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Seu Problema é Nosso

Falta de insumos em hospital da Capital impossibilita realização de exame

Para reverter a colostomia, o motorista aposentado Edison Castro precisa, antes, passar pelo diagnóstico médico, que depende de produtos em falta

15/10/2019 - 10h19min


LeitorDG / Arquivo Pessoal
Requisição para fazer o exame

Utilizar uma bolsa de colostomia já é algo difícil, ficar com ela mais tempo do que o necessário é ainda pior. Este é o caso do motorista de ônibus aposentado Edison Castro, 59 anos, morador de Viamão. Há um mês, ele tenta retirá-la, mas não consegue por falta de equipamento no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre

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Em 5 de setembro de 2018, Edison realizou uma cirurgia que retirou parte do intestino grosso devido a uma inflamação na mucosa na região. Por conta da operação, ele precisou colocar a bolsa. O aposentado conta que deveria ter feito o procedimento para reverter a colostomia em junho, mas tem diabetes e e sua glicemia estava alta na época, então, não foi autorizado a fazer a reversão. Após consultas com nutricionistas e uma reeducação alimentar, os exames mostravam seu índice cada vez menor. 

Com isso, Edison começou as consultas preparatórias para realizar a retirada da bolsa. O último passo antes da cirurgia é realizar um exame de hemoglobina glicada, que mede os níveis atuais de açúcar no sangue. No entanto, ele não consegue fazer seu exame porque a equipe médica do Conceição alega não ter os insumos necessários para utilizar o equipamento medidor há mais de um mês. 

— O médico me avisou que, se eu fazer a cirurgia de operação com a glicose alta, o procedimento não vai ter sucesso e posso voltar para a mesa de operação em breve. Não é isso que eu quero — relata o aposentado. 

Ansiedade 

O aposentado, que morava em Magistério e se mudou para Viamão para poder ficar mais perto do Conceição e realizar o tratamento necessário, diz que prefere não sair de casa para evitar os constrangimentos que a bolsa traz. Ele está fi cando cada vez mais angustiado com a situação: 

— A ansiedade para retirar isso do meu corpo é muito grande. Essa bolsa me priva de quase tudo. É difícil sair, pois é complicado encontrar locais adequados para eu realizar a minha higiene. 

Por conta da condição atual, o aposentado se vê distante de uma de suas maiores paixões: jogar bocha. Ele conta que jogava todos os dias com seus amigos, mas precisou se afastar dos jogos em função do uso da bolsa de colostomia. Mesmo com o apoio da sua mulher, dos dois filhos e do neto, o aposentado conta que todo esse problema o deixa abalado: 

— De saúde, eu estou bem. Agora, é só o psicológico que está atingido com tudo isso. 

Prazo dado para reposição 

Em nota, o hospital Conceição informou que a falta do exame não está impedindo Edison de fazer a cirurgia e que este procedimento servirá apenas para assegurar que o nível de açúcar no sangue está controlado. Porém, Edison garante que o seu médico não quer operá-lo sem o resultado da análise. 

A instituição esclarece que o atraso na compra dos insumos se deu devido a um problema na assinatura do aditivo de compra, e que o estoque foi reposto e normalizado na sexta-feira passada. 

Porém, de acordo com o aposentado, ao entrar em contato com o hospital ontem pela manhã, foi informado de que ainda não havia insumos para o equipamento. Por fim, o hospital afirma que a saúde do paciente não será prejudicada pelo atraso na retirada da bolsa. 

Produção: Thayná Souza

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