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Seu Problema é Nosso

Falta de remédio para tratar reumatismo afeta moradora de Porto Alegre

Ana Fernandes, 46 anos, utiliza o medicamento injetável abatacepte 125 miligramas, fornecido pela Farmácia do Estado. O produto está em falta desde abril

13/06/2019 - 10h58min


Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Embalagem vazia do medicamento que Ana precisa

— Não consigo mais caminhar. Às vezes, nem consigo comer direito. 

A situação difícil é relatada pela dona de casa Ana Jupira Severo Fernandes, 46 anos, moradora da Restinga, em Porto Alegre, que sofre de artrite reumatoide, uma doença inflamatória que afeta as articulações do corpo, causando dores e problemas de locomoção. Para se tratar da enfermidade, ela utiliza o remédio injetável abatacepte 125 miligramas, fornecido pela Farmácia do Estado — que está em falta desde abril. 

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— Eu ligo todos os dias, pegam meu CPF e fico 30 minutos no telefone só para me dizerem que não chegou — reclama a leitora. 

A injeção é uma das substâncias que ela utiliza para diminuir as dores que afetam sua mobilidade e rotina diária. Além do abatacepte, Ana também necessita de comprimidos de leflunomida 20 miligramas que, ainda que não estejam em falta neste momento, não têm sua distribuição contínua, conforme conta a dona de casa. 

— Às vezes, tu vai lá e simplesmente não têm (os remédios). Um mês vem, e outro, não. Já fiquei um período de três meses sem pegar (a leflunomida) — afirma Ana, que precisa se deslocar do extremo sul da Capital até a Farmácia do Estado, na Avenida Borges de Medeiros, no Centro. 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Ana mostra as receitas para o uso do remédio

Tratamento 

Após consultas em fevereiro deste ano, o tratamento com abatacepte era esperança de Ana para uma melhora de qualidade de vida. Mas durou pouco. O corte brusco na utilização do remédio fez os sintomas voltarem com mais força, conta a leitora. 

— Os meus dedos dos pés e das mãos estão atrofiando. Estou piorando. Meus filhos têm que me ajudar a fazer coisas básicas. Não tenho como comprar os remédios já que só recebo auxílio-doença — conta Ana. 

Segundo lojas especializadas online, o medicamento pode custar até R$ 7,5 mil, em uma embalagem com quatro injeções de Orencia — nome com o qual a substância abatacepte é comercializada. Ana necessita tomar uma dose por semana. 

Reclamações sobre outros produtos

Neste ano, vêm sendo recorrentes as reclamações sobre falta de remédios na rede pública. O Diário Gaúcho publicou casos em 20 de março e em 2, 8 e 31 de maio deste ano. O mais recente contado pela seção Seu Problema é Nosso afetava moradoras de Canoas, que precisavam de remédios para transplantados. 

Entre os motivos para as faltas, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) citou desde problemas com fornecedores até nos repasses do Ministério da Saúde. A SES comunicou que cada situação pode apresentar uma causa diferente, o que dificulta um diagnóstico geral da situação no Estado. 

Entrega agendada para este mês 

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que o abatacepte é fornecido pelo Ministério da Saúde ( MS) em duas apresentações, uma de 125 miligramas — a utilizada por Ana — e outra, de 250 miligramas, que são repassadas aos Estados. 

Na nota, a pasta relatou que o abatacepte 250 miligramas não está em falta no Estado, apenas a versão usada pela dona de casa. Segundo a SES, o MS agendou a entrega do abatacepte 125 miligramas ao Estado para o dia 19 de junho. Porém, não citou data para o produto estar disponível na Farmácia do Estado. 

Questionada, a SES não explicou quantas pessoas são afetadas pela falta. 

Produção: Ásafe Bueno 



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