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HISTÓRIAS DGENTE

"Se o atendimento é bom, o cliente sempre volta", diz comerciante que já dedicou mais de três décadas à profissão

Danilo trabalha desde a década de 1990 no Mercado Público da Capital

30/01/2025 - 05h00min

Atualizada em: 30/01/2025 - 13h40min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho

Apesar da importância de seus serviços, os comerciários têm suas atuações frequentemente invisibilizadas. No Mercado Público de Porto Alegre, um dos pontos históricos no centro da capital do Estado, mais de 100 lojas e espaços funcionam a partir do trabalho desses profissionais. São pessoas que dedicam seus dias à venda de produtos artesanais e locais, roupas, acessórios, alimentos frescos e naturais, entre outras variedades. 

Na Banca 48, conhecida como Banca do Holandês, Danilo Schaeffer dos Santos, 55 anos, limpa o balcão e prepara o ambiente para receber os clientes na manhã nublada de uma quarta-feira. O Mercado Público faz parte da sua história de vida há mais de 30 anos.  

A relação de Danilo com o comércio, porém, é mais antiga. Antes mesmo de conhecer as lojas do mercado histórico, seu primeiro emprego foi em uma filial de supermercados também localizada em Porto Alegre. Natural de Passo Fundo, no Norte, Schaeffer migrou ainda adolescente com sua mãe em direção à Região Metropolitana. Na cidade de Canoas, começou a pensar em como seria a construção de sua vida e carreira. 

Com foco em auxiliar a mãe nas despesas da casa, o jovem conseguiu seu primeiro emprego no supermercado. A oportunidade lhe rendeu cursos, experiências de trabalho e viagens de negócios para conhecer um pouco mais do processo. Porém, para além do preenchimento de seu currículo, outra experiência significativa marcou Danilo: a convivência com o público.  

Mercado

Os anos passaram, e as mudanças de ambiente também ocorreram. O comerciário conseguiu um emprego dentro do Mercado Público e, desde 1992, ocupa uma vaga como vendedor. Ao longo do período, Danilo já trabalhou em diversas lojas, até chegar na Banca do Holandês, onde integra o quadro de funcionários há 20 anos. Quando questionado sobre qual seria a motivação que o manteve durante todo este tempo no comércio, Schaffer destaca as amizades feitas e o prazer de atender com carinho seus clientes. 

– Tem que gostar do que faz. Cada nova pessoa que tu atende, pode acabar criando uma amizade e fazendo a diferença no dia dela. Se o atendimento é bom, ele (cliente) sempre volta – destaca. 

O comerciante vivenciou momentos difíceis junto ao patrimônio histórico. Em julho de 2013, passou pelo incêndio que atingiu o segundo andar do centro comercial e que interrompeu as atividades do local. Em 2020, a pandemia de covid-19 causou o fechamento temporário das bancas. Já em 2024, a enchente de maio fechou novamente as portas do seu espaço de trabalho. 

Schaeffer destaca que todos esses cenários causaram certa ansiedade e aflição sobre quais seriam os rumos que seu local de atuação tomaria. Agora, após o Mercado se reerguer diversas vezes, o vendedor ressalta que tanto seus colegas quanto os clientes sabem da importância do espaço e de como ele sobreviveu e resistiu ao longo dos anos.   

Investindo em novos caminhos

Em 2024, um novo desafio adentrou a vida de Schaeffer: decidiu iniciar a graduação de Psicologia. O comerciário relata que um de seus sonhos sempre foi continuar os estudos. Esse objetivo, junto ao trabalho como vendedor, despertou a vontade de seguir algo que, de alguma forma, fizesse a diferença na vida das pessoas. Foram as conversas e trocas de experiências com os clientes que influenciaram sua escolha de curso: 

– Eu escolhi a psicologia para ajudar as pessoas a se entenderem e, principalmente, a terem um norte em suas vidas. 

Ele também destaca que a educação é “uma luz no fim do túnel” para o seu crescimento pessoal. Danilo já concluiu o primeiro semestre na universidade e, também em 2024, realizou o Enem em busca de uma bolsa de estudos que financie a graduação.  

Para além da formação, Schaeffer fala sobre um hobby que pratica no tempo livre: a poesia. Destacando suas vivências, o vendedor conta que essas experiências impulsionam sua criatividade e que seus acontecimentos diários viram poemas.  

Os textos são, principalmente, compartilhados com amigos e familiares, porém ele almeja lançar um livro com seus principais poemas e declamar seus escritos em uma rádio local.

Produção: Josyane Cardozo


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