Os últimos meses foram desafiadores para a ONG Aliados do Bem, em São Sebastião do Caí, no Vale do Caí. A instituição que oferece assistência social no município teve sua sede inundada mais uma vez em sua história, durante a enchente de maio. 

— Do dia 1º até o dia 7 de maio tivemos duas enchentes. No período de junho para julho, sofremos outra. Foi bem complicado. Eu até gostaria de sair do lugar onde estamos instalados, pois a cidade toda pega enchente. Porém, os imóveis que inundam, como aqui, perderam valor, então não tenho muitas opções — descreve a presidente e fundadora Francine Venier.  

O que restou para Francine, que criou a instituição no ano de 2019 para ajudar a comunidade, foi erguer todos os móveis e tentar salvar os alimentos utilizados para a preparação das refeições solidárias:

— Eu tirei alguns eletrodomésticos, comidas e móveis. Também retirei os armários da cozinha e dois computadores. Infelizmente, já estamos acostumados, então sempre levantamos. Porém, como a inundação alcançou a parte de cima do prédio e ultrapassou o teto, os andaimes que abrigavam os materiais da enchente acabaram quebrando com a força da água.

Reconstrução

O momento agora é de reconstrução na entidade, que passa por reformas com a ajuda de doações para manter suas atividades. O pátio, que serve para receber as pessoas e servir os almoços comunitários, e os banheiros, que tiveram os canos estourados, estão recebendo reparos. A principal necessidade, porém, é de uma geladeira, uma televisão e materiais didáticos para as crianças atendidas. 

— Os materiais escolares são minha maior dor, porque eu não tenho mesmo como recuperar — lamenta Francine.

Iniciativa surgiu como forma de gratidão

A fundadora da Aliados do Bem encontrou na ONG uma forma de retribuir o auxílio que recebeu durante sua jornada. Nascida em São Sebastião do Caí, Francine passou por muitas dificuldades quando se mudou para o bairro Bom Jesus, na Capital. A fundadora sentia que precisava agradecer aqueles que a ajudaram de alguma forma. Então, ao pedir um conselho para sua amiga, ouviu que “quando você faz o bem, tudo vem em dobro”, e as raízes da Aliados do Bem começaram a brotar.

— Por um tempo, eu fiquei numa resistência, porque eu tinha vergonha de ficar pedindo para as pessoas. E ela (a amiga) me disse que o que era vergonhoso pro ser humano é ter condições de fazer alguma coisa e não fazer. Essa foi a virada de chave na minha vida — relata Francine. 

Primeiramente, a ajuda da instituição se baseava em datas comemorativas como Natal e Páscoa, quando estava num espaço físico emprestado, sem luz e sem água. Porém, esse auxílio não parecia suficiente e Francine queria fazer cada vez mais. Dessa forma, resolveu alugar um novo espaço e organizar as atividades. Nesse local, muitas ações são realizadas, como doações de roupas, preparação de almoços solidários e reforço escolar para crianças da comunidade. 

Para Francine, a Aliados do Bem é a sua missão de vida e a continuidade do projeto também tem relação com a bondade das pessoas que a ajudam nessa trajetória:

— Esse sonho é muito meu. É uma forma de eu agradecer tudo que eu passei e aprendi, então quero demonstrar o lado bom do ser humano. A gente não veio só de passagem, cada um tem a sua missão e essa é a minha. Dentro do meu vocabulário, não existe a palavra “não”. Cada um dá o que pode, e acredito que é por isso que a ONG ainda está de pé.

Como ajudar

/// Para ajudar, contate a Francine pelo WhatsApp: (51) 98911-7382.

/// No momento, a ONG precisa de uma geladeira, uma televisão e materiais didáticos.

/// O sonho da fundadora também é conseguir uma Kombi para transportar as doações.

*Produção: Elisa Heinski