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Moradores do bairro Santa Fé, na Capital, reclamam de alagamentos constantes

Segundo relatos, obras feitas pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos teriam intensificado os transtornos

26/02/2024 - 23h20min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Léa Sartori / Arquivo pessoal
Em janeiro, água destruiu espaço e materiais de trabalho do filho da professora Léa Sartori.

Moradora há 43 anos da Rua Octávio Sagebin, no bairro Parque Santa Fé, na zona norte da Capital, a professora Léa Sartori, 67 anos, se acostumou a conviver com alagamentos pontuais em sua residência. Segundo ela, a via é uma das mais baixas da região e, portanto, para onde a água das chuvas corre. Com isso, nos casos de precipitação intensa, comuns no verão, as cheias sempre foram esperadas. 

– A água vinha na nossa porta, às vezes mais, outras menos. Só que piorou muito e, no temporal do mês passado (que atingiu Porto Alegre em 16 de janeiro), a água subiu meio metro dentro de casa – relembra ela, que reside quase na esquina com a Rua General Telino Chagastelles. 

E o episódio não foi isolado. A professora diz que foram duas ocorrências em menos de 15 dias. Motivo pelo qual conclui que os alagamentos não têm mais relação apenas com as características da rua. 

Obras 

Léa conta que, nos últimos anos, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) executou obras na rede de escoamento da Rua Octávio Sagebin. Elas teriam contribuído para que as cheias se tornassem mais frequentes, diz: 

– Ligaram mais canos para escoar na nossa tubulação. Só que não tem vazão para dar conta de tudo. Então, chove, a água não escoa e sobe para a rua. 

O relato, salienta a professora, já foi levado ao Dmae. O órgão, aliás, ainda realizava uma obra na via até poucas semanas atrás: 

– Deixaram tudo aqui e nos disseram que tinha sido finalizada. A rua está um caos. Tem areia, cavalete, um monte de coisa e, o pior, não solucionaram nada. Há 40 anos, vivemos com o problema e reclamamos. Nunca adiantou. 

Prejuízos 

Apesar de se dizer acostumada com os alagamentos, Léa ressalta que o episódio de 16 de janeiro reacendeu sua revolta. Isso por conta do prejuízo que foi observado após o temporal. 

– Meu filho tem uma firma no pátio, trabalha com tecidos. Ele teve um prejuízo de R$ 20 mil porque a água tomou conta. Eu já quase não tenho mais móveis e eletrodomésticos, fui perdendo tudo. Agora, cada vez que chove, entro em desespero – queixa-se. 

"Dessa vez, foi demais"

Eduardo Stefanelli / Arquivo pessoal
Alagamento atingiu, em janeiro, pela primeira vez a casa de Eduardo Stefanell e Scheila Roxo.

Em outro ponto da Rua Octávio Sagebin, o casal Eduardo Stefanelli, 50 anos, e Scheila Roxo, 35 anos, foi surpreendido pelo alagamento. É que, ao contrário de outras casas que têm até comportas nas entradas, a residência deles não costumava ser atingida. 

– Desta vez, foi demais (o acúmulo de água). Estragou nossos móveis, sujou tudo. Na casa da minha mãe, que é mais para a outra ponta, (a água) chegou no joelho – conta Eduardo. 

Segundo ele, receosos com a possibilidade de novos e maiores transtornos, desde então, os moradores se juntaram e buscam uma solução para os problemas. Até mesmo uma reunião com um representante do Departamento Municipal de Água e Esgotos foi realizada. 

– Conseguimos através de um contato. Esse funcionário veio aqui, ouviu o que tínhamos a dizer, mas ele não tinha resposta – explica Eduardo, ao referir-se ao mesmo problema que foi citado por Léa. 

– Vem água de todas as direções, e há um gargalo. O Dmae mexeu na canalização, mas não aumentou a vazão de saída. Então, a água sobe. Sai tudo pelos bueiros, chega a levantar tampas de concreto. E, quando a chuva para, logo baixa – afirma Scheila. 

Ela sinaliza ainda que, diante das reclamações, até mesmo uma verificação de um possível entupimento dos canos foi feita. A conclusão teria sido de que não há qualquer tipo de obstrução: 

– Ou seja, só não há saída suficiente para tanta água.

Excesso de caliça

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informa que realizou uma obra de drenagem na região da Rua Octávio Sagebin para “melhorar o escoamento das chuvas”. Diz ainda que “falta só a repavimentação do local”.

Segundo o Dmae, essa intervenção é anterior ao temporal de 16 de janeiro, e o alagamento dessa ocasião ocorreu devido ao excesso de caliça no local.

*Produção: Guilherme Jacques


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