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Seu problema é nosso

Prefeitura de Viamão derruba 17 árvores em praça da cidade e revolta moradores 

Conforme a assessoria de imprensa da prefeitura, "a ação faz parte de uma parceria público-privada para revitalizar o espaço da Praça Santa Isabel"

19/01/2018 - 09h25min


Arquivo Pessoal / Leitor/DG
Máquinas recolheram árvores derrubadas em ação da prefeitura

Os moradores do bairro Santa Isabel, em Viamão, acordaram assustados na terça-feira passada. O barulho de caminhões, motosserras e retroescavadeiras gerou um alvoroço na praça que leva o mesmo nome do bairro e fica na região central da comunidade. 

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Segundo a própria prefeitura, 17 árvores foram cortadas, e outras seis, podadas. Entre os vegetais retirados pela administração pública, estavam espécies como borracheira, cinamomo, figueira-de-vaso, ipê-amarelo, ligustro, plátano e timbaúva — esta última, espécie nativa. Conforme a assessoria de imprensa da prefeitura, "a ação faz parte de uma parceria público-privada para revitalizar o espaço da Praça Santa Isabel".

Discórdia

Entre quarta-feira e ontem, moradores da Santa Isabel entraram em contato com o Diário Gaúcho por meio do WhatsApp e da página do jornal no Facebook, mostrando indignação com o corte das árvores. Uma publicação no grupo Acontecimentos Viamão tinha, até o fim da tarde de ontem, quase 60 comentários e mais de 40 compartilhamentos. Entre as opiniões publicadas, a maioria discordava da ação da prefeitura, que foi classificada por uma moradora como "profundamente lamentável".

Autora da publicação que rendeu diversos comentários no grupo de moradores de Viamão, a dona de casa Ana Côrrea, 54 anos, lembrou que, além de ser "um crime contra o meio ambiente", o corte acaba com a sombra na praça, "ainda mais necessária nos dias quentes de verão":

— Não sobrou sequer uma árvore. Em pleno verão, e a praça não terá nenhuma sombra. É muito triste isso que fizeram aqui.

Mesmo que em menor número, comentários concordando com o corte e a poda dos vegetais também puderam ser encontrados. Em uma publicação da Prefeitura de Viamão no Facebook explicando a razão do corte das 17 árvores, o estrago causado pelas raízes em algumas calçadas e o risco de galhos e troncos podres machucarem alguém foi apontado como argumento favorável à ação.

Google Maps / Reprodução

Moradora do bairro desde os seis anos, a auxiliar de farmácia aposentada Claudete Santos dos Santos, 72 anos, confessa que ficou triste ao deparar com a cena. 

— Quase chorei quando vi, fiquei muito nervosa. Nós, moradores, vimos essas árvores crescerem durante anos para serem cortadas em 20 minutos — desabafa a aposentada.

Indignada, Claudete chegou a questionar os funcionários que executavam a derrubada dos vegetais. Ouviu como resposta que "era uma ordem do prefeito".

Com estudo, remoção é permitida

Segundo a bióloga Tatiane Pereira Carlos, espécies nativas, como a timbaúva que foi derrubada na Praça Santa Isabel, não podem ser cortadas sem um estudo do órgão responsável — neste caso, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. 

— Se foi confirmado por meio de um estudo que os vegetais estão prejudicando a região e causando riscos a casas ou ao trânsito e aos pedestres, por exemplo, é possível conseguir a autorização — explica a bióloga.

Promessa: novas árvores serão plantadas

Em nota, a prefeitura de Viamão garantiu que as árvores removidas da praça serão substituídas nos próximos meses. Segundo a administração, será executado o plantio de 34 mudas — o dobro do que foi cortado —, com menor volume de copa e de menor porte, na praça e no canteiro central da Avenida Liberdade, perto do local. 

O município garantiu que toda a ação só foi realizada após autorização florestal e avaliação de técnicos da Secretaria do Meio Ambiente, "na qual foi constatado que algumas apresentavam risco de queda, pela infestação de parasitas, e também por serem espécies invasoras".

A nota da prefeitura explica ainda que "as novas árvores são adequadas para a revitalização da praça e ajudarão a manter o local mais seguro, permitindo também maior visão, facilitando a vigilância da região através de câmeras instaladas e de rondas da Guarda Municipal e da Brigada Militar".

*Produção: Alberi Neto

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