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Veja o que pode mudar com a reforma trabalhista no ano que vem
Ministro do Trabalho disse que projeto ficou para 2017. Especialistas tiram algumas das principais dúvidas dos leitores
Os trabalhadores brasileiros terão de esperar um pouco mais para saber o que o governo federal quer, exatamente, com a reforma trabalhista. Ontem, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, afirmou que o projeto deve ser enviado ao Congresso somente no segundo semestre de 2017.
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No começo do mês, o próprio ministro falou em regulamentar a jornada de 12 horas diárias de trabalho. Depois, se corrigiu: a intenção seria deixar trabalhadores e empregadores acertarem juntos como cumprir a jornada semanal de 44 horas.
O governo também já falou em criar outras duas modalidades de contrato: por horas trabalhadas e por produtividade. Veja o que o governo já disse que pretende mudar e algumas das dúvidas de leitores respondidas por especialistas em Direito Trabalhista.
Dúvidas que ainda tiram o sono dos leitores
A reportagem do Diário Gaúcho foi às ruas ouvir as dúvidas dos trabalhadores em relação à reforma trabalhista e buscou as respostas com especialistas em Direito do Trabalho: os advogados Alberto Rozman e Odilon Garcia Júnior.
"O que mais me preocupa é se essa reforma poderá mexer em alguma coisa no Fundo de Garantia. Porque mexeria comigo e com meus clientes."
Edna Monteiro da Silva, 55 anos, massoterapeuta e esteticista
O FGTS é um direito fundamental do trabalhador previsto na Constituição Federal. Para alterar qualquer item nesse direito, seria preciso passar pelo Congresso Nacional, em um amplo debate e com gigantesca pressão da sociedade. Por isso, a reforma não deve tocar no Fundo, e o governo federal garante que não tem intenção de fazer isso, até mesmo por causa disso.
"Essa reforma não vai acabar aumentando a jornada de trabalho para 12 horas? Como ainda ter tempo para a família e cuidar da casa se isso acontecer?"
Eloina da Silva, 52 anos, auxiliar de serviços gerais
Da forma como o governo falou até agora sobre esse item, superficialmente, não se pode descartar essa possibilidade para todas as atividade. O governo não falou para quais categorias seria possível negociar esse horário. O governo não esclarece isso, e gera preocupação, sim, mesmo falando que vai manter a jornada atual com a possibilidade de quatro horas extras, chegando a 48 horas semanais.
"Falam de flexibilização de horário, até 12 horas por dia. Mas quem vai definir isso? Vai estar na lei ou vai ficar para o empregador e empregado?"
Diego Seth, 31 anos, pintor predial
Em princípio, isso precisaria estar no projeto de lei da reforma trabalhista. Mas, antes desse item, será preciso dizer quem poderá fazer essa flexibilização e como seria essa negociação entre empregadores e trabalhadores. Porque, em um cenário de desemprego, o poder de negociação do trabalhador cai muito.
"A reforma muda algo em relação aos terceirizados? Hoje, existe confusão sobre a subordinação. É contratado para uma coisa, mas no local onde trabalha lhe pedem outra, e ele faz."
André Marques, 46 anos, supervisão de prestação de serviços
É uma das situações mais comuns com trabalhadores de empresas prestadoras de serviço. O que foi relevado até agora não trata dessa situação. Mas se cogita algo mais direto sobre a terceirização no pacote.
"Não tem como essa reforma acabar retirando o abono do PIS dos trabalhadores? É um valor que se espera muito todo ano."
Fernanda Machado Brasil, 20 anos, copeira
Essa possibilidade não está na pauta da reforma acenada pelo governo. O abono é muito mais uma questão social do que trabalhista. Trata-se de um dos benefícios pagos pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador. Não será tocado nesta reforma.
"Não poderia essa reforma abrir caminho para se começar a tirar o 13º salário do trabalhador? Tenho receio de que no meio dessas mudanças tenha algo assim."
Luiz Carlos Costa, 43 anos, auxiliar de limpeza
Da mesma forma que o FGTS, o 13º salário é um direito fundamental do trabalhador previsto na Constituição Federal. O governo já está tratando de garantir que não tem qualquer intenção de mexer nisso, até porque o processo serão longo, cheio de pressão da sociedade e com grande chance de ainda parar no STF.Fontes: advogado especialista na área Alberto Rozman e advogado Odilon Garcia Júnior, especialista em Direito do Trabalho
Fontes: advogado especialista na área Alberto Rozman e advogado Odilon Garcia Júnior, especialista em Direito do Trabalho