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Seu problema é nosso

Moradora de Viamão busca há cinco anos tratamento para ruptura de ligamento do joelho

Desde 2013, Maria busca atendimento no Sus, sem conseguir resolver seu problema. Começou a jornada em Viamão, onde mora. Depois, passou por Alvorada, Canoas e, atualmente, faz acompanhamento em Porto Alegre

09/11/2018 - 09h44min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Arquivo Pessoal / Leitor/DG
Atualmente, muletas e joelheiras são necessárias para Maria poder caminhar

Incerteza. A palavra define o destino da diarista Maria de Lourdes Rodrigues de Almeida, 51 anos. Em auxílio-doença concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ela passa os dias em casa lidando com a dor causada pelo rompimento do ligamento cruzado posterior do seu joelho esquerdo. 

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Desde 2013, Maria busca atendimento na rede pública, sem conseguir resolver seu problema. Começou a jornada sendo tratada em Viamão, onde mora. Depois, passou por Alvorada, Canoas e, atualmente, faz acompanhamento médico em Porto Alegre, no Hospital de Clínicas (HCPA). Entretanto, ainda não sabe quando e se passará por uma cirurgia para corrigir o problema. 

— É tudo incerto, vou de um médico para o outro. De uma cidade para a outra. E não recebo nenhuma previsão de ser encaminhada para cirurgia — relata a moradora do bairro Passo do Vigário, em Viamão. 

Encaminhamentos 

Entre exames e consultas, Maria acumula uma pilha de papeis em casa. Nos diagnósticos conferidos por especialistas de diferentes clínicas, hospitais e municípios, a ruptura do ligamento é o diagnóstico padrão. Entretanto, mesmo com os laudos, novas consultas seguem sendo marcadas, principalmente em função da mudança de cidades. 

— Pouco tempo depois de ser encaminhada de Viamão para Alvorada, disseram que teria de seguir o tratamento em Canoas. Somente lá, encontraria os especialistas necessários para o meu caso, o que não aconteceu. Em Canoas, me mandaram retornar para o meu município de origem, e precisei pedir um novo encaminhamento no posto de saúde. Foi aí que me mandaram para Porto Alegre. E então, desde o começo deste ano, estou consultando no (Hospital de) Clínicas — recorda ela. 

Arquivo Pessoal / Leitor/DG
Maria já foi atendida em Viamão (em cima, à esquerda), em Canoas (em cima, à direita), em Alvorada (embaixo, à esquerda), e, atualmente, faz tratamento no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre (embaixo, à direita)

Especialistas

Para passar pela cirurgia, Maria conta que foi informada de que precisaria de laudos de um ortopedista especializado em joelho, um traumatologista, um reumatologista e um neurologista. 

O traumatologista a acompanha desde o início do ano no HCPA. A consulta mais recente foi em 10 de outubro. O atendimento com ortopedista já ocorreu, também no Clínicas. O próximo está marcado para a próxima quarta-feira, com um reumatologista, conforme conta. Somente o agendamento com o neurologista ainda não tem previsão. 

— Fui informada que, consulta com neurologista, só para o ano que vem — diz Maria. 

A espera dela se arrasta desde 2013 — quando começou a ser encaminhada de uma cidade para outra —, mas as dores incomodam a moradora de Viamão há pelo menos dez anos. Porém, foi só quando a rotina do trabalho como diarista começou a ser atrapalhada por tombos mais constantes que ela procurou ajuda. Logo, a dor no joelho afetou seu caminhar. 

Maria ainda acredita que a demora de uma ação mais efetiva do sistema público em tratar do seu caso piorou a situação. Com a evolução do problema no joelho nos últimos anos, a diarista precisou agregar à sua rotina o uso de muletas e joelheiras. 

— É horrível, não consigo mais caminhar sem as muletas. E, mesmo assim, ando de uma maneira torta, parece até que estou bêbada — desabafa Maria. 

Informações desencontradas e ainda sem previsão de realizar cirurgia 

Não é só Maria que acaba sendo encaminhada de uma cidade para outra em busca de respostas. O Diário foi informado que o último atendimento da diarista registrado no sistema da prefeitura de Viamão foi em março deste ano. 

Segundo a assessoria de imprensa do município, ela foi atendida por um ortopedista, no Hospital de Clínicas. O dado, desatualizado, é diferente dos agendamentos apresentados por Maria, que comprovam que ela já passou por várias consultas depois dessa data. 

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre, onde fica o HCPA, informou, em nota, "que pacientes de fora da Capital são regulados pela Central Estadual de Regulação" – órgão que faz parte da Secretaria Estadual da Saúde (SES- RS). Em comunicado, a SES-RS não se pronunciou sobre o caso. Apenas sugeriu que o jornal "procurasse a explicação diretamente com o Hospital de Clínicas".

Procurado, o hospital onde a diarista é atendida atualmente explicou que não pode passar informações sobre a situação da moradora de Viamão, pois isto "infringe o sigilo entre médico e paciente". A orientação do HCPA é que a própria paciente procure o hospital para se informar. 

Por fim, questionada sobre o motivo de não poder prestar o atendimento de Maria na cidade onde mora, a prefeitura de Viamão disse, em nota, que "não tem hospital de alta complexidade para atender a especialidade que a diarista necessita, e que estes encaminhamentos devem ser feitos através da SES- RS".

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