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Seu Problema é Nosso

Construção de creche está parada há três anos em Gravataí

A edificação da escolinha no bairro Natal ficou no alicerce. Segundo a prefeitura, a retomada da obra deve ocorrer "ainda neste primeiro semestre"

28/03/2019 - 09h50min

Atualizada em: 28/03/2019 - 09h53min


Félix Zucco / Agencia RBS
O abandono já tinha sido mostrado pelo Diário há dois anos. A situação continua a mesma

A construção da nova Escola de Educação Infantil Favo de Mel, que atenderia às crianças do bairro Natal, em Gravataí, virou problema para os moradores da região. O terreno, na Rua Ouro Preto, teve apenas as fundações instaladas. A promessa de início e finalização das obras era 2016, mas foram paralisadas poucas semanas após seu começo. Sem cercamento, a área virou depósito de lixo irregular e teve materiais de construção furtados. Hoje, a EMEI está sediada em imóvel locado, no Centro do município. 

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O Diário Gaúcho relatou o abandono em 6 de fevereiro de 2017. E registrou outro problema: a promessa de uma pracinha, ao lado da escola, que não saiu do papel. Na época, devido a temporais, os tapumes que guardavam a área vieram abaixo. A situação piorou desde então, conta o radialista aposentado Nelson Costa da Silva, 65 anos, morador da região desde 2002. 

— Está “largado”. As pessoas jogam lixo por tudo. Entrei em contato com a prefeitura, e não foi resolvido nada. Dizem não ter dinheiro — conta. 

Félix Zucco / Agencia RBS
Nelson conta que está tudo "largado"

Abandono 

Sem proteção, móveis velhos, resíduos domésticos e caliça são depositados no terreno. Com acesso livre, parte das estruturas também oferece perigo a crianças que vão até o local. Ferros que seriam utilizados na construção das colunas restam enferrujados, com pontas à mostra. O metal é um dos poucos materiais que ainda estão no local. A maior parte foi furtada, como tijolos e pedras, relata Nelson. 

Outros problemas surgiram, como um pequeno alojamento de madeira que virou ponto de usuários de drogas. A questão foi resolvida meses depois, com a retirada da estrutura — que deveria servir para os operários, segundo Nelson. Até mesmo a placa de anúncio da construção foi retirada. 

O morador conta que, além da base do prédio e da “casinha dos operários”, pontos de energia elétrica foram instalados para os serviços do local, em 2016. No entanto, semanas depois, a equipe “sumiu”, e a obra ficou abandonada. Os gastos, até agora, alcançam R$ 189 mil, segundo a prefeitura. 

Entre os que mais precisam de vagas

Segundo relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), a Radiografia da Educação Infantil no Rio Grande do Sul, publicado em dezembro do ano passado, Gravataí é um dos municípios gaúchos com maior necessidade de criação de vagas para creches e pré-escola. Entre as duas faixas de ensino, o número necessário apontado pelo estudo é de 7.248 vagas. 

Para creches, que atendem crianças de zero a três anos, o número de vagas a serem criadas é de 4.754, o que coloca o município na quinta posição entre os 170 analisados pelo TCE — aqueles que são considerados em situação mais crítica. Para crianças de quatro a cinco anos, em idade pré-escolar, a necessidade é de 2.494 novas vagas, a quarta maior do Estado. 

A EMEI Favo de Mel atende 63 estudantes. Com a conclusão das obras no Bairro Natal, a instituição passará a atender mais 125 alunos, de zero a cinco anos, segundo a secretária de Educação de Gravataí, Sônia Oliveira. 

Retomada neste semestre 

Segundo a prefeitura de Gravataí, problemas de repasses do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) causaram a paralisação das obras, além da necessidade de atualização do projeto. O processo de confirmação da disponibilidade de recursos está “em fase de conclusão”, diz a administração municipal. 

O reinício dos trabalhos deve ocorrer “ainda neste primeiro semestre”, segundo nota oficial. Os recursos esperados atingem R$ 2,9 milhões, de acordo com previsão da prefeitura. 

— A licitação vai ocorrer em abril, e o prazo de conclusão será de 10 meses após a ordem de início — afirma a secretária Sônia Oliveira. 

Sobre o acesso ao terreno, a prefeitura explica que o cercamento da área foi feito, mas os tapumes foram roubados ou depredados. “Se há lixo, é depositado pelos próprios moradores”, diz. 

Produção: Ásafe Bueno 

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