Reviravolta
Polícia conclui que não houve "estupro do T1" e indicia suposta vítima
Jovem admitiu que agressões sexuais não aconteceram depois de a investigação apontar uma série de contradições no seu relato
O suposto caso de abuso sexual que ficou conhecido como "estupro do T1" não aconteceu, e a Polícia Civil indiciou a presumida vítima por falsa comunicação de crime. A 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher concluiu na manhã desta quinta-feira o inquérito sobre o caso que repercutiu em Porto Alegre e o remeteu à Justiça.
A universitária de 19 anos que se havia dito vítima de violência sexual admitiu que o fato não era verdadeiro em depoimento na tarde de quarta-feira. A investigação havia apontado uma série de contradições no relato da jovem.
Ela disse que, no dia 9 de maio, estava em um ônibus da linha T1 retornando do trabalho para casa quando, nas proximidades da Rua Cristiano Fischer, um homem a abordou com uma faca. A mulher contou à polícia que o suposto agressor fez com que ela descesse do coletivo e a levou até uma praça, onde cometeu o estupro. A jovem relatou que teria conseguido fugir em um momento de distração do homem.
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Investigadores tiveram acesso às imagens gravadas pelas câmeras de segurança do ônibus em que a suposta vítima estava no dia em que relatou ter sido abusada. O vídeo a mostra entrando e saindo sozinha do coletivo. A polícia também descobriu que o retrato falado do "estuprador" que a jovem divulgou no Facebook e que teve mais de 20 mil compartilhamentos se tratava, na verdade, de um autorretrato de um artista visual italiano disponível na internet.
Zero Hora tentou contato com a jovem, mas não teve sucesso. À polícia, ela não justificou o que a motivou a comunicar o falso crime, mas relatou que estava sob forte abalo psicológico. Uma psicóloga que já a atendeu disse, em depoimento, que a jovem já faltou com a verdade em outras ocasiões. A suposta vítima foi encaminhada para acompanhamento psiquiátrico.
– Temos uma porcentagem de mulheres que inventam uma situação de abuso por terem algum transtorno de ordem psíquica ou porque algum relacionamento terminou mal. Por isso, além de encaminhar a vítima para exame de corpo de delito, pedimos a perícia psíquica quando o abuso não deixa vestígios. Sempre partimos da premissa de que o fato é real e investigamos com cautela, mas, às vezes, chegamos à conclusão de que o fato não ocorreu – pontua Tatiana Barreira Bastos, delegada adjunta da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) produziu, na semana passada, um retrato falado do agressor de acordo com a descrição da jovem. Depois de divulgada a imagem, um homem foi espancado e esfaqueado no bairro Jardim do Salso, na zona leste da Capital. Inicialmente, testemunhas informaram à polícia que ele havia sido confundido com o suposto estuprador. O titular da 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, Rodrigo Reis, ainda investiga o que, de fato, motivou a agressão. O homem espancado segue internado no Hospital Cristo Redentor.