Luan Fagundes, 25 anos, é DJ, produtor, cantor e compositor. Ele nasceu e cresceu no bairro Sans Souci, em Eldorado do Sul. Já tocou em diversas casas de show de Porto Alegre, além de atuar como DJ de outros artistas de rap, trap e funk. 

DJ Mod, como é conhecido, estava trabalhando na área de produção musical, mas, em maio, passou a se dedicar totalmente ao trabalho social. Ele mora em um prédio e, por isso, não teve o apartamento inundado. Infelizmente, muitos de seus familiares tiveram que sair de suas residências. Para acolher os parentes, a casa dele foi temporariamente ocupada por 17 pessoas e oito animais de estimação.  

No período ápice da catástrofe, Luan teve que ir para o Litoral por alguns dias. Entre cuidar dos seus e tentar se restabelecer, Luan continuou pensando no coletivo. Assim que a água baixou, ele voltou para Eldorado e logo começou com o trabalho voluntário com o projeto SOS Sans Souci. Uma organização feita por moradores e voluntários, para arrecadar e distribuir doações para a população afetada de Eldorado do Sul. 

 Linha de frente

No início, a ajuda foi destinada às pessoas que já tinham voltado para o bairro, onde a água havia baixado. Todos os tipos de doações foram chegando: comida, água, colchões, produtos de limpeza e higiene. O artista conta que a organização foi evoluindo com o passar dos dias. O projeto chegou a um nível que os idealizadores não imaginavam. Nomes do esporte, como os jogadores Keiller, Marcelo Moreno e Lucas Leiva, ajudaram o projeto, indo também para a linha de frente.  

— Esse momento da enchente foi de trazer a mudança e ver que ainda existem pessoas boas que querem fazer o bem sem ver a quem — diz o artista.  

Com a ajuda de uma loja de eletrodomésticos, doaram fogões, camas e armários de cozinha. E, em uma parceria com uma loja de vestuário esportivo, 300 camisas térmicas foram entregues para trabalhares nas paradas de ônibus. Além disso, camas de papelão foram destinadas para tirar pessoas que estavam dormindo no chão e não poderiam, como acamados, deficientes e idosos. 

— As doações eram uma benção, não paravam de chegar — conta o artista. 

Com a proporção que tomou, a iniciativa conseguiu ajudar outros locais além de Sans Souci, como os bairros Progresso, Costaneira, Itaí, Centro, além das Ilhas e Canoas. Devido ao número de mantimentos, foi preciso mudar para um depósito maior — emprestado por empresários e que já foi devolvido. Assim, as atividades do SOS foram pausadas. 

A intenção é seguir como ONG, ajudando a longo prazo as pessoas mais afetadas do bairro. Para isso, será preciso alugar um novo espaço como centro de operações do grupo. Os voluntários abriram uma campanha de arrecadação de fundos, onde pedem ajuda para poder continuar ajudando os outros. 

 Importância

 Hoje, Luan ainda não vive só da música. Esse é um dos próximos passos, além de dar continuidade nos projetos sociais na cidade:

— Num momento difícil desse, eu, no meu papel de artista, me sinto na obrigação de ajudar a minha comunidade. 

A experiência fez o artista renovar o amor pela comunidade e pela arte. 

— Agora, com tudo isso que aconteceu, volto mais renovado e com mais apreço pelas pessoas do meu bairro — conta Luan. 

Durante este período, o DJ percebeu a importância do artista estar presente na comunidade em que vive:

— Vejo que esse é o verdadeiro hip hop, e vejo também como os projetos sociais nos fazem estar mais perto e influentes com o nosso povo.  

O projeto SOS Sans Souci fez a diferença num dos momentos mais tristes da história do município. Tudo com a força da própria comunidade. Como artista, Luan vê mais uma oportunidade de ser um agente transformador. 

— A música além de entretenimento é ferramenta de mudança, é esperança — conta, orgulhoso. 

Como ajudar 

/// Doações para o projeto podem ser feitas pela chave Pix: sossanssouci@gmail.com (e-mail)
/// Para entrar em contato com o artista: (51) 99925-4831
/// Siga nas redes sociais: @sos.sanssouci, @eudomluan 

* Produção: Camila Mendes