Seu Problema é Nosso
Mais de 970 dias à espera de consulta
Morador de Porto Alegre, Antonio Carlos de Almeida sofre com dores fortes causadas por varizes. Em 2016, ele foi encaminhado para um especialista em cirurgia vascular, mas até hoje aguarda pelo atendimento
Já fazem alguns anos que as dores nas pernas fazem parte da vida do metalúrgico aposentado Antonio Carlos de Almeida, 66 anos, morador do Jardim Leopoldina, em Porto Alegre. Devido à profissão, ele sempre acreditou que o problema fosse oriundo do cansaço ao fi m do dia de trabalho. Contudo, foi em 2016 que Antonio decidiu procurar ajuda médica, pois começou a sentir dores mais fortes na perna esquerda, acompanhadas da sensação de queimação no local.
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— Eu nunca dei importância para essa dor, pois, como trabalhava em pé, achava que fosse por isso. Porém, começou a ficar mais forte, a ponto de não poder dormir à noite e sentir a perna muito quente — relembra.
Após consulta na Unidade de Saúde (US) Jardim Leopoldina, o idoso descobriu que estava com varizes. O problema de saúde, que no geral ocorre nas pernas, é causado porque as veias responsáveis por levar o sangue que circulou pelo corpo de volta ao coração, dilatam-se e criam deformidades, devido ao desgaste das válvulas que direcionam o fluxo sanguíneo, causando pressão e acúmulo de sangue nos canais. Na época, ele foi encaminhado para exames, afim de verificar a gravidade de seu quadro.
Cirurgia
Com o resultado em mãos, Antonio retornou à Unidade de Saúde em 29 de novembro de 2016. Os exames apontaram que sua veia safena estava obstruída.
Segundo ele, a médica da US lhe informou que o problema só poderia ser resolvido por meio de cirurgia de safenectomia — retirada da veia safena. No mesmo dia, ele foi direcionado para um especialista em cirurgia vascular. O tempo médio de espera para essa especialidade, na prioridade atribuída ao idoso, é de 687 dias. Contudo, mais de 970 dias se passaram — quase um ano acima da média —, mas o chamamento nunca ocorreu.
Agora, Antonio acessa quase que diariamente o sistema de acompanhamento de solicitações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na esperança de que haja alguma atualização. Entretanto, a única novidade é sempre o tempo da sua espera, que só aumenta.
— Fico preocupado, pois até hoje não me chamaram. Os médicos já me falaram que, se não operar, meu quadro pode evoluir para uma trombose — conta Antonio.
“Quero usar bermuda”
Por conta do problema, Antonio precisa usar todos os dias uma meia de compressão, desde 2016, quando recebeu o diagnóstico. Ela serve para aumentar a circulação sanguínea, reduzindo a pressão no local e amenizando a sensação de dor, peso e cansaço causada pelas varizes.
— Se eu não uso a meia, as pernas doem demais. Então, tiro-a apenas para dormir. Também não posso ficar muito tempo em pé e, sempre que me sento, coloco as pernas para cima — conta o aposentado.
Segundo Antonio, durante o inverno, o uso não causa tanto incômodo. Contudo, desconforto maior é usar nos dias quentes. Até o próximo verão, ele tem esperança de que a cirurgia já tenha sido feita, e conta as horas para voltar a aproveitar algo muito simples:
— Eu quero muito poder usar bermuda novamente.
Consulta nos próximos dias
A SMS informou que Antonio Carlos deve ser contatado para agendar o atendimento dentro de alguns dias. Segundo a pasta, a cirurgia de varizes é uma subespecialidade com grande demanda reprimida, cujos atendimentos são feitos de acordo com a prioridade de cada situação. O caso do idoso não é classificado como prioritário.
A SMS explicou, ainda, que o tempo médio de espera é calculado considerando os últimos seis meses. Contudo, é possível que alguns pedidos levem mais ou menos tempo. Atualmente, mais de duas mil pessoas aguardam consulta com cirurgião vascular para tratar varizes.
Produção: Camila Bengo