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Estrelas da Periferia

“O hip hop me acolheu”, conta Nathy Mc Poeta Desperta

Rapper da Restinga e vice-campeã estadual de slam, artista encontrou na arte a força para superar depressão

10/09/2024 - 16h17min


diario gaucho
Arquivo Pessoal / Reprodução
Artista conta em livro como a arte a ajudou a recomeçar

Poeta, MC, escritora e arte educadora. A menina Nathiely Silveira Calisto de Souza percorreu um longo caminho para, hoje, ser reconhecida como Nathy Mc Poeta Desperta, vice-campeã estadual de slam e autora de dois livros.

Ela cresceu na Restinga, em uma família que sempre gostou muito de música. Quando se reuniam nos domingos, samba e rap estavam presentes. Mas, mesmo com o apreço pela música, Nathy foi a primeira da família a seguir carreira artística.  

Já na adolescência, fazia poesia. Mas, devido às necessidades da vida, teve de deixar a arte de lado para focar em outro trabalho. Tudo mudou em 2014, em um seminário feminino de hip hop que ocorreu na Restinga. Nathy havia passado por um episódio delicado e recebeu no evento o acolhimento que precisava.  

— Nesse momento, o hip hop me acolheu. Assim, eu comecei a me interessar mais ainda por essa cultura, que antes eu assistia de longe. Decidi começar a promover aquilo que me acolheu — conta Nathy.  

A partir daí, iniciou seu trabalhou como promotora cultural, na área do grafite.  

Alguns de seus amigos, que viram seu talento na escrita, começaram a incentivá-la a adicionar ritmo nas palavras, colocar uma batida nas suas linhas.  

União de furacões

Em 2016, Nathy encontrou a artista Emily Karoline, de Novo Hamburgo, e juntas formaram grupo feminino de rap, o Conexão Katrina. Realizaram diversos shows na Região Metropolitana. Em 2017, Tia Crazy entrou para formação e Carol, que se mudou para Florianópolis, saiu.  

Lucxs Santos / Reprodução
Tia Crazy e Nathy dividem os palcos.

— Conexão Katrina a gente chegou para dominar. Chegou com o pé na porta mesmo, que é inclusive é uma das nossas primeiras músicas — diz a artista, concluindo: 

— O objetivo é trazer mesmo esse empoderamento para as outras minas, conectar as outras meninas que são furacões. 

Nathy explica que a conexão serve também para incentivar e dar exemplo a outras artistas que tentam iniciar no hip hop: 

— Às vezes as meninas tinham receio de se introjetar na cena, já que os eventos são majoritariamente masculinos. Então, a gente também serviu para que essas minas pudessem colar com a gente e depois seguir suas carreiras solos. 

Em suas letras, o grupo fala sobre temas como feminicídio, discriminação racial e diversas formas de preconceito. Retratam suas vivências e lutas.  

— O rap é um ato de coragem que dá voz e potencializa a força da mulher preta, que se recusa a ser silenciada — diz.  

Poesia na escola

Em 2022, a artista começou a participar de competições de slams, campeonatos de poesia falada. Na primeira participação, ficou em segundo lugar. No topo do pódio ficou a colega Tia Crazy. Já foi competir fora do Estado e, atualmente, continua no circuito, buscando o título estadual e nacional. No momento, é finalista do Slam Conexões 2024, que selecionará um poeta para a competição nacional.  

Desde que começou, promove oficinas em escolas, levando o hip hop para as salas de aula. Atualmente, tem um projeto interescolar, um circuito de poesia falada. Após atividades interativas de slam, realizadas em 10 instituições de ensino, é feito uma pré-seletiva, onde é escolhido um representando de cada escola para participar de um campeonato final, que ocorrerá em outubro. Todos eles terão uma poesia publicada em um livro que será lançado.  

Livros  

A partir de um trabalho como embaixadora de um curso, em 2023 a editora Livretos convidou Nathy para lançar um livro de prosa e poesia. Em Recomece, a artista conta como o slam e o hip hop a ajudaram no recomeço após uma fase de depressão. 

Em abril deste ano, Nathy lançou seu segundo livro, o Poesia Descoloniza, que foi lançado de maneira independente. Nessa publicação, a artista fala sobre o afrofuturismo — movimento cultural e político que, a partir de elementos da ficção científica e da fantasia, cria narrativas de protagonismo negro. Uma das possibilidades do gênero é imaginar realidades e futuros diferentes para a comunidade negra. 

Para adquirir o livro, basta mandar uma mensagem no Instagram da artista: @poetadesperta

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Para falar com o artista, entre em contato pelo Instagram: @poetadesperta 

*Produção: Camila Mendes


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