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O Diário Gaúcho te ajuda a entender a importância do encontro entre Trump e Bolsonaro

O colunista de assuntos internacionais de ZH, Rodrigo Lopes, explica o encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump nesta terça-feira (19), na Casa Branca, em Washington.

19/03/2019 - 07h15min


Rodrigo Lopes
Rodrigo Lopes
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Montagem sobre fotos: MANDEL NGAN,SAUL LOEB / AFP
Líderes do Brasil e dos Estados Unidos reúnem-se nesta terça-feira (19)

Por que o encontro é importante?

Um encontro entre dois presidentes é um momento muito importante porque é uma oportunidade de os dois representantes máximos de seus países conversarem frente a frente, olho no olho, sobre os interesses de suas nações. Normalmente, a reunião ocorre a portas fechadas. Os jornalistas podem acompanhá-la no início, fotografar os dois líderes, mas, minutos depois, são convidados a se retirarem. Ao final, os presidentes costumam aparecer de novo diante dos jornalistas para informar o que conversaram – não tudo, claro. Muita coisa fica apenas entre os participantes do encontro e seus assessores. 

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O que significa uma maior aproximação entre Bolsonaro e Trump?

A expectativa é grande por vários motivos. O principal: é a primeira reunião privada de Bolsonaro com outro presidente fora do Brasil – e logo com Trump, comandante da maior potência econômica e militar do mundo. O brasileiro é fã de Trump e, desde a campanha, tem prometido “alinhamento automático com os EUA”. Isso significa que ele deseja ter no governo americano um aliado incondicional, concordar com todas as medidas de Trump e se posicionar a seu lado em qualquer tomada de decisão do americano. 

Isso é polêmico porque o Brasil tem como tradição de negociar, caso a caso, com diferentes países, seus interesses, ora se aproximando mais de um, ora de outro. Um exemplo: Trump tem uma briga com a China por causa do comércio, quer se fechar para o país asiático. 

Já o Brasil tem na China o principal comprador de seus produtos. Alinhar-se com os EUA, nesse caso, significaria abrir mão de um mercado gigantesco, que compra quase toda a soja brasileira – aliás, em boa parte, produzida no Rio Grande do Sul. 

MANDEL NGAN / AFP
Bolsonaro em discurso nos Estados Unidos, nesta segunda-feira (18)

Por que Bolsonaro quer ser “parceiro” dos americanos? 

Na verdade, o Brasil já é um dos principais aliados dos EUA. O encontro de hoje serve para aprofundar mais essa relação. Bolsonaro e Trump têm visões de mundo parecidas – são considerados presidentes conservadores e suas políticas seguem essa orientação política. Do ponto de vista comercial, os EUA são o segundo maior comprador de nossos produtos – vendemos aço, petróleo, aviões, máquinas para terraplanagem, partes de motores e turbinas de aviação e café em grão. Além de abrir portas, algo que toda boa conversa ao pé do ouvido costuma render, há medidas práticas que se espera saiam do encontro de hoje: Trump deve apoiar a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos países mais ricos do mundo. Os EUA também devem nomear nosso país aliado prioritário extra-Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Isso significa que estaremos ao lado das maiores potências militares do Ocidente e, em caso de eventual guerra, teríamos seus apoios. Ainda é esperado que a Polícia Federal assine um acordo de cooperação com o FBI. 

Quais são os assuntos mais polêmicos?

Um assunto visto com certo incômodo é que o Brasil vai permitir que todos os cidadãos americanos venham ao Brasil sem a necessidade de visto de entrada – é polêmico porque o mesmo não deve acontecer para nós, brasileiros, em viagem para os EUA. Outro tema polêmico sobre o qual os dois presidentes devem conversar é a crise na Venezuela. Trump quer apoio brasileiro para aumentar a pressão sobre Nicolás Maduro para que ele deixe o poder. O governo brasileiro  também assinou acordo que permitirá o “aluguel” da base de Alcântara, no Maranhão, para lançamento de satélites americanos. Com ele, o Brasil poderá faturar até US$ 10 bilhões ao ano, segundo o Ministério da Defesa. Esse assunto é visto com ressalvas por críticos, que consideram que o Brasil está cedendo soberania para os americanos.


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