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Seu problema é nosso

Falta de remédio para doença autoimune prejudica paciente em tratamento, em Cachoeirinha

Segundo o que Antonio Inocencio ouviu nos contatos que fez os órgãos públicos, o remédio azatioprina 50mg não deve ser reposto no estoque da Secretaria Estadual da Saúde tão cedo

31/10/2018 - 09h39min


Arquivo Pessoal / Leitor/DG
Última vez que Antonio recebeu remédio foi em setembro

Não bastasse a dor causada pelas consequências da dermatopolimiosite — doença autoimune que atinge a pele —, o analista de logística Antonio Gonçalves Inocencio, 50 anos, está lidando com outro empecilho. Morador do bairro Jardim América, em Cachoeirinha, ele está há quase dois meses sem receber um dos medicamentos usados no tratamento da doença. 

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A substância era retirada na Farmácia Central de medicamentos do município onde Antonio vive. Porém, desde setembro, a distribuição foi cessada. O paciente tenta seguidas vezes contato com a Secretaria de Saúde da cidade e até com a Ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, as respostas não são animadoras. Segundo ele ouviu nos contatos que fez os órgãos públicos, o remédio azatioprina 50mg não deve ser reposto no estoque da farmácia de Cachoeirinha tão cedo. 

— Precisei entrar com um processo administrativo para receber regularmente a azatioprina junto ao Estado. E, mesmo assim, estou enfrentando dificuldade para que me entreguem o remédio direito — reclama o analista de logística. 

Alto custo Diagnosticado em 2010 com a dermatopolimiosite, Antonio faz uso de três medicamentos imunossupressores — que reduzem intencionalmente a atividade ou eficiência do sistema imunológico para tratamento de doença autoimune. 

O primeiro são corticoides, que ele mesmo compra, pois "têm custo mais acessível". O segundo medicamento é o rituximabe, que tem alto custo. Mesmo em auxílio-doença concedido pelo INSS, Antonio recebe esse medicamento por meio do plano de saúde da empresa onde era contratado. Por último, resta a azatioprina 50mg. O paciente utiliza quatro comprimidos da substância por dia: 

— Eu precisaria de cerca de três caixas do remédio por mês. Não tenho condições de comprar, custa mais de R$ 100 cada caixa. O salário que recebo do INSS só cobre as despesas da minha casa e da minha família. Minha esposa está sem emprego, e minha filha é portadora de doença celíaca, precisa de uma dieta com restrição de glúten, o que aumenta ainda mais nossas despesas.

Incêndio comprometeu distribuição 

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) explicou, por meio de nota, que um incêndio atingiu o laboratório do qual o Estado recebe vários medicamentos, entre eles a azatioprina 50mg. Segundo a pasta, ainda ontem seria entregue uma pequena quantidade do remédio, mas sem previsão de quando estaria disponível em Cachoeirinha. 

A secretaria salientou que a empresa licitada para adquirir e distribuir os remédios para a Farmácia do Estado já estava providenciando a compra por meio de outro laboratório. Porém, o trâmite ainda não foi concluído. 

A prefeitura de Cachoeirinha, por sua vez, confirmou que a azatioprina 50mg não faz parte das substâncias que são compradas e distribuídas pelo município. Segundo a administração pública, este remédio é adquirido pela SES-RS e repassado para a Farmácia Central de Cachoeirinha. 

A assessoria de imprensa da cidade ainda informou que disponibiliza uma lista online com os medicamentos de responsabilidade do município e sua disponibilidade em estoque

*Produção: Alberi Neto

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