Seu problema é nosso
Falta de exame deixa criança sem diagnóstico, em Canoas
Só para conseguir uma consulta para a pequena Ellen, a família demorou sete meses
A família de Ellen Garcia Ferreira, seis anos, de Canoas, espera há cerca de um ano e meio por uma resposta sobre qual problema afeta a menina. Primeiramente, foram sete meses até conseguir consulta com uma neurologista para tentar descobrir porque a menina não fala desde que nasceu.
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Em sua primeira e única consulta, em dezembro de 2016, a médica pediu que Ellen fizesse uma ressonância magnética de crânio, sob anestesia. A mãe, a dona de casa Quele Moraes Garcia, 27 anos, batalha desde então para realizar o exame.
Para a família, é muito difícil não saber o que impede a filha de se comunicar verbalmente. Eles foram ao Hospital Universitário (HU) da Ulbra, onde receberam a informação de que o exame não poderia ser realizado.
— Na Ulbra, dizem que não tem anestesista. E, quando falamos com a prefeitura, só dizem que ela ( Ellen) está na lista — conta Quele.
Em setembro, Quele procurou uma clínica particular para se informar sobre os custos do exame. Estava disposta a tentar arrecadar o valor necessário para custeá-lo. Porém, descobriu que o local não realizaria esse tipo de procedimento anestésico em crianças.
Preocupação
A espera cada vez maior preocupa a família, que tentou esperar que a fala de Ellen viesse com o passar do tempo. Quando a menina completou quatro anos, a mãe percebeu que não poderia mais aguardar e buscou a ajuda médica.
— Como mãe, sempre esperamos o melhor. Depois de fazer um ano, ela não foi mais ao médico, mas sempre nos falaram que era normal demorar. Com o passar do tempo, vi que não dava mais para esperar, mas é difícil conseguir consulta — explica Quele.
A menina é bastante agitada e precisa ser sedada para o procedimento. A ressonância magnética reproduz imagens de grande resolução e clareza de qualquer parte do interior do corpo — no caso, será do cérebro de Ellen. Dessa maneira, a neurologista poderá ver qual é a possível causa da demora para falar.
Como o exame é feito dentro de uma máquina e demora alguns minutos, é essencial que o paciente fique o mais parado possível para garantir que as imagens sejam produzidas em boa qualidade.
Não há prazo para procedimento
A Secretaria de Saúde de Canoas afirmou que tem fiscalizado a realização dos procedimentos por parte dos prestadores de serviços, como o HU. Em janeiro, a prefeitura alega ter identificado uma quantidade expressiva de exames, cirurgia e consultas sem resposta, com pacientes que aguardavam havia anos.
A Secretaria afirmou que, em conjunto com o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública ( Gamp), gestor do HU, por meio de mutirões e outras ações, estão sendo reduzidas as filas de espera do período entre 2012 e 2016.
Segundo o órgão, os pacientes de dezembro de 2016 que aguardam algum procedimento serão chamados nos próximos dias.
Ao contrário do que foi informado a Quele, a prefeitura afirma que não há falta de anestesistas no HU. Esclareceu que todos os esforços estão sendo realizados para que a menina consiga fazer o exame o mais breve possível, sem mencionar um prazo para isso.
*Produção: Leticia Gomes