Solidariedade
Após vaquinha virtual, projeto doa cestas básicas para pessoas que tiveram renda prejudicada pelo coronavírus
Arrecadação também permitiu a compra de produtos de higiene. Doações foram encaminhadas para seis instituições de Porto Alegre
A restrição de atividades em função do coronavírus tem atingido pessoas de todas as áreas. Para aqueles que ganham por produção ou dependem de outros setores da cadeia industrial para receber salário, porém, as consequências chegam mais rápido. Para amenizar essa situação, voluntários e instituições têm se unido para ajudar algumas dessas pessoas. O projeto Cesta Solidária é uma dessas ações.
A iniciativa teve início no domingo passado, com a união de dois amigos, o advogado Daniel Mussi, 33 anos, e o educador físico Vicente Zilles, 30, que criaram uma vaquinha online com a meta de arrecadar R$ 20 mil.
O dinheiro serviria para a compra de cestas básicas, incluindo produtos de limpeza e higiene, para serem distribuídas em seis instituições que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social de Porto Alegre: Creche Boa Esperança, Creche Pé de Moleque, Lar dos Cegos Louis Braille, UT Associação Anjos da Ecologia, UT Reciclando pela Vida e UT Santíssima Trindade. As três últimas são centros de separação de lixo reciclável. As doações foram entregues na quarta e na quinta.
Conforme Daniel, com a divulgação de amigos e de pessoas que se identificaram com a causa, em menos de 48 horas a iniciativa obteve o apoio de mais de 300 doadores.
– Tirando a taxa do site onde a vaquinha foi feita, conseguimos arrecadar pouco mais de R$ 18 mil. Usamos cerca de R$ 15 mil em cestas básicas e R$ 3 mil em itens de higiene. Sobraram R$ 384, que serão utilizados na próxima compra. Como a meta foi atingida rapidamente, a ideia é manter a campanha ativa até quando for necessário – afirma Daniel.
Foram as próprias instituições que determinaram a quantidade de cestas que precisavam. As contribuições para as próximas ações podem ser feitas pelo site vaka.me/952134, assim como o acesso à prestação de contas.
Beneficiados
Entre as instituições beneficiadas estão a Associação Anjos da Ecologia e a Reciclando Pela Vida. Conforme a assistente social que atende os locais, Simone Pinheiro, elas são conveniadas ao DMLU, prestam serviço por contrato e fazem a triagem do material vindo da coleta seletiva de Porto Alegre. As 40 cestas básicas recebidas por eles foram distribuídas entre 20 famílias de catadores ligados às associações.
– As indústrias que compram o material deles estão paradas. Logo, eles não têm para quem vender, o que os deixa sem renda e numa situação muito difícil. Além de alimentos, eles estão com dificuldade para adquirir equipamentos de proteção individual e sabonete – relata Simone.
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Marina Souza da Luz, da Reciclando pela Vida, moradora do bairro Floresta, conta que sua categoria ficou vulnerável à doença, por estarem em meio ao material de descarte.
– Estamos bastante preocupados com isso. Além do risco, também temos o problema da falta de compradores. Somos autônomos, se pararmos de trabalhar, ficamos sem renda. Muitas pessoas do nosso grupo se comoveram com essa doação. Encheram os olhos de água – conta Marina, agradecida.
A Pé de Moleque, creche comunitária que atende gratuitamente em torno de 120 crianças de zero a cinco anos, recebeu 25 cestas. Conforme o diretor, Airton Merel, elas serão distribuídas entre as famílias de alunos mais carentes.
Em todos os locais as doações foram feitas com o cuidado para evitar aglomerações, conforme as orientações para conter a proliferação do coronavírus.