Coluna da Maga
Magali Moraes: novo jeito de conversar
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho


Não é tão novo assim, só que agora parece ser um caminho sem volta. As conversas estão diferentes: na base do emoji, do meme, do visualizei e depois respondo (se lembrar de responder). Observando a dinâmica do WhatsApp, tenho reparado que as pessoas consideram estar conversando entre si apenas com o envio de vídeos que serão abertos sabe-se lá quando. E criam a expectativa de comentários que até podem vir, mas não no momento desejado. A conversa não vinga.
Tá mais pra monólogo isso daí. Um dos lados manda um link que não engaja. E manda o próximo. Em outro grupo é textão, corrente, análise política com segunda intenções, fake news e o escambau. A isca dos links não funciona e cansa. Os cards de bom dia são um “Lembrei de você”. Nada contra, mas sozinhos não garantem o diálogo. Bora mandar um áudio perguntando como a pessoa vai. Aproveita pra contar suas novidades. Só não exagera nos minutos, senão pode ficar sem resposta.
Funciona
Engraçado é que tenho amigos em que a nossa conversa funciona na base de figurinhas, memes e vídeos com total engajamento. O que muda é a curadoria, os nossos humores combinam. Mas isso é no mundo online. Melhor mesmo é fortalecer as amizades pessoalmente, sempre que possível. Conciliar as agendas às vezes é um problema, insista e não desista das conversas olho no olho. Como se fazia lá nos antigamentes: falar, ouvir, prestar atenção nas expressões faciais um do outro.
Conversar através de áudios é uma saída pra humanizar a relação: a gente escuta aquela voz querida e já fica feliz, consegue perceber a entonação, até respiros e silêncios transmitem algo. Sabe o que funciona mais ainda? Telefonar. O verbo é retrô, mas a intenção é super atual. Se o novo jeito de conversar é através de links e memes, talvez o novo jeito de visitar seja por ligação de vídeo. A conversa também flui, ganha cores, ambientes, barulhos ao redor. É a proximidade digital.