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Sonhadores 

Como estão os três leitores acompanhados pelo Diário Gaúcho em 2022

Após série de reportagens, reportagem voltou a conversar com Delene, Gerson e Aline para saber sobre o momento atual e planos futuros

01/11/2023 - 05h00min

Atualizada em: 01/11/2023 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho

Em 2022, os leitores Delene Cesconetto, 44 anos, Gerson Fabiano Pacheco, 45 anos, e Aline dos Santos Veiga, 33 anos, foram acompanhados pelo Diário Gaúcho. Durante todos os meses, contaram sobre seus sonhos para o período, dificuldades e realizações que tiveram ao longo dos dias. Agora, quase um ano depois, a reportagem procurou os três sonhadores para saber como está a vida de cada um deles, o que mudou e quais os planos para o futuro. 

Delene e a busca por qualidade de vida

Camila Hermes / Agencia RBS
Enquanto espera por ajuda, Delene dedica parte do seu tempo a outras pessoas que precisam de apoio.

Dos três leitores acompanhados pelo DG, apenas Delene ainda não conseguiu realizar o sonho que compartilhou com a reportagem no início de 2022. Não é por isso, porém, que a busca pela casa própria ficou para trás. A vaquinha online que foi criada à época segue aberta: 

– Já consegui R$ 24 mil de R$ 40 mil, que é o total. Nos últimos meses, desde que falei com vocês (em maio), foram R$ 700 que consegui. 

Morando em um espaço cedido por um tio no bairro Santa Tereza, em Porto Alegre, ela ressalta que a casa própria é essencial para ter mais qualidade de vida. Isso porque os problemas de saúde que possui causam fortes dores e exigem um espaço adaptado e mais bem equipado. 

Benefício 

São estas mesmas questões de saúde que, para além da tentativa de uma residência própria, impõem a Delene outra batalha: a busca por benefícios que forneçam renda e o acesso aos tratamentos dos quais necessita. Nos últimos meses, conta, havia conseguido o auxílio-doença junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), mas ele foi suspenso: 

– Porque há um problema na documentação do vínculo de emprego que eu ainda tenho. Pelo que entendi, tenho que comprovar esse vínculo para voltar a receber. 

É com isso que ela conta para diminuir a dependência da solidariedade de terceiros

– Com essa renda, posso pedir menos ajuda. E consigo fazer coisas que melhoram um pouco a minha qualidade de vida, como terapia. Esses dias, pude ir ao cabeleireiro – diz.

Em outra frente, que também é terapêutica, Delene mantém-se envolvida em atividades sociais. Para o Dia das Crianças, junto à amiga Vanessa Valentim, 50 anos, preparou kits de doces para doação. No Natal, deve repetir a ação. Vai ajudando outros enquanto espera por apoio.

Ajude-a

  • Para apoiar Delene com alimentos, remédios ou saber mais sobre suas necessidades, entre em contato pelo WhatsApp (51) 98601-0354 ou doe por Pix, com a chave 51986010354. 
  • Contribuições para a vaquinha online da casa própria devem ser feitas aqui.

Gerson e os novos projetos

Anselmo Cunha / Agencia RBS
Gerson casou e, junto da companheira, quer adquirir uma casa própria.

Depois de, no ano passado, conseguir as próteses dentárias que tanto queria, Gerson está em um novo momento da vida e procurando alcançar outras metas. Com a nova companheira, Sandra Virginia Nascimento, 53 anos, ele mudou-se de casa, pretende sair do aluguel e quer retomar os estudos. 

– Parei na sexta série do (Ensino) Fundamental e não pude voltar agora (à Educação de Jovens e Adultos) porque está no final do ano. Além disso, como casei de novo, saí da pecinha em que eu morava para um lugar maior, mas o plano é comprar. Aluguel é um dinheiro que vai e não volta – reflete o morador da Vila Tom Jobim, em Gravataí. 

Livro 

Pode-se dizer que a casa própria, para Gerson, tornou-se um projeto material. É que ainda há outro, quase espiritual, e que já vem de mais tempo: o de escrever um livro sobre sua vida. Para isso, ele mantém as anotações que vem fazendo desde 2022, com memórias e casos de todos os momentos pelos quais passou. 

– Fazendo uma autoavaliação, acho que amadureci bastante. Muita coisa que já escrevi, apaguei e refiz. Vejo minha vida com outros olhos, com distanciamento. Acho que estou fechando a primeira parte, sobre minha infância, mas quero contar da minha estadia nas ruas e dos dias atuais – reflete. 

É assim, destaca, que pretende evoluir ainda mais: 

– (O livro) é um projeto para ajudar as pessoas, inclusive a mim. Para compreender que nada está perdido, não importa o que a gente passe durante a jornada.

Aline e os desafios de chefiar uma família

Mesmo depois de realizar o sonho de conseguir um emprego em 2022, todo dia é um grande desafio para Aline. São inúmeras as variáveis que ela precisa equilibrar em uma mesma equação: o trabalho, o sustento da casa, a criação dos três filhos – de 14, 11 e cinco anos –, a educação deles e os desejos de todos que compõem a família. Uma conta que nem sempre fecha e leva a moradora do bairro Esmeralda, em Viamão, a algumas escolhas difíceis: 

– Precisei dar um tempo nos estudos, mas, em compensação, consegui comprar alguns móveis que estava precisando, colocar um forrinho no banheiro para diminuir o frio e, às vezes, ainda dar uma coisinha para eles (os filhos). Esses dias, me pediram um açaí, que está na moda, e eu pude dar – conta. 

Equilíbrio 

Para Aline, tudo é uma questão de equilíbrio. Uma filosofia que tenta ensinar aos filhos para que eles possam compreender e ajudá-la nos obstáculos do dia a dia: 

– Tem algumas frustrações. Por exemplo, eu queria que pudéssemos estar mais juntos. A gente que é mãe sabe. Tem também algumas pelo financeiro e, então, tento ajeitar no orçamento para levá-los para passear, por exemplo. 

Além de mostrar uma forma mais realista de ver a vida, ela trabalha efetivamente para que toda a família evolua. 

– No ano que vem, meu mais velho vai para o Ensino Médio. Quer conseguir uma vaga no Instituto Federal, e eu estou torcendo muito para que consiga, porque ele já me ajudou muito. Então, quero poder encaminhá-lo para o futuro. E, depois, buscar um curso para mim. Algo que eu possa fazer e me ajude a conseguir melhores condições – finaliza. 

Relembre os sonhos de cada um

  • Delene: quer conquistar uma casa própria. Para isso estima precisar de R$ 40 mil, dos quais já arrecadou R$ 24 mil.
  • Gerson: buscava um tratamento dentário para ter de volta um sorriso. Deu início aos procedimentos ainda em janeiro de 2022.
  • Aline: desejava um emprego de carteira assinada. Conseguiu em abril de 2022 e segue na mesma empresa.

*Produção: Guilherme Jacques

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