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Almoço por R$ 1

Único restaurante popular da Capital oferece 500 refeições por dia

Além de moradores de Porto Alegre, local tem público fiel de diversos locais da Região Metropolitana

12/04/2019 - 07h00min


Jéssica Britto
jessica.britto@diariogaucho.com.br
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André Ávila / Agencia RBS
Almoço custa R$ 1 e atrai centenas de pessoas diariamente

Anos depois do "boom" dos restaurantes populares, há cerca de uma década, Porto Alegre e municípios da Região Metropolitana têm poucos estabelecimentos funcionando nesta modalidade. Na Capital, apenas um segue com as portas abertas. Há 13 anos, moradores encontravam opções no Centro (próximo da rodoviária) e nos bairros São Geraldo e Azenha. A prefeitura pretende expandir o projeto e levar para outras regiões da cidade.  

Em Cachoeirinha, cerca de 100 pessoas são atendidas diariamente no bairro Imbuí. Sapucaia do Sul e Gravataí, que também disponibilizavam o serviço, hoje não o oferecem mais. Em Canoas, o restaurante está fechado temporariamente devido a pendências na renovação do contrato.

O Restaurante Popular de Porto Alegre foi inaugurado em 2005, no Centro, mas fechou as portas em 2013, depois que a prestação de serviço entre Estado e empresa não foi renovada por conta da ausência de alvará sanitário e do plano de prevenção contra incêndio. Para a reabertura, foi feita uma nova licitação, e a empresa Mix Refeições Corporativas assumiu o gerenciamento. Em 2015, o restaurante foi reaberto provisoriamente no Albergue Municipal da Fasc e, no ano seguinte, reinaugurado na Rua Santo Antônio, no bairro Floresta, onde funciona até hoje, atendendo diariamente a cerca de 500 pessoas _ mas com capacidade para receber até 600.

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É só chegar

Em tempos áureos, o Popular chegou a oferecer café da manhã, almoço e jantar. Hoje, apenas o almoço é servido por R$ 1. Qualquer pessoa pode frequentar o local, crianças, adultos, empregados ou não. Mas a preferência é por moradores da cidade em situação de vulnerabilidade social. Há espaço físico reservado para pessoas com deficiência e uma fila separada para os idosos. 

A comida, apesar de simples, é completa. De acordo com a coordenadora da Segurança Alimentar da Prefeitura de Porto Alegre, Carolina Breda, é servido arroz, feijão, carne, guarnição, salada, sobremesa (fruta ou doce) e água à disposição. Nove funcionários da empresa terceirizada prestam atendimento, inclusive no auxílio às pessoas com mobilidade reduzida.   

Projeto é descentralizar

De acordo com a secretária de Desenvolvimento Social e Esporte (SMDSE) de Porto Alegre, Nádia Gerhard, nos moldes atuais, o restaurante atende a demanda planejada, mas o projeto da prefeitura é descentralizar o serviço e oferecê-lo em outras regiões da cidade. Para isso, um edital foi lançado em janeiro em busca de parceiros interessados em gerir os restaurantes, mas não houve interessados.

André Ávila / Agencia RBS
Luiz Carlos e Ilar almoçam juntos no restaurante da Capital

— A ideia é que a gente possa colocar restaurantes em regiões com uma carência maior, no Centro, onde há maior circulação pessoas, e no extremo sul da cidade, por exemplo, onde há uma necessidade muito grande. Quem não tem dinheiro para comer, provavelmente, não tem como se deslocar para almoçar em outra região da cidade, então estamos trabalhando para melhorar isso — destacou.

A proposta é encontrar alguma empresa, organização ou entidade disposta em comandar o serviço com apoio da prefeitura, que fará o repasse de recursos. A abertura do processo em janeiro, em um período de férias, segundo a SMDSE, pode ter prejudicado o certame. Ainda não há, no entanto, data para o relançamento.

"A comida é um espetáculo"

André Ávila / Agencia RBS
Para o reciclador Jânio Rodrigues, comida é saudável e completa

Os aposentados Luiz Carlos Onantschenko, 71 anos, Ilar Maria Bitella, 76, vêm de Sapucaia do Sul quase todos os dias para almoçar no restaurante popular de Porto Alegre. Eles já são conhecidos dos funcionários e costumam distribuir balas em uma demonstração clara pelo bom atendimento. 

— Um amigo meu nos indicou, disse que a comida era muito boa e eu não acreditei. Um dia, resolvemos vir e realmente nos surpreendeu, é muito bom — conta Ilar, que já frequenta o local com o namorado há um ano e meio.  

A facilidade, o preço baixo e a qualidade da comida atraem as pessoas, muitas delas com poucos recursos para pagar um buffet tradicional. É o caso do reciclador Jânio Rodrigues de Abreu, 53 anos, morador da Vila Jardim, um apreciador da comida servida.

— É um espetáculo, frequentei o restaurante por todos os endereços que ele já passou. Tem higiene e é tranquilo. Tive um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e preciso de uma alimentação saudável, aqui o prato é colorido — destaca.  

Ainda não é necessário cadastro prévio para usufruir da comida, basta pagar e sentar. Porém, com a intenção de conhecer melhor os clientes, a prefeitura está coletando informações dos usuários. Na fila para registrar os dados, Nilda Bueno, 65 anos, e o neto Paulo José Amorim, sete, de Canoas, contaram que também costumam almoçar no restaurante com regularidade.

— Viemos com frequência, ele mesmo se criou comendo em restaurantes assim — declara.

Quer experimentar?

/// O Restaurante Popular oferece almoço de segunda a sexta-feira, das 11h30min às 14h30min.

/// O preço é R$ 1. Atendimento para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Cadastro feito na hora.  

/// Endereço: Rua Santo Antônio, 64, bairro Floresta, Porto Alegre.

/// Em Cachoeirinha, o restaurante está localizado na Rua Imbuí, 46, na Vila Cachoeirinha. O valor cobrado é de R$ 1. Para ter direito, é preciso ser cadastrado no CRAS. Se estiver enquadrado nos requisitos da lei, o morador recebe uma carteira que dá acesso ao beneficio. O restaurante abre às 11h30min.

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