Saúde
Dois casos sugerem possível transmissão sexual do zika
Segundo a OMS, a epidemia "se propaga de maneira explosiva" no continente americano
Enquanto especialistas em saúde global se esforçam para entender como o zika vírus se espalha e pode levar a problemas congênitos, dois casos sugerem que o vírus pode ser transmitido através de relações sexuais, e não apenas pelo mosquito.
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Em uma teleconferência com repórteres nesta quinta-feira, a vice-diretora dos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Anne Schuchat, foi questionada sobre uma recente reportagem do New York Times sobre o assunto.
– Há um caso relatado de zika vírus através de possível transmissão sexual. Em outro caso, o zika vírus foi encontrado no sêmen cerca de duas semanas depois que um homem teve sintomas de zika, então esses casos dão indícios biológicos plausíveis para essa possibilidade – disse.
No entanto, Schuchat acrescentou:
– A ciência é muito clara, até agora, de que zika é principalmente transmitido às pessoas através da picada de um mosquito infectado. Então isso é onde estamos colocando a ênfase agora.
A epidemia de zika "se propaga de maneira explosiva" no continente americano, alertou nesta quinta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS), e pode levar a mais de quatro milhões de casos na região. O Brasil experimentou seu primeiro foco de zika no ano passado e tem visto o número de casos de microcefalia subir, de 163 por ano, em média, a mais de 3.718 casos suspeitos, de acordo com o ministério da Saúde.
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Em vários casos o zika vírus foi identificado em fetos e bebês com malformações de nascença, mas as autoridades de saúde dizem que mais trabalho é necessário para confirmar relação de causa e efeito.
Os pesquisadores acreditam que se uma mulher grávida é mordida por um mosquito infectado, principalmente no primeiro trimestre, ela enfrenta um risco maior de ter uma criança com defeitos de nascimento.
Na segunda-feira, o Times informou que o único caso conhecido do zika vírus no sêmen envolveu um homem do Tahiti, 44 anos, que foi exposto durante um surto de zika na Polinésia Francesa, em 2013.
O vírus foi detectado em seu sêmen depois que já não era mais encontrado em seu sangue. Ainda assim, não se sabe quanto tempo o vírus pode ter persistido após a sua infecção inicial. O jornal também mencionou um segundo caso de 2008, em que um biólogo americano foi infectado com zika enquanto estava no Senegal coletando mosquitos para um estudo da malária.
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O homem desenvolveu erupções cutâneas, fadiga e dor de cabeça uma semana após seu retorno para os Estados Unidos. Sua esposa também desenvolveu sintomas semelhantes poucos dias após seu retorno, depois que os dois tiveram relações sexuais.
O sangue do casal foi coletado e testado negativo para malária, dengue e febre amarela. Passado algum tempo, um colega sugeriu a doença poderia ter sido zika.
As amostras de sangue, que tinham sido congeladas, foram re-testadas e deram positivo para o zika, sugerindo que a esposa foi infectada pelo marido, uma vez que nenhum dos mosquitos vetores do zika podiam ser encontrados no estado do Colorado.