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Dia de combate ao tabagismo

Cigarro: o vilão da saúde e do bolso dos fumantes

Família da Capital fez as contas: gasta R$ 9 mil anuais com o vício

29/08/2015 - 08h11min

Atualizada em: 29/08/2015 - 08h11min


Jeniffer Gularte
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
Flavia fuma duas carteiras por dia

Que o cigarro é um dos maiores inimigos da saúde, todos sabem. Porém, neste sábado, 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Tabagismo, é preciso levar em conta que o vício acaba se tornando, também, um vilão do orçamento doméstico.

Os gastos com o fumo, por exemplo, só não são maiores do que com a alimentação na casa Flavia Antunes, 55 anos, moradora do Bairro Bom Jesus, em Porto Alegre.

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A dona de casa fuma duas carteiras por dia _ cada uma custa R$ 6,25. São R$ 12,50 por dia multiplicados por dois, já que o marido, o sargento aposentado da Brigada Militar e taxista Ataíde João Zambeli, 70 anos, também fuma.

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Conta cruel

Por mês, o valor bate os R$ 750 e chega aos R$ 9 mil anuais. O número assusta, mas, esta conta, Flavia nunca havia feito.

- Repensar nossos hábitos é difícil. Eu sei que poderia economizar muito, mas nunca parei para pensar - reconhece.

Convidada pelo Diário Gaúcho a refletir sobre o gasto, percebeu que a cifra é tão grande que supera a maioria dos gastos fixos da família: aluguel (R$ 550), energia elétrica do mês (R$ 252), transporte escolar dos filhos (R$ 250), cartão de crédito (média de
R$ 200) e internet (R$ 162).

- Como o cigarro é algo que compramos toda vez que vamos ao supermercado, incorporamos ele ao nosso gasto. Sei que o cigarro é caro e aumenta de preço, mas todas as outras contas também sobem (de preço) - justifica Flavia.

Gastos a mais

A psicóloga do Programa de Tratamento aos Tabagistas do Complexo Santa Casa, Lisandra Soldati, lembra que essa conta não termina com o gasto de cada carteira.
O fumante lava mais roupa, por isso gasta mais sabão em pó, leva mais tempo para limpar o cabelo e usa mais xampu, adoece mais vezes e precisa ir ao dentista com mais frequência, por exemplo. São inúmeras as despesas relacionadas ao vício.

Companheiro perigoso

Fumante desde os 17 anos, quando o cigarro ainda era sinônimo de status, Flavia evita ambientes fechados que não sejam a sua casa. É avessa a shoppings, por exemplo, e, se for para ir a um restaurante, almoça e sai logo para fumar. Se visita um não fumante, não demora a ir embora.

 
Flavia começou a fumar aos 17 anos - Foto: Mateus Bruxel

A identificação do fumante com o tabaco é algo que ultrapassa qualquer relação financeira. É como se o cigarro fosse uma extensão da própria mão, compara a psicóloga Lisandra Soldati, algo com o que ele estabelece uma relação de afeto, ou seja, um hábito difícil de atribuir um valor:

- Para o fumante, o cigarro não é apenas um cilindro de papel com tabaco. Ele é o melhor amigo, o companheiro.

A decisão de parar, segundo ela, é mais comum aparecer quando o fumante leva um susto ao diagnosticar uma doença relacionada ao tabaco, quando perde alguém próximo pelo vício ou mesmo em um momento de vulnerabilidade.

- É neste momento que a pessoa mais se encoraja. Sempre vai haver desculpas, mas toda hora é hora - garante a psicóloga.

Motivo para abandonar

Não ter ideia de quanto se gasta com o vício pode ser o primeiro passo para perder o controle do orçamento, avalia a professora de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa-MG, Ana Lídia Galvão.

Pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica que, entre os principais motivos para a queda de 30,7% no percentual de fumantes nos últimos nove anos no Brasil, está o aumento do preço dos cigarros.

Segundo o levantamento, 62% dos fumantes já pensaram em parar de fumar devido aos custos.

Impostos

O aumento de impostos que incidem sobre o produto faz com que 83,2% do preço de cada carteira seja composto apenas por tributos.

Ajuda para parar de fumar

- Em Porto Alegre, quem quiser parar de fumar deve ligar 156 e perguntar qual a unidade de saúde mais próxima que oferece tratamento e grupos de apoio.

- Se preferir, pode dirigir-se direto à sua unidade de saúde. Se esta não oferecer o serviço, vai encaminhar o usuário à unidade mais próxima.

- O acesso ao medicamente depende da orientação médica e é gratuito.

- 16,4% da população da Capital é fumante.


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