Seu problema é nosso
Abandono de escadaria causa medo em moradores do bairro São José, em Porto Alegre
Entre os problemas do caminho de cerca de 20 metros na São João estão os buracos nas lajes, as lajotas rachadas e a falta de corrimão
Há 51 anos, o policial militar reformado Carlos Augusto Lecano, 56 anos, mora na Rua São João, bairro São José, em Porto Alegre. Desde sua infância, ele lembra das modificações que aconteceram na via. A mais drástica ocorreu há mais de 30 anos: foi a transformação da rua em uma escadaria, que liga a São João com a Rua Vidal de Negreiros.
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Agora, Carlos vem buscando mais segurança para a comunidade que reside no beco, pois o perigo está já na entrada, nos graus que levam os moradores até suas casas.
— Era uma rua, que virou uma escada, que virou um beco. Está uma total bagunça. Está cheio de pedras quebradas e soltas, que podem fazer as pessoas caírem — afirma.
Entre os problemas do caminho de cerca de 20 metros na São João estão os buracos nas lajes, as lajotas rachadas e a falta de corrimão. Em alguns pontos da escada, a altura chega a cerca de quatro metros:
— É um perigo para quem passa por aqui, não tem onde se segurar.
Riscos
Carlos conta que muitas crianças passam pela via para chegar até a escola. Outro problema, também, é a falta de acesso com veículos, que assusta em momentos de emergência:
— Uma vez, tivemos que descer com uma senhora no colo porque não tinha como subir com a ambulância. É um risco enorme, uma pessoa pode morrer sem atendimento, tudo por causa dos degraus.
Ele lembra, ainda, de uma idosa que decidiu se mudar da Rua São João após cair na escada, pela falta do corrimão, e quebrar os dois braços. A mãe do policial, de 78 anos, é uma das maiores preocupações dele.
— Não tem condições de deixar as pessoas nessa situação — diz Carlos.
Reclamações
Carlos conta que inúmeros pedidos de ajuda foram feitos à prefeitura, por meio de solicitações de serviço. Como a escada apresenta os problemas há cerca de cinco anos, muitos protocolos foram perdidos:
— A gente cansa de pedir que a prefeitura faça seu trabalho e ser ignorado.
Além de solicitar apoio da administração pública, Carlos lembra que os moradores, muitas vezes, fazem a manutenção.
— Nós limpamos, tiramos o mato, colocamos lajes no local das quebradas. A gente tenta, mas tá muito difícil — desabafa.
Vistoria será hoje ou amanhã
A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim) informou que, nesta semana, será realizada uma vistoria no local, feita pela Divisão de Conservação de Vias Urbanas (DCVU).
A pasta afirmou que só se manifestará depois da visita e não soube informar o prazo de uma substituição das lajotas quebradas, pois precisa quantificar os serviços e materiais necessários e verificar a disponibilidade de aquisição. Quanto à falta de corrimão, a Smim afirmou que "é quase sempre devido a vandalismos, mas é necessária a vistoria para verificar o que falta."
*Produção: Eduarda Endler