Solidariedade
Após participação no Caldeirão do Huck, Tia Lolô projeta o futuro de sua associação
Depois de ter seu projeto social contemplado pelo programa "Caldeirão do Huck", idealizadora de entidade segue na luta diária para manter viva associação que completa 25 anos em 2019
É complicado manter uma conversa com Losângela Ferreira Soares, a Tia Lolô, por mais de cinco minutos. Não é por falta de atenção dela, pelo contrário. O esmero e o envolvimento com que a moradora de Viamão cuida das cerca 80 crianças que comparecem diariamente à sede da associação — criada por ela, em 1994 — faz com que o carinho de Lolô seja disputado. No total, são 150 crianças de zero a 14 anos cadastradas, conforme Lolô.
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De longos cabelos pretos e sorriso fácil, a voluntária recebeu a reportagem na cozinha do projeto, onde preparava o almoço das crianças na manhã de ontem. Entre um relato e outro sobre os 28 dias que passou junto da equipe do apresentador Luciano Huck, da TV Globo, Lolô olhava rapidamente o celular. Depois do último sábado, quando a história de seu projeto foi contada no quadro Um Por Todos, Todos Por Um, do Caldeirão do Huck, quase mil mensagens chegaram ao WhatsApp de Losângela. O telefone celular pessoal de Lolô é o principal contato da Associação Comunitária Beneficente Tia Lolô do Ônibus.
— São tantas mensagens, acho que só semana que vem terei dado conta de responder todo mundo — brinca ela.
A entrega da nova sede da associação foi ao ar no programa de sábado. Porém, a gravação ocorreu no final de maio, quando Luciano Huck esteve em Viamão para apresentar o novo espaço, que tem salas de informática, pintura e costura, além de uma pequena cozinha, refeitório ao ar livre e banheiros. Na ocasião, o Diário Gaúcho acompanhou a ida do apresentador à Viamão. Como era necessário esperar o programa ser exibido para abrir as portas da nova sede, os primeiros alunos acessaram o local ontem.
Volta ao mundo
Como mostrou o programa, além de ter um novo local para atender as crianças, Lolô viajou até a Coreia do Sul ao lado de Huck para absorver exemplos do sistema educacional do país, que se tornou um exemplo para o mundo depois de um trabalho de mudança executado no país asiático nas últimas décadas.
— É algo extraordinário. Eu nunca tinha visto algo tão avançado, a educação é muito valorizada naquele país. De tudo que aprendi lá, vou poder aplicar um pouquinho por vez aqui — explica ela.
O quadro do Caldeirão para o qual a entidade foi escolhida tem como objetivo mobilizar um mutirão para ajudar personagens marcantes em suas respectivas regiões de atuação. O projeto de Lolô tinha como sede a construção feita ao redor da antiga carcaça de um ônibus, onde tudo começou. Esta área é alugada, por isso, o programa contemplou a associação com uma nova sede, em frente ao prédio atual, ao lado da casa de Lolô, onde a propriedade pertence à moradora de Viamão. Apesar de as despesas aumentarem com as duas sedes, Lolô diz que poderá realizar um sonho:
— Vamos conseguir manter as crianças menores, de até seis anos, no prédio antigo. Aqui, dos sete aos 14 anos, atenderemos os jovens que vão participar das oficinas.
Crianças precisam de roupas de inverno
Atualmente, a renda da associação vem da venda de panos de prato, de latinhas e lacres de alumínio, além de um brechó realizado mensalmente. A nova sede também conta com máquinas para estampar camisetas, canecas e bonés, o que deve gerar mais alguma renda. Entretanto, a voluntária ressalta que o programa proporcionou toda a nova infraestrutura e R$ 30 mil em produtos alimentícios, mas não o custeio da associação, que continua dependendo das doações.
— Algumas pessoas confundem, acham que a gente ganhou dinheiro. Ganhamos essa sede maravilhosa, mas a nossa sobrevivência continua dependendo da solidariedade _ explica ela.
Necessidades
De momento, Lolô ressalta que a maior necessidade é para doação de roupas de inverno para crianças. Depois, tubos de cola glitter de alto relevo também são necessários, pois é o produto mais utilizado para enfeitar os panos de prato vendidos pela associação. Uma demanda especial são transformadores de energia, pois as máquinas de estamparia possuem voltagem diferente da que é distribuída em Viamão.
— O voluntariado também é muito bem-vindo. Qualquer pessoa que tenha uma habilidade e queira compartilhar, ensinar nossas crianças, será muito bem recebida — garante ela.
Para as crianças que estão usando o novo espaço, a sensação é de orgulho. A pequena Natalia Martins, nove anos, veio para a associação quando estava aprendendo a caminhar. Ontem, ela acessou o novo espaço pela primeira vez, onde fará as oficinas de pintura dos panos de prato:
— Ficou ótimo, amei o espaço. Tudo ficou muito melhor.
Como ajudar
O contato com a associação pode ser feito pelo telefone (51) 98537-8397.