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Limpeza, infraestrutura e acessibilidade: como estão os terminais de ônibus de Porto Alegre

Reportagem circulou por oito locais espalhados por diversos bairros da Capital

21/09/2019 - 05h00min

Atualizada em: 25/09/2019 - 14h31min


Alberi Neto
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Alberi Neto / Agência RBS
Terminal Triângulo está em obras

A sorte da reportagem era não ter horário marcado para pegar ônibus no Terminal Triângulo, na zona norte de Porto Alegre. No início da tarde de terça-feira (17), ao testar um dos elevadores do local, o equipamento apresentou defeito e deixou de funcionar por quase uma hora. Durante este tempo, além do desconforto de estar preso num elevador, outro fato que chamou atenção foi o forte cheiro de urina do espaço, que também se espalha pela galeria que conecta as plataformas de embarque do Triângulo.

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Assim começou a jornada do Diário Gaúcho por oito dos principais terminais de ônibus da Capital. A situação vivenciada no Triângulo é uma pequena amostra do que passam os usuários do transporte público diariamente. Em setembro do ano passado, o DG visitou estes locais e constatou a situação precárias dos pontos de ônibus. Na época, a prefeitura apresentou suas intenções para os espaços, que incluíam parcerias com entidades privadas, licitação para consertos pontuais e reforço nos serviços de rotina. Um ano depois, é hora de conferir aquilo que prosperou e o que ainda está no papel. 

Em se tratando do principal terminal da Zona Norte, o cenário mudou. Uma reclamação que já era praticamente folclórica — a falta de cobertura no Triângulo, arrancada parcialmente durante um temporal em dezembro de 2014 — está sendo resolvida. Por meio de uma parceria, o local está passando por uma reforma completa, que inclui a reconstrução do telhado. 

Segundo a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Smim), das 15 etapas de trabalho previstas, quatro estão concluídas e quatro estão em andamento. E na próxima semana serão iniciadas ainda mais duas. Começadas em junho, as reformas devem ser concluídas em novembro.

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Enquanto os trabalhos seguem, circular pelo Triângulo e achar o ônibus certo exige o dobro de atenção. Moradora do bairro Parque Santa Fé, a professora aposentada Marli Cunha, 68 anos, não conseguiu achar o local certo para embarcar num ônibus que a levasse até Gravataí, na Região Metropolitana. 

— Desembarquei do meu ônibus e estou tentando achar a parada. Está difícil, não achei placas de indicação — conta ela.

Centro

Embarcando na Zona Norte e partindo em direção à área mais central de Porto Alegre, o Diário passou pelos terminais Parobé e Praça Rui Barbosa — junto ao Pop Center —, no Centro Histórico. Nestes pontos, chama atenção o número de pessoas em situação de rua ocupando as áreas. Com isso, estes pontos deixam de ser limpos. A Smim confirma que, em alguns momentos, "o serviço é prestado de forma limitada e com sensibilidade, observando-se esse problema de vulnerabilidade social". 

André Ávila / Agencia RBS
No Terminal Parobé, presença de pessoas em situação de rua chama a atenção

Além disso, o serviço de Abordagem Social da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) realiza atendimento sistemático nos terminais de ônibus citados. São oferecido os serviços da fundação, como albergues, abrigos e centros pop. A diarista Alessandra Cavalheiro, 40 anos, costuma utilizar linhas que passam pelo Parobé. Para ela, além das pessoas em situação de rua, a precariedade dos banheiros e a insegurança no local também preocupam. Durante a vista da reportagem, o banheiro do Parobé estava fechado para reforma. Segundo a Smim, os sanitários foram reabertos na quarta-feira após passarem por 10 dias de manutenção, que incluíram pintura e melhorias elétricas e hidrossanitárias. 

Projeto para revitalizar dois pontos

Nos terminais Antônio de Carvalho, no bairro Agronomia, e Cairu, no bairro São Geraldo, os problemas de infraestrutura se destacam. Na Zona Leste, chamam atenção a falta de acessibilidade e as goteiras. Na região central, além da acessibilidade nula, a estrutura é mínima. O Terminal Cairu nada mais é do que um amontado de abrigos de fibra, modelo antigo de paradas de rua.

Alberi Neto / Agência RBS
Goteiras e falta de acessibilidade são os problemas enfrentados pelos passageiros no terminal Antônio de Carvalho

Conforme a Smim, os dois locais foram incluídos em projetos encaminhados pela prefeitura ao Ministério da Justiça no final de agosto. A tentativa foi para concorrer a recursos do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos. O valor total dos projetos para implantação de acessibilidade em terminais e corredores de ônibus é de R$ 1,2 milhões. Se confirmados os recursos, serão feitas intervenções para garantir o acesso universal aos principais terminais e estações de corredor de transporte de Porto Alegre, como o Cairu e o Antônio de Carvalho.

Em relação às goteiras, a prefeitura encaminhou orçamento para limpeza de calhas e manutenção de telhado e do gradil de concreto do cercamento da área.

Dilema dos elevadores e escadas rolantes

Em três dos terminais visitados, o funcionamento dos elevadores e escadas rolantes disponíveis foi testado pela reportagem. No caso do Terminal Triângulo, citado no início da reportagem, a Smim informa que a empresa responsável pela área diz que o problema pode ter sido causado por queda ou oscilação de energia em razão das fortes chuvas de terça. Dos três elevadores do Triângulo, somente um está em manutenção e sem operar — aquele que dá acesso à plataforma principal no sentido bairro/Centro da Avenida Assis Brasil.

Nos dois terminais da Terceira Perimetral, havia sinais de trabalho da empresa licitada para os serviços imediatos de recolocação em funcionamento e manutenção de rotina dos elevadores e escadas rolantes. No viaduto José Eduardo Utzig, uma escada está em fase final de manutenção, devendo ser reativada no final deste mês. A outra está com manutenção pendente em razão de um acidente de trânsito no local. Por isso, a prefeitura não possui autorização para mexer no equipamento até a decisão final da Justiça. Os dois elevadores do local estão em funcionamento.

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Vandalismo

No caso do terminal no encontro das avenidas Protásio Alves e Carlos Gomes, a Smim informa que a verba prevista na licitação não foi suficiente para o conserto de todas as escadas rolantes do local. A razão é "o enorme grau de deterioração e desgaste causado, principalmente, por vandalismo". Por isso, um novo edital será feito. O prazo para conserto das escadas é até o final de 2020. Assim, algumas escadas rolantes funcionam, mas todos os elevadores estão operando.


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