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Prevenção a atentados

Facção ordena mortes pelo tráfico de drogas em Florianópolis

PGC busca controle dos pontos de vendas para se manter.

11/10/2014 - 10h42min

Atualizada em: 11/10/2014 - 10h42min


Enviado ao juiz da Vara do Tribunal do Júri de Florianópolis 20 dias antes do começo da onda de atentados, em setembro, o ofício da Delegacia de Homicídios confirma a plena operância do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) em crimes vindos de dentro da prisão: há uma ordem do 2º ministério da facção (Chamado de Conselho, é formado por presos de São Pedro de Alcântara que auxiliam nas decisões do 1º Ministério) para recrutar criminosos, eliminar traficantes e tomar um ponto de drogas em Florianópolis.

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O alvo do bando foi Thiago Polucena de Oliveira, 24 anos, morto a tiros em casa, no Morro do 25, região do bairro Agronômica. O crime ocorreu às 6h30min do dia 26 de março deste ano. Vestidos com roupas pretas e se dizendo policiais civis, dois homens armados dispararam contra a residência e mataram também um cão pitbull.

Thiago e o irmão perceberam que eram alvos de uma execução e pularam a janela dos fundos na tentativa de escapar. O primeiro acabou morrendo no local. O outro sobreviveu. O Ministério Público denunciou como autores da morte André Vargas Pinto e David Beckhauser Santos Herold, o Americano (agiram na rua a mando dos líderes nas cadeias).

Na denúncia, a que o DC também teve acesso, consta que os matadores integram o PGC, que busca implantar o caos social mediante a execução de atos criminosos atentatórios à ordem pública e à segurança de modo a enfraquecer o Estado.

No dia 25 de setembro, a Delegacia de Homicídios comunicou ao juiz a existência de um áudio da facção repassado pela Delegacia de Combate às Drogas. A gravação, conforme a polícia, partiu do 2º ministério do PGC e foi gravada na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, a "sede" da quadrilha, na torre identificada como Afeganistão. Pelo menos 12 pessoas são listadas no caso, entre os que receberam a missão e os que a determinaram.

- Há um verdadeiro tribunal do tráfico em atuação nos morros da Capital, que determina a avaliza assassinatos - disse um policial civil à reportagem.


Ações pontuais que poderiam ser revistas

Vista como de grande efeito psicológico contra o crime organizado, a chegada da Força Nacional de Segurança representa um marco temporário de ação. A própria finalidade com a qual age pela segunda vez no Estado é questionada no meio policial. Ao invés de barreiras nas rodovias, há policiais de ponta na investigação que acreditam ser o plano pouco eficiente no ataque ao PGC.

Defendem, por exemplo, o emprego das tropas em ocupações a históricos pontos de tráfico de drogas da Capital como os do Maciço do Morro da Cruz, espantando o grande movimento de usuários e com isso enfraquecendo o poder econômico dos traficantes. Além disso, a Força ajudaria a própria PM no policiamento ostensivo das áreas críticas, podendo evitar ataques e até agindo com mais força contra assaltos e outros crimes.

A Força atua em 10 barreiras montadas em rodovias federais pelo Estado, em Joinville, Mafra, Canoinhas, Água Doce, Guaraciaba, Maravilha, Concórdia, Capão Alto, Campos Novos e Araranguá. Na região da Grande Florianópolis, Criciúma, Chapecó e Joinville haverá blitze móveis.

O que disseram as autoridades:

Aldo Pinheiro D'Ávila, delegado-geral da Polícia Civil:

"Temos um facção criminosa que se articulou dentro e fora do sistema prisional e que é capitalizada pelo tráfico de entorpecentes, o qual é sustentado por parcela da nossa sociedade que mantém este comércio ilícito catalisador de criminalidade. Na medida em que a Policia Civil e todas as demais Instituições de segurança acompanham o foco criminal ocorre uma insatisfação dentro das facções e iniciam-se os atentados. Muitas outras prisões ocorrerão das investigações em curso. A ordem é manter o foco firme no tráfico e nas quadrilhas que praticam roubos".

Valdemir Cabral, comandante-geral da Polícia Militar:

"Há um grande problema no sistema prisional em que os presos conseguem se comunicar com o mundo exterior e ordenar o terror. É preciso investimento grande e construir o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) em SC. Também leis mais pesadas para quem pratica esses atos deixe de fazer. Um dos autores que identificamos havia sido condenado a 16 anos de prisão por homicídio em 2008, mas já estava nas ruas. Vários menores também haviam recebido o direito da saída temporária".

Sady Beck Júnior, secretário da Justiça e Cidadania:

"O crime ataca pelas baixas que teve, o asfixiamento financeiro que o Estado vem causando. No sistema prisional vamos continuar investindo na ressocialização, ampliar o número de agentes. No dia 16 serão incorporados 243 novos agentes. Também vamos capacitá-los, aumentar as vagas a presos e as políticas de educação e trabalho. Em todas as unidades prisionais há núcleos de inteligência que vão continuar atuando".

Ildo Rosa, delegado da Polícia Federal e presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes:

"O PGC ataca porquê há espaço e se há espaço vai continuar a atacar. Precisa reduzir o espaço de comando dessa rede que existe, mas também de medidas socioeducativas, políticas públicas em áreas mais conflagradas onde há jovens vulneráveis e facilmente manipulados. Tudo está ligado à economia da droga, a lei da oferta e procura. Agir apenas na segurança pública é a forma simplória".


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