fazer isso? Conversando com desabrigados, Luiz e Jeruza entenderam que havia uma doação em específico que pouco estava chegando, mas que quando chegava, sempre alegrava a todos: o chimarrão. Nada como um bom mate para aquecer os corações flagelados e logo formar uma roda de chimarrão. Assim, surgiu no casal a ideia de criar o Cevando Alento. O projeto já doou mais de 200 kits para chimarrão a vítimas da enchente no Rio Grande do Sul, principalmente, na Região Metropolitana. 

Pedidos

O casal iniciou os trabalhos pedindo ajuda para amigos e familiares, além de juntar também algumas cuias que estavam paradas em casa, sem uso. O primeiro abrigo contemplado foi em Canoas, na Região Metropolitana, onde cerca de 15 famílias receberam os itens. Depois, com a ação sendo divulgada nas redes sociais, Luiz e Jeruza receberam ainda mais doações. E estas também foram sendo repassadas aos abrigos. O kit montado pelo casal é composto por uma garrafa térmica, uma cuia, uma bomba, filtro para a bomba de chimarrão e erva-mate. Tudo isso em uma pequena bolsa usada para carregar os característicos apetrechos gaudérios. 

– A gente quer mostrar que esse não é um item de tanta necessidade, mas é  um carinho, um abraço para essas pessoas. O chimarrão aquece o corpo e o coração – comenta o cientista  de dados.

Luiz explica que ele e a esposa costumam visitar os abrigos e elaborar uma lista de pedidos feito por quem está nos locais. O casal sai em busca dos itens requisitados e só retorna quando consegue arrecadar o suficiente para atender aos desejos anotados. 

Financiamento 

Atualmente, o projeto Cevando Alento é mantido por doações, tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas. Conforme explica Luiz, o que costuma chegar com maior frequência são os pacotes de erva-mate e, também, várias unidades de cuias. Por isso, ele pontua que a maior necessidade de doação está no lado menos recebido. Portanto, a carência no momento são as garrafas térmicas e as bombas de chimarrão. O casal reforça que não é necessário os itens serem novos. São aceitas doações de peças usadas, desde que em bom estado de conservação. Depois de higienizados, os itens são todos repassados às famílias nos abrigos visitados.   


Do outro lado, afago é presente 

Moradora do bairro Humaitá, Jessyka Fraga, 23 anos, precisou deixar a casa depois que foi completamente inundada. A balconista buscou abrigo com o filho de um ano e seis meses na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), local em que estão vivendo há um mês. Na hora de sair de casa, foi possível apenas levar a roupa do corpo. Tudo ficou para trás, incluindo, claro, a cuia e a bomba para o chimarrão. Na residência de Jessyka, conforme ela recorda, a bebida gauchesca estava presente como um ritual matinal diário. 

Costume

Todas as manhãs, logo que acordava, ela fervia um punhadao d’água e cevava a erva-mate na cuia. Além disso, nos finais de semana o chimarrão também fazia parte dos momentos de socialização com amigos e familiares, espalhados nas praças do bairro e aproveitando o ar livre. Mas, no abrigo, Jessyka precisou adaptar-se com a ausência do mate. 

– Alguns (abrigados) conseguiram salvar o mate, então a gente tomava junto com eles. Era um passatempo, formar a roda de chimarrão, conversar e matear – conta. 

Apesar de contar com a solidariedade de outros moradores do abrigo que compartilhavam o chimarrão, a balconista esperava que logo pudesse retomar o hábito de fazer o próprio mate. Ter a liberdade de prepará-lo como de costume, no horário que bem entendesse, principalmente, pelas manhãs. Foi quando soube que os organizadores do projeto Cevando Alento estavam fazendo uma lista para doar os itens a desabrigados que estavam na PUCRS. Depois de preenchê-la, recebeu seu kit no dia 23 de maio, quatro dias após seu aniversário: 

– Eu fiquei muito feliz! Ganhei uma térmica rosa linda, eles pensaram em todos os detalhes com muito carinho. Agora, cada um está com seu kit e fica mais fácil, posso tomar o meu mate a hora que eu quiser.

Como ajudar: 

Todos os itens que estão no kit podem ser doados, com preferências para garrafas térmicas e bombas de chimarrão. 

  • Para combinar a entrega, entre em contato pelo WhatsApp (51) 98473-4565. 
  • Contribuições financeiras também podem ser feitas através da seguinte chave Pix: 51984734565 (telefone). 
  • Acompanhe o projeto nas redes sociais @cevando_alento.

Produção: Nikelly de Souza





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