Eu Sou do Samba
Pagode do Dorinho celebra 40 anos com projeto audiovisual e sucessos marcantes
Colunista Alexandre Rodrigues escreve sobre Carnaval e samba todas as quintas-feiras
O ano foi especial para um dos grupos mais queridos do Rio Grande do Sul: o Pagode do Dorinho, que completou 40 anos de histórias e conquistas.
Pioneiros no Estado numa época em que o pagode começava a brilhar no Brasil, os Dorinhos começaram sua trajetória animando quadras de escolas de samba e bares em Porto Alegre. Com o tempo, o grupo conquistou uma legião de fãs e virou referência no gênero, inspirado por gigantes como Fundo de Quintal e Pau Brasil. Sucessos como Linda Cinderela, Musa, Mulher Maravilha e Os Dorinhos Também Amam marcaram época e até hoje estão na ponta da língua de quem curte um bom pagode.
Na última sexta-feira (13), Kleber Dorneles (vocal), Andershow (teclados) e Gustavo (cavaco) — parte do grupo que ainda conta com Charuto (surdo), André (violão) e Keller (pandeiro) — bateram um papo com a coluna. Eles relembraram momentos marcantes da carreira e revelaram o que vem por aí em 2025.
Fato: o próximo ano promete. Os Dorinhos estão trabalhando na digitalização de toda a obra do grupo. A largada já foi dada no último dia 6, no Partenon Tênis Clube, onde filmaram os audiovisuais de Linda Cinderela e Lembranças de Você — que devem ser liberados na primeira quinzena de janeiro. Outras gravações estão programadas para os próximos meses.
Vocês imaginavam chegar aos 40 anos de grupo?
Kleber: Nem de longe! A gente tocava porque gostava mesmo. Começamos nas escolas de samba e fomos nos aventurando. Na época, estavam estourando Só Pra Contrariar e Raça Negra. Para acompanhar eles e inovar, botamos sax e teclado na banda – antes era só cavaco, violão e percussão. Aí, começaram a chamar a gente pra tocar nos clubes. Em 1993, veio o convite da gravadora Acit para gravar nosso primeiro CD, LP e fita cassete.
Como vocês definem o estilo do Pagode do Dorinho?
Andershow: Pagode misturado com swing. Aquela levada gostosa que a gente mantém até hoje.
Kleber: Apesar do nome, a gente não faz só pagode. Tem axé, samba-reggae, sertanejo... A gente toca o que o público gosta de ouvir.
Qual o segredo pra manter o carinho do público por tanto tempo?
Andershow: Autenticidade! Tem gente que chega nos shows e diz: “Pedi minha mulher em casamento com uma música de vocês”. Ou até: “Me separei ouvindo tal música” (risos). Isso passa de geração para geração. Os filhos e netos dos nossos primeiros fãs estão aí nos escutando também. Outro ponto é que 98% do nosso repertório é autoral.
Percebem que os novos grupos enxergam vocês como referência?
Gustavo: Sim! Antes de entrar no grupo, eu já era fã. Quando consegui compor pra eles, foi um marco na minha carreira. Hoje, é um privilégio fazer parte disso e carregar o nome do Pagode do Dorinho, que sempre foi muito superior a todos nós.
Que conselho vocês dão para a galera que está começando?
Andershow: Humildade, trabalho e acreditar no sonho. Quando Pagode do Dorinho começou, não tinha internet nem as facilidades de hoje. Era tudo na base do esforço e da vontade de vencer. Isso foi o que abriu espaço pra gente e continua sendo o segredo.
O que vem de novidade em 2025?
Gustavo: Temos um projeto de músicas autorais novas. Queremos levar tudo o que já construímos para as novas gerações, sem deixar de aproveitar as novidades que a música nos proporciona hoje. Acredito que a galera vai curtir bastante. Estamos buscando mesclar o estilo da banda com a modernidade que temos atualmente.
Como vocês enxergam o futuro da banda?
Andershow: Costumo comparar a música com o futebol. O jogador, quando chega em certa idade, precisa parar. Na música não existe isso. Olha o Fundo de Quintal, o Jorge Aragão... A Beth Carvalho (1946-2019) fazia show deitada e lotava! Ou seja, a gente ainda tem muita lenha pra queimar.