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Porto Alegre

 Com técnica que aprendeu em grupo de escoteiros, vizinha salva bebê engasgado

Escoteira de 17 anos ajudou bebê que havia se engasgado com pão com manobra que aprendeu quando tinha apenas sete anos

24/06/2019 - 05h00min


Jéssica Britto
jessica.britto@diariogaucho.com.br
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André Ávila / Agencia RBS
Depois do susto, só agradecimento

A Rua Dona Cristina, no bairro Cristal, em Porto Alegre, ganhou uma nova referência em primeiros socorros. E não se trata da abertura de nenhuma Unidade de Saúde ou Pronto-Atendimento na região, mas de uma jovem escoteira que se tornou a salvadora da rua nesta semana. Na segunda (17), por volta das 21h, a estudante Anaclara Diaz, 17 anos, escutou uma gritaria vinda da viela que passa pelo lado de sua casa. De lá, descia a vizinha e avó do bebê de 10 meses Anthony, Mariângela Machado, de 42 anos. Desesperada, a avó pedia ajuda dos vizinhos para socorrer o neto, que estava engasgado com um pão. 

— Demos um pãozinho e colocamos ele no carrinho. Quando vi, ele estava tremendo, achei que era convulsão. Foi então que minha mãe pegou ele e saiu correndo pela rua — conta a mãe do bebê, Larissa Machado Bica, 18 anos. 

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Apesar do receio, ao ver Mariângela com a criança no colo, a mãe de Anaclara pediu para que a filha ajudasse. Há 10 anos, Ana participa de grupos de escoteiros e quando tinha sete anos conheceu algumas técnicas em um curso de primeiros socorros. Na época, aprendeu procedimentos simples, como cuidar de um machucado, mas também a atuar em situações semelhantes. 

— Fiz o que tinha que fazer, fiz o procedimento de desengasgo. Tinha muita gente mais velha do que eu olhando e sem fazer nada, eu tinha que ajudar — lembra. 

Hora certa

André Ávila / Agencia RBS
Anaclara realizou a Manobra de Heimlich no bebê

Seguindo o lema do escoteirismo: sempre alerta, Ana conta que pegou Anthony no colo, virou o bebê de bruços, abriu sua boca e bateu algumas vezes na costas (a chamada Manobra de Heimlich). Assim que ele desengasgou e voltou a respirar normalmente, imediatamente, a família pediu carona para um vizinho e correu para o Postão da Cruzeiro, minutos dali. Lá, ele ficou em observação por algumas horas. O médico disse que em função da obstrução, ele teve uma crise respiratória. 

— Depois de Deus, foi a Anaclara que entrou no nosso caminho. Deus colocou ela lá para ajudar o meu bisneto — declara Angela Maria Xavier, 65 anos. 

Ana e Larissa são vizinhas e amigas há anos. E essa não foi a primeira vez que Ana ajudou alguém em situação de risco. Há algum tempo, ela não sabe precisar quanto, um motociclista se acidentou na esquina da sua casa. Foi ela quem o ajudou na imobilização, evitando que ele se mexesse e, por consequência, tivesse outras complicações. 

Ana já sabe: vai ser enfermeira

A cena dessa semana deixou todos apavorados, mas aliviados. Uma cena revivida pela avó de Anthony, Mariângela, que já tinha passado por situação semelhante com um filho há 15 anos.

— Lembrei de tudo que aconteceu aquele dia, parecia que eu estava vivendo tudo de novo. Na outra vez, também, tive que pedir ajuda a um vizinho — detalha.

Hoje, Ana integra o Grupo de Escoteiros Ubuntu, mas foi no Grupo Bento Gonçalves que ela aprendeu as primeiras técnicas. A experiência vivida a alguns passos da porta de casa levou a jovem, prestes a concluir o Ensino Médio, a uma escolha, a da nova profissão: agora já sabe que vai ser enfermeira.  

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