Seu Problema é Nosso
Idoso de Gravataí aguarda cirurgia para correção no pênis há oito anos
O Diário Gaúcho decidiu preservar o nome do idoso para evitar constrangimentos a ele
A cada ano que termina, a esperança de conseguir aproveitar melhor a vida diminui para um morador de Gravataí de 74 anos. Portador da Doença de Peyronie, fibroses no pênis que causaram uma curvatura, ele aguarda há oito anos por uma cirurgia corretiva pelo Sistema Único de Saúde (Sus).
– Estou confiante que, neste ano de 2017, ocorra um milagre e eu consiga a cirurgia – confessa o aposentado.
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Por causa do problema de saúde, ele não consegue ter relações sexuais e relata ter incômodo ao urinar, pois, devido à curvatura, a urina fica presa no canal. Viúvo há dois anos, ele explica que já tinha contado o problema para a esposa e que os filhos estão cientes de sua vontade em realizar o procedimento cirúrgico, mesmo com a idade avançada.
– Imagine você ficar oito anos sem sentir uma alegria, um prazer – comenta.
Ao projetar seus dias depois da cirurgia, o idoso afirma que se vê tendo uma melhora na qualidade de vida, sem o desconforto na hora de urinar e, ainda, tendo uma vida sexual ativa.
– Eu me sentiria bem melhor, até porque já tem umas amigas esperando por mim, né? – brinca, entre risadas.
Telefonemas
Há cerca de 15 dias, o paciente recebeu uma ligação da Secretaria Municipal de Saúde, questionando se ele ainda teria interesse em realizar o procedimento. Entretanto, o telefonema não foi suficiente para renovar a expectativa do idoso em ter o seu pedido atendido:
– Eles já ligaram várias vezes, e nunca deu em nada. Já não tenho muita certeza de que vai acontecer. Disseram que vão analisar o laudo novamente, mas será que vai demorar mais oito anos?
Quando descobriu a doença, em 2008, o idoso recebeu do especialista do posto de saúde Morada do Vale I um laudo atestando a necessidade do procedimento cirúrgico. Em 2015, ele entrou com processo judicial para solicitar o procedimento. Ainda assim, não conseguiu uma resposta positiva.
Ele conta que a juíza negou o pedido, pois, no laudo, não constava a necessidade de urgência para o procedimento – embora estivesse escrito que há risco de sequela irreversível.
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De acordo com a Secretaria da Saúde de Gravataí, em relação ao primeiro pedido de cirurgia, de 2009, a Central Estadual de Marcação de Consultas, após diversas tentativas, não conseguiu entrar em contato com o usuário pelos telefones por ele indicados, sendo a solicitação encerrada.
A Secretaria Municipal da Saúde de Gravataí informa ainda que o paciente está novamente inserido no sistema desde a última consulta feita por ele, em 2015, e que aguarda agendamento com especialista junto à Central de Regulação do Estado, responsável pela oferta de consultas com médico urologista.
Ainda sobre o processo judicial, o juiz que analisou o caso embasado nas informações médicas constadas nos laudos e requerimentos não classificou a cirurgia como um procedimento de urgência, sendo indeferido seu pedido.
No entanto, caso o paciente tenha algum exame recente que comprove a urgência da necessidade cirúrgica, pode encaminhar junto à Unidade de Saúde em que é atendido para que seja anexado em sua referência junto à Central de Regulação Estadual e haja mais celeridade no encaminhamento da consulta médica com especialista referido.