Presos pelos fios
Postes inclinados preocupam moradores de Porto Alegre
Casos em diferentes pontos da cidade se arrastam há anos com perigo de queda, pedidos para substituição e providências temporárias da CEEE Equatorial
Há meses, moradores de duas regiões de Porto Alegre cobram soluções para problemas semelhantes envolvendo postes de luz da CEEE Equatorial. Eles convivem com estruturas inclinadas sobre ruas e casas temendo quedas, choques ou incêndios.
Até agora, registraram protocolos na empresa, mas as respostas foram insuficientes. No bairro Jardim Carvalho, a situação se arrasta desde o temporal que atingiu Porto Alegre na madrugada do dia 17 de janeiro deste ano.
Os ventos de até 100 km/h deixaram o poste de madeira que fica no cruzamento das ruas Thomaz Francisco de Jesus e Juvenal Cruz inclinado e ameaçando cair sobre a casa em que a fisioterapeuta Heloysa Butori, 28 anos, mora com a mãe, Deise Gules, 59.
— São oito meses esperando alguma ação. Toda vez que a gente vê previsão de um vendaval, fica apreensiva. Quando dá vento forte, o poste balança e nesses dias a gente mal consegue dormir — relata Heloysa.
Insistência
O principal receio da família é de que a estrutura caia sobre sua casa, que fica do outro lado da rua:
— Tenho medo de um curto ou alguma coisa que incendeie minha casa e a gente perca tudo.
Desde janeiro, Heloysa e vizinhos cobram a CEEE Equatorial, mas as soluções dadas pela empresa até agora são provisórias.
No primeiro protocolo (01133063996), registrado em 17 de janeiro, o retorno que recebeu era o de que uma equipe iria até o local para vistoriar e substituir o poste. Mas isso não aconteceu. Heloysa insistiu, ligou mais sete vezes e, em todas, ouviu a mesma promessa.
No dia 29 de janeiro, um profissional da empresa esteve no local para avaliar a situação. Na ocasião, ele registrou mais uma ocorrência solicitando a substituição (7533282024) e afirmou que a troca seria com outra equipe.
Nesse mesmo dia, a Equatorial instalou uma estrutura ao lado do poste para tentar segurá-lo. Porém, a arrumação também está inclinada e balança quando venta. Tal condição já provocou transtornos práticos.
Ainda em janeiro, um caminhão arrebentou um fio de internet, deixando a região desconectada por um dia e meio. Sem ver a substituição do poste por um de concreto, Heloysa mantém os números de protocolos dos atendimentos registrados.
História se repete
No bairro IAPI, o problema é semelhante e ainda mais antigo. O aposentado Odone José Funchal, 73 anos, conta que desde 2019 a vizinhança aguarda a troca de um poste da Rua Toroquá. Devido ao desgaste, a estrutura inclinou e chegou a ficar suspensa apenas pelos fios de energia.
Em 2020, após diversos protocolos e um prejuízo ao trânsito na rua, a CEEE teria ajustado parcialmente a inclinação do poste e instalado um reforço. Contudo, dois anos depois, o segundo poste também apodreceu e o problema retornou.
— Já liguei várias vezes para o 0800 da empresa. Eles mandaram duas vezes uma equipe de caminhonete que veio aqui, examinou e disse que o poste seria trocado “amanhã”. Só que esse “amanhã” nunca chega — diz o morador.
O aposentado teme as consequências que uma queda do poste possa causar.
— Eu evito passar na rua, porque a qualquer momento ele pode cair e a fiação toda eletrocutar alguém – conta.
Diante da inação da concessionária, Odone protocolou uma carta na empresa alertando sobre o perigo. O documento foi registrado no dia 22 de julho de 2024, na agência POA Norte da CEEE, que fica na Avenida Assis Brasil, sob o protocolo 011472007300.
No texto, ele reitera as reclamações anteriores e afirma que “qualquer incidente ou acidente que venha a acontecer devido à queda da estrutura (...) é de inteira responsabilidade da empresa”. Além disso, solicita sua substituição. Até o momento desta publicação, porém, segue aguardando.
O que diz a CEEE Equatorial
A reportagem contatou a CEEE Equatorial, por meio da assessoria, mas a empresa afirmou que seus esforços estavam concentrados em atender as demandas do temporal ocorrido na madrugada de segunda-feira e não retornou até o fechamento desta edição.
A concessionária também foi questionada sobre os critérios para trocas de postes e o motivo para esses dois não terem sido substituídos ainda.
* Produção: Guilherme Freling