Seu problema é nosso
Moradores compram canos para rede pluvial, mas prefeitura de Alvorada não começa as obras
Em abril, após arrecadar R$ 315 dos cerca de 30 moradores da via, o material foi adquirido. A prefeitura prometeu iniciar a obra 40 dias após a compra, mas isso ainda não ocorreu
Os moradores da Rua Antão de Lima Franco, no bairro Formosa, em Alvorada, têm que conviver com uma situação desconfortável. A via, que não tem encanamento de esgoto pluvial, fica intransitável em dias de chuva.
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O funcionário público Jorge Augusto Paim John, 56 anos, tem batalhado ao lado de seus vizinhos para melhorar as condições do local. De acordo com Jorge, no início do ano, a prefeitura da cidade se comprometeu a fornecer mão de obra caso os moradores fizessem a compra dos canos necessários para construir a tubulação.
Em abril, após arrecadar R$ 315 por residência, entre as 30 da via, o material foi adquirido. A administração pública — que tinha prometido iniciar a obra 40 dias após a compra — ainda não começou a fazer a obra. Enquanto isso, os tubos ficam jogados em um terreno baldio.
— O mais frustrante é que nos comprometemos a comprar os canos, e a prefeitura está sempre enrolando, dando desculpas — desabafa Jorge.
A via, que também não é asfaltada, já tem um trânsito difícil de pedestres e carros em dias normais. Quando chove, a situação fica ainda pior. Nessas ocasiões, o fluxo de água na rua é intenso, e como o local tem uma certa inclinação, os moradores temem que a força da chuva cause incidentes.
— As crianças têm que andar no barro, a van escolar não consegue nem passar — explica o morador.
Coleta prejudicada
Em julho de 2013 — quando o Diário Gaúcho começou a acompanhar a saga dos moradores da Rua Antão de Lima Franco —, patrolas foram solicitadas, como uma medida paliativa para o problema.
Até o meio deste ano, os nivelamentos eram feitos regularmente, o que não vem acontecendo mais.
— A coleta de lixo é irregular, mas entendemos que não é culpa dos garis. Fica impossível andar por aqui quando chove, já ficamos uma semana sem coleta. Em dias secos, eles deixam o caminhão no começo da rua e percorrem o trajeto a pé — diz Jorge.
Arliana Fiuza de Almeida, 27 anos, é dona de casa e, junto com a sua mãe, a doméstica Jurema Fiuza de Almeida, 57 anos, tem comandado os esforços para dar continuidade à obra. Moradoras do local desde a década de 1990, elas lutam para reverter a situação precária em que vivem.
Insetos
Para suprir a falta de encanamento, há cerca de cinco anos, cavaram fossas negras — buracos no solo, cobertos ou não, para onde são direcionados a água e os dejetos da casa.
— É muito difícil, não podemos guardar o carro na garagem, as crianças não ficam livres para brincar, a rua é cheia de insetos — argumenta Arliana.
Prefeitura promete início dos reparos para fevereiro
A Secretaria de Obras e Viação (SMOV) de Alvorada informou que dará início à obra até fevereiro de 2018.
O órgão alega que ainda falta a liberação por parte de um morador – já que as tubulações precisarão passar por seu terreno. Além disso, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAN) também precisa liberar parte da obra, que ainda passará por um arroio.
Para o início dos reparos, a SMOV explicou que a prefeitura também vai comprar mais de 200 metros de canos. E ressaltou que existe uma modalidade de parceria com a comunidade onde os moradores entram com alguns materiais e a prefeitura com a mão obra, como foi o caso da Rua Antão de Lima Franco.
*Produção: Leticia Gomes