Papo Reto
Manoel Soares: "Cofre de alegrias"
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados
Entender a beleza das pequenas alegrias pode ser o antídoto para as grandes tristezas. Esse ano foi de altos e baixos para todos nós, e somente por olhar as alegrias com microscópio meu coração se manteve aquecido. Nesse últimos seis meses, por exemplo, meus filhos autistas começaram a falar. Sei que pode parecer bobagem, mas olhar nos olhos de um filho e ver que ele não sofre mais quando quer água ou ir ao banheiro gera uma alegria que não cabe no peito.
Esse ano voltei também a cozinhar, uma paixão que sempre tive, mas que acabei abandonando com o tempo. Esses dias, cozinhei para amigos, e o sorriso deles ao colocar a comida na boca também me fez sentir o coração aquecer.
A conta não fecha
A questão é que, às vezes, tentamos sanar dores grandes com alegrias grandes, mas essa conta não fecha, pois as grandes alegrias não chegam com tanta frequência. Eu criei um pequeno cofrinho de alegrias, entendo que, ao somarmos elas, as dores ficam pequenas. Para isso acontecer, temos que abrir nossa mente e coração, pois as dores tendem a ganhar um espaço precioso.
Um cuidado a ser tomado é não confundir as pequenas alegrias com futilidades bobas. Pequenas alegrias, na maioria das vezes, são aqueles momentos que só têm significado para nós, que nem sempre servem para posts no Instagram, mas ficaram para sempre impressos na memória.
Outra coisa que aprendi esse ano é que em nossa imaginação tudo é maior, tanto as dores quanto as alegrias. Sendo assim, aprender a dar às situações o verdadeiro tamanho é um desafio. Minha dica é: abra no WhatsApp um grupo com você mesmo e anote ali sempre que viver uma alegria. Se, em uma semana, não tiver ao menos sete, é porque talvez esteja olhando a vida pela janela errada.