Transporte público
Linhas de lotação da Restinga e de Belém Novo completam cinco anos de funcionamento
Modalidade de transporte era demanda antiga da população da região
Já se passaram cinco anos desde que a primeira lotação estacionou no terminal localizado em frente ao Hospital da Restinga, no extremo-sul de Porto Alegre. Foi no dia 7 de novembro de 2014, após décadas de luta, que moradores da Restinga e do Belém Novo puderam enfim comemorar a novidade. Naquela sexta-feira, às 6h, o primeiro veículo carregou um grupo de pessoas para uma viagem sem custos.
O vigilante Carlos Andrade, 52 anos, estava entre eles e, naquele dia, também deu entrevista ao Diário Gaúcho.
– Foram muitos anos pedindo. A chegada da lotação diminuiu o tempo e a distância que sempre existiu com o Centro, veio para agregar qualidade, conforto. Muito melhor do que o ônibus e a diferença da passagem é pouca – relata.
Ano a ano, o transporte público de Porto Alegre perde milhares de passageiros. Entre as razões, estão a preferência pelo carro e a chegada dos aplicativos. Com as lotações não é diferente. Nos últimos cinco anos, o sistema teve redução de 31,13% no número de passageiros, segundo a EPTC. No período, a linha do Belém Novo teve decréscimo de 34,3%. Na Restinga, a queda foi menor e ficou na marca de 18,07%.
Satisfação
Do terceiro ano de circulação em diante, a linha da Restinga começou a perder usuários, mas manteve a média anual acima de 1 milhão. O motorista Luciano Naegler, 37 anos, trabalha no bairro há quatro e conta que a demanda é sempre alta.
– É uma linha boa de se trabalhar. Os passageiros costumam ser os mesmos e acaba se criando uma convivência. Além disso, os veículos são equipados com câmera, GPS, e é possível acompanhar todo o percurso – conta.
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Quem usa o transporte elogia e grande parte diz preferir pagar um pouco a mais do que depender só do ônibus.
– Nós moramos em frente ao hospital (da Restinga) e, para irmos ao Centro, precisaríamos pegar dois ônibus e gastar R$ 9. Na lotação, pego apenas uma e gasto R$ 6,60. Poderia ser mais rápido, às vezes, leva o tempo do ônibus – opina Susan da Luz, 28 anos.
Diretor-executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros por Lotação (ATL), Rogério Lago diz que o saldo dos cinco anos da linha na Restinga é positivo. Ele acredita que a queda de usuários menor do que a de outros itinerários está ligada ao trajeto.
– As linhas longas costumam ser menos afetadas, pois seu principal concorrente, o carro de aplicativo, torna-se mais caro em trajetos maiores. No caso da Restinga, ainda há uma ligação boa com a comunidade – explica Rogério.
Conforto e pontos a melhorar
A dona de casa Maria Angela de Moura, 57 anos, tem se deslocado de Gravataí para Porto Alegre com frequência para realizar os exames preparatórios para cirurgia que vai fazer no Hospital da Restinga. Desde que o vaivém começou, tem optado pela lotação, que a deixa na porta do centro de saúde.
– Pego ônibus de Gravataí e desço no centro de Porto Alegre. Do Centro, pego a lotação para cá. É rápido e confortável. Pago um pouquinho mais, mas vale a pena – conta.
O vigilante Carlos acredita que, para ficarem ainda melhores, as lotações precisariam ampliar a oferta de horários aos finais de semana.
– Têm pessoas que trabalham cedo e a lotação só começa às 7h. Também, muitas pessoas entram no carro e acham que o ar está ligado mas, na verdade, é só a ventilação, quando deveria ter o ar-condicionado funcionando. Fora isso, está tudo certo – relata o usuário.