Outubro Rosa
Projeto preserva as raízes da capoeira
Criada por Leandro Miranda, iniciativa realizada em Canoas busca difundir a história da prática na cidade

Começou na semana passada a quarta edição do projeto Capoeira Canoas, iniciativa que promove oficinas, bate-papos e exibições de entrevistas com nomes importantes do ofício no município. As atividades ocorrem no Ponto de Cultura Angola Brasil (Rua Boa Vista, 205), no bairro Rio Branco.
Em cada uma das cinco sessões, abertas ao público e gratuitas, os participantes são convidados a assistir à projeção de uma entrevista com um mestre, apresentada em forma de documentário. Depois, os entrevistados conversam com o público e ministram uma atividade prática de capoeira.
O projeto é idealizado pelo mestre Leandro Miranda, 44 anos, que se dedica ao ensino do esporte desde o final dos anos 1990. A necessidade de contar a história da prática em Canoas, porém, surgiu antes disso, quando, ainda aluno no bairro Mato Grande, questionava seus mestres na tentativa de entender “onde tudo começou”.
Seguindo o conselho de um deles, em 2009 Leandro passou a entrevistar mestres importantes para a difusão da prática e até elaborou um roteiro para um documentário – que acabou perdendo na enchente. Em 2018, ele deu início ao Capoeira Canoas, que, na primeira temporada, consistia na exibição de algumas das vídeo-entrevistas que gravou em escolas de capoeira. Foi a partir da terceira temporada que o projeto passou a contar com oficinas integradas ao lançamento dos vídeos, mas sem nunca perder de vista sua principal intenção: exaltar aqueles que vieram antes.
– O objetivo maior, utilizando uma metáfora, é compartilhar as melhores sementes com a minha comunidade. Porque, compartilhando essas sementes, a capoeira da cidade cresce. Automaticamente, a minha escola também se beneficia, potencializando esses convidados que são de grande relevância para a cultura de Canoas e para a capoeira – diz.
Recuperação
Outro objetivo do projeto é reavivar a cultura da capoeira, que sofreu um forte abalo durante a enchente no ano passado. A escola do mestre Leandro, por exemplo, ficou debaixo d’água, o que deixou marcas nas paredes.
– A gente estava se recuperando ainda da pandemia, em que atividades culturais de uma maneira geral foram muito impactadas. Várias escolas fecharam durante esse período, por não conseguirem se manter, e o número de alunos reduziu. E aí, no processo de recuperação, veio uma enchente, e tudo isso se repetiu – reflete.
Ele diz que o Capoeira Canoas também tem a característica de não ser uma cobrança a mais na rotina dos participantes. Talvez por isso, a programação tem atraído crianças e reunido capoeiristas de escolas de toda a cidade. Independente da motivação inicial que leva o aluno à prática, Leandro aponta o esforço dos mestres de transformá-la em “um processo de coletividade”, elemento-chave para garantir a continuidade da Capoeira.
A resiliência do setor e a efervescência do projeto, para o mestre, também se devem ao fomento que iniciativas têm recebido através de leis de incentivo à cultura. A quarta edição do Capoeira Canoas, por exemplo, foi viabilizada por um programa de incentivo da cidade, o PIC Canoas. Já a Política Nacional Aldir Blanc (Pnab) financia a quinta edição do Capoeira Canoas, que não vai demorar para acontecer. Ela será lançada no encerramento da atual edição e começa uma semana depois, para tirar o atraso deixado pela enchente.
Próximos mestres que participam da ação
Amanhã, o Ponto de Cultura Brasil Angola recebe mestre Chuca, às 19h30min, para projeção de seu vídeo. Depois, ele ministra a oficina. O vídeo da entrevista estará disponível logo depois, às 21h30min, em youtube.com/@capoeiracanoas. Já no sábado, a entrevista com mestre Karkará ficará disponível pelo mesmo link.
Até agora, esta edição do projeto já recebeu e publicou o vídeo dos mestres Manxa, Pitoco, Buiu e Vermelho.
Todas as atividades e acessos são gratuitos.
*Produção: Breno Bauer