Seu problema é nosso
Água escura e falhas no abastecimento preocupam moradores de Porto Alegre, Canoas e Viamão
A indignação é tanta que, na manhã desta terça-feira (28), moradores da Lomba bloquearam a Avenida Bento Gonçalves para protestar
A menos de um mês do início do verão, um temor preocupa moradores da Capital, de Canoas e Viamão: a falta d'água. Em Porto Alegre, bairros como Lomba do Pinheiro, Bom Jesus e Mario Quintana convivem diariamente com falhas no abastecimento. A indignação é tanta que, na manhã desta terça-feira (28), moradores da Lomba bloquearam a Avenida Bento Gonçalves para protestar.
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A falta d'água ocorre também no bairro Santo Onofre, em Viamão, que vive outro problema: água escura saindo das torneiras. O mesmo acontece no Parque Universitário, em Canoas. Na Capital, o abastecimento é feito pelo Dmae. Já em Viamão e Canoas, pela Corsan.
Na Lomba do Pinheiro, o designer gráfico Alexandre Aires, 36 anos, conta que a falta d’água ocorre com frequência. Por vezes, chega a quatro dias sem abastecimento. E, quanto retorna, o líquido costuma vir esbranquiçado.
— Falta dois dias, aí volta uma hora, depois já falta de novo e fica mais uns três dias sem água — conta Alexandre, morador da região há dez anos.
Revisões
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Dmae informou que está revisando as redes e as estações de bombeamento para identificar possíveis problemas nos sistemas de distribuição de água na região da Lomba.
O departamento informou ainda que, ao longo da semana, divulgará as principais ações que estão sendo feitas para melhorar o fornecimento de água no local. Quanto aos bairros Bom Jesus e Mario Quintana, o Dmae não se manifestou.
A dona de casa Marlete Aparecida Menezes, 51 anos, moradora do Parque Universitário, em Canoas, deixou de usar a água da torneira. Com um reservatório, ela armazena água da chuva para a maioria dos afazeres diários. Para beber, compra água mineral. Mesmo assim, a conta de água fica em torno de R$ 90 por mês.
Deste valor, cerca de R$ 25 são referentes a uma taxa de esgoto, cobrada pela Corsan. Ao tentar entender o motivo da cobrança, Marlete foi informada pela companhia de que se refere ao custo de tratamento da água.
— Não sei para onde vai essa taxa de esgoto, por que tem dias em que a água está muito escura, parece ferrugem — questiona a moradora.
Em Viamão, no bairro Santo Onofre, a diarista Débora Freire Machado, 26 anos, também convive com uma água de coloração duvidosa saindo das suas torneiras. E a falta de abastecimento atinge o bairro de Débora ao menos três vezes por semana.
— Ou falta pela manhã e só retorna no início da noite, ou falta à tarde e só volta de madrugada — explica a diarista sobre a rotina de desabastecimentos.
"Não há comprometimento da potabilidade", garante a Corsan
A assessoria de imprensa da Corsan explicou que, tanto em Canoas quanto em Viamão, "não há falta de água prolongada, e sim pequenas ocorrências localizadas". Em Canoas, o problema é causado "muitas vezes", segundo a companhia, "por interferência de terceiros para a realização de obras de melhorias diversas".
Para contornar a situação, estão sendo organizados procedimentos para cobrar essas intervenções de terceiros na rede de distribuição. Já em Viamão, uma série de ações operacionais pretende possibilitar a antecipação dos serviços de manutenção.
Quanto à coloração da água, a Corsan explicou que, com as intervenções na rede, partículas presas naturalmente na tubulação são liberadas, mudando a aparência do líquido. A Corsan alerta que, nestes casos, o usuário deve entrar em contato com a Central de Atendimento, pelo telefone 0800-646-6444, e comunicar de imediato a ocorrência. Assim, a empresa irá providenciar a eliminação da água dessas redes. Mas a companhia garante: "não há comprometimento da potabilidade" nestas situações.
Quanto à taxa de esgoto, a Corsan explicou que a tarifa se deve a custos operacionais, que vão desde a coleta até o tratamento da água fornecida aos moradores.
*Produção: Alberi Neto