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Alunos vibram com reabertura de escola que ficou fechada por dezenove meses

Escola Dom Pedro I, do Bairro Glória, foi interditada em setembro de 2017 após ser atingida por um temporal e ter parte de sua estrutura danificada

24/04/2019 - 18h04min


Jeniffer Gularte
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Lauro Alves / Agencia RBS
Alunos voltam para escola, fechada desde setembro de 2017

Um ano e sete meses após um temporal danificar os telhados e comprometer a rede elétrica da Escola Estadual de Ensino Fundamental Dom Pedro I, os alunos finalmente voltaram a ocupar o prédio da instituição no bairro Glória, em Porto Alegre. Durante todo este período, os estudantes tiveram aula de forma improvisada em um espaço da Escola Euclides da Cunha, no bairro Menino Deus, a quatro quilômetros da Dom Pedro I.

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Mesmo com a obra concluída desde o começo de fevereiro, a escola permanecia fechada por falta de Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI). O documento foi providenciado pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) apenas em março e, após entregue, precisou passar por novas adequações solicitadas pelo Corpo de Bombeiros. A aprovação do plano e o alvará da escola foram liberados na semana passada.  

Após um período de incerteza a respeito do futuro do educandário, a quarta-feira foi de festa no retorno às instalações da Dom Pedro I. Antes do sinal tocar para o começo das aulas no turno da tarde, o clima era de euforia entre a gurizada. Os alunos se abraçavam como se não se vissem há muito tempo. Disparavam para conferir como o prédio ficou após a reforma, que custou R$ 222 mil. Os ares de primeiro dia de aula, mesmo com o ano letivo já iniciado desde fevereiro, se misturavam com uma sensação de novidade.   

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– Chegamos na Dom Pedro – gritou Rillary Franco, sete anos, enquanto corria pelo saguão da escola. Quando parou, admitiu, com os olhos marejados: 

– Nossa, estou com vontade de chorar.

– Ela estava ansiosa demais. Quando chegamos, saiu correndo de felicidade – justificou a mãe, a babá Deise, 33 anos, surpresa com a reação da filha.

Lauro Alves / Agencia RBS
Rillary e a mãe Deise: menina se emocionou ao chegar na escola

Clima de vitória

Junto com Deise, outras mães saboreavam o clima de vitória, muitas delas, emocionadas. Comemoravam o simples fato de poderem levar e buscar os filhos a pé da escola:

– Em 20 minutos de caminhada, estamos aqui – disse a dona de casa Neusa Silva Borges, 50 anos, que tem dois filhos e um neto na Dom Pedro I. Antes, gastava com transporte para mandar a gurizada estudar. 

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Postos em fila, instantes antes de entrarem na sala de aula, os alunos da turma 201, do 2º ano, da professora Elsa Garcia, estavam inquietos:

_ Vamos logo, meu coração está batendo muito forte _ dizia a pequena Laura Souza de Freitas da Silva, sete anos, a segunda da fila das meninas. 

Uma sala de aula reformada, toda pintada de azul pelo marido da professora, aguardava os alunos. Elsa não tem dúvida de que estar na própria escola fará toda diferença na rotina pedagógica dos alunos.

_ Será possível construir um ambiente mais acolhedor e estimular o cuidado com a escola entre eles. Abrimos mão de alguns sábados de folga para ajudar a ver tudo pronto _ avalia a professora.

Lauro Alves / Agencia RBS
Aline Andrade Rodrigues, 7 anos, na sala de aula que foi pintada pelo marido da professora

Pressão da comunidade escolar foi fundamental 

A comunidade escolar teve um papel importante no desenrolar da situação da Dom Pedro I. Além de participar de diversos mutirões de limpeza do prédio após a conclusão da obra, as mães estavam a todo momento mobilizadas, cobrando informações da direção da escola e da Seduc:

– Muitas vezes, achávamos que não íamos mais conseguir, que desistiriam de nós. Valeu a pena nossa luta – afirma a merendeira Silvia Nara dos Santos Quiroga, 43 anos, com três filhos na escola. 

Devido ao alto custo de transporte dos filhos Marcos Eduardo, seis anos, e Anna Laura, sete, até  Euclides da Cunha, no Menino Deus, a pedagoga Simone Moreira Rodrigues, 39 anos, que no momento está desempregada, nem sempre conseguia levar os filhos para a escola:

– Quando eles iam para o colégio, eu ficava a tarde toda com eles lá, para não precisar ir e voltar para buscá-los. E muitas vezes, eles não iam porque eu não tinha dinheiro para as passagens – conta ela, que dava reforço em casa para os pequenos. 

Lauro Alves / Agencia RBS
Simone com os filhos Anna Laura e Marcos Eduardo: vida nova com escola mais perto de casa

A partir de agora, poderá levá-los sem depender de transporte e também poderá procurar um emprego:

– Agora estamos em casa, vou poder me organizar, é vida nova – comemora. 

Furtos e queda no número de alunos 

Por ter ficado muito tempo desocupada, a Escola Dom Pedro I foi alvo de furtos e teve muito dos seus materiais levados. Na cozinha, por exemplo, não há geladeira nem talheres. Nos próximos dias, a merenda será composta por alimentos não perecíveis. Segundo a diretora Marielza Reis da Silva, a escola receberá itens da Escola Felipe de Oliveira, do bairro Petrópolis, que está em fase de fechamento. Até sexta-feira, chegarão pratos, talheres, armários, copos, lâmpadas, geladeira e quadros. 

Também neste período, a escola perdeu mais da metade dos seus alunos. Em setembro de 2017, a escola tinha 480 estudantes. Atualmente, tem 220. Como voltou a funcionar no seu prédio próprio e dispõe de mais espaço físico, há cem vagas disponíveis em 11 turmas. Por enquanto, a instituição está sem telefone. Interessados devem procurar a secretaria da escola na Rua Pedro Boticário, 654, no bairro Glória, Zona Sul. 


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