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Placar das UPAs: das dez unidades prometidas, apenas duas foram entregues

Unidades seriam alternativa para moradores de cidades da Região Metropolitana não precisarem recorrer às emergências superlotadas da Capital

26/07/2016 - 09h04min

Atualizada em: 26/07/2016 - 11h27min


Jeniffer Gularte
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Fernando Sousa Naiberth, 57 anos, de Alvorada, busca atendimento na UPA da Zona Norte, na Capital

Oito das dez Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) prometidas para a Região Metropolitana não foram entregues. Ao refazer a blitz que o DG realiza há um ano para acompanhar as obras das UPAs em nove cidades da Região Metropolitana, cinco secretários de saúde – de Alvorada, Cachoeirinha, Esteio, Sapucaia do Sul e Novo Hamburgo – admitiram que devem inaugurar suas estruturas entre setembro e outubro deste ano, data que coincide com a campanha eleitoral.

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Em Guaíba, a obra parou porque a empresa não cumpriu o cronograma, e o contrato foi cancelado.

Por não saber como pagará o custeio das duas UPAs em construção na cidade, Gravataí também não dá previsão de inauguração.

Apenas a UPA de São Leopoldo foi aberta em abril deste ano, com três meses de atraso. Em Viamão, a UPA atende desde dezembro do ano passado.

Emergências

Se todas as dez UPAs já estivessem em funcionamento – atualmente apenas duas estão, em São Leopoldo e Viamão – as emergências de Porto Alegre poderiam se “desafogar completamente”, na avaliação do secretário de Saúde da Capital, Fernando Ritter. Tema de reportagem publicada no Diário Gaúcho no último fim de semana, a superlotação das emergências dos hospitais é agravada pela falta de estrutura de atendimento nas cidades da Região Metropolitana. Com pouca alternativa de socorro na sua cidade, o paciente recorre à Capital.

– Aqueles casos menos graves poderiam ser atendidos nestas UPAs, e alguns casos mais graves seriam evitados também por serem tratados no local que a pessoa vive. O mais importante não é aumentar apenas o número de leitos, mas dar condição para que as cidades atendam estas pessoas.

Maria mora perto de UPA fechada

Moradora do Bairro Americana, em Alvorada, a doméstica aposentada Maria Magni dos Santos, 64 anos, mora a 3km da UPA construída na cidade, no Bairro Sumaré. A obra está pronta desde o ano passado, e a unidade praticamente toda equipada. Mas ontem, ao passar mal no posto de saúde, precisou buscar atendimento na UPA Moacyr Scliar, na Zona Norte da Capital. Após ser medicada devido à queda de pressão e ao alto índice de glicose, disse que não pode contar com o atendimento da cidade em que vive:

– Temos uma UPA que está fechada, sendo depredada, e a prefeitura não faz nada. Alvorada é uma vergonha.

Maria Magni dos Santos, moradora de Alvorada, também busca atendimento na Capital

Todas as vezes que precisou de atendimento de emergência, ela recorreu ao Hospital Conceição. Outro morador de Alvorada, também na sala de medicação da UPA Moacyr Scliar, o motorista Fernando Sousa Naiberth, 57 anos, conta que nem tenta ser atendido na sua cidade pois sabe que irá se frustrar. Com infecção intestinal e tontura, procurou a unidade da Capital:

– Vim direto para cá porque sei que em Alvorada não é bom.

Desafio para prefeituras

A conclusão das obras já não é mais o principal entrave para a abertura das UPAs. Sem garantias de custeio do Ministério da Saúde e do Estado, os municípios precisam bancar sozinhos suas unidades.

– O impeditivo é o custeio, não a obra civil. O ministério não dá garantias para ninguém – argumenta o secretário de Saúde de Gravataí, Laone Pinedo.

Em Viamão, onde a UPA funciona desde dezembro do ano passado, a prefeitura banca o custo mensal de R$ 839 mil. A secretária de Saúde, Sandra Sperotto, admite que, a cada mês, é mais difícil manter esse gasto e que já há repasses de recursos atrasados à Fundação Getúlio Vargas, que administra o local. A unidade faz 10 mil atendimentos por mês.

Prefeitura de Alvorada analisa possibilidade de abrir a UPA do município em setembro

Em São Leopoldo, a UPA inaugurada em abril faz 440 atendimentos por dia e atua parte da demanda da emergência do Hospital Centenário, fechada até três vezes por semana por superlotação. Na cidade, a prefeitura também banca o custo mensal de R$ 1,075 milhão.

O Ministério da Saúde informa que só após o início das atividades é que pode ser solicitada a habilitação em custeio à pasta. Se o pedido for aprovado, de acordo com critérios técnicos, o recurso é repassado ao município.

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