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Após passar por tratamento para leucemia em Barretos, menino da Restinga prepara-se para voltar pra casa

Prestes a receber alta médica, Bernardo e a família precisam de ajuda para arcar com os custos do retorno para Porto Alegre

14/05/2020 - 17h14min

Atualizada em: 14/05/2020 - 17h56min


Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Em tempos de pandemia, momento em que tantas pessoas recebem más notícias, a família do pequeno Bernardo Lorenzi Fagundes, um ano e seis meses, pode se alegrar com a previsão de alta médica do menino e a possibilidade de retorno para casa. Em 22 de julho do ano passado, o DG mostrou a história da família de Bernardo, que saiu do bairro Restinga, na Capital, para a cidade de Barretos, em São Paulo, em busca de tratamento gratuito para um tipo raro de leucemia com a qual o caçula tinha sido diagnosticado. 

À época, Bernardo estava prestes a passar pelo transplante de medula óssea – único tratamento que possibilita a cura. A família precisava de apoio para custear os gastos da permanência em Barretos durante o tratamento do pequeno do Hospital de Amor – referência no tratamento e prevenção de câncer no Brasil. 

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Com dificuldades, mas sem perder a esperança da melhora do filho, a consultora de colchões desempregada Karina Lorenzi, 39 anos, conta que, nesse período de um ano e quatro meses fora de casa, eles tiveram a ajuda de uma rede de solidariedade, tanto de familiares quanto de pessoas que conheceram durante a rotina no hospital. 

No dia 3 de agosto de 2019, Bernardo recebeu a medula do irmão, Gustavo, dez anos, que foi o doador por ser 100% compatível. 

– Foi tudo uma benção. Até o transplante, foram cinco meses de tratamento, o que é um tempo curto. Em Porto Alegre, a previsão era de que o transplante pudesse levar até um ano e meio para acontecer. A recuperação também foi boa. Nosso objetivo de vir para cá deu certo – celebra a mãe.

Retorno

A volta para casa depende da alta médica de Bernardo, que, segundo Karina, acontecerá em breve, após o resultado de alguns exames. Enquanto isso, a família já organizou a mudança e prepara-se para a viagem. 

– Não é só a volta para casa, é voltar com a esperança de vitória, de cura. Sabemos que ainda vamos ter um caminho longo de idas e vindas a Barretos, e talvez eu tenha que ficar aqui (em São Paulo) um tempo para o acompanhamento médico do Bernardo. Serão anos de tratamento, mas é outra sensação – explica Karina. 

O pai e o irmão de Bernardo virão para Porto Alegre com a mudança ainda nesta semana. Karina e o caçula ficarão em uma casa de apoio até a liberação final do médico, que segundo ela, será nos próximos dias. 

Sem festa com a família

Com a família ansiosa para o retorno, Karina conta que tem receio devido à pandemia, pois Bernardo, ainda sensível, faz parte do grupo de risco. Contudo, ela afirma que todos estão bem adaptados às orientações para prevenir a disseminação do vírus: 

– Nossa rotina não mudou, porque vivemos em uma quarentena. Antes, já tínhamos o hábito de limpar tudo, usar o álcool gel, não é nada novo. Temos muito medo. A parte mais inusitada disso é que o Bernardo sempre usou máscara, e ele foi liberado há pouco tempo de usá-la, pela equipe médica. Mas, agora, todo mundo precisa utilizar a proteção. 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Os abraços e beijos da família da gaúcha ficarão para quando o isolamento social não for mais necessário:

– Todos estão com saudade, e muitas pessoas estiveram nos acompanhando, mas não haverá festa como a gente gostaria. Quando tudo isso passar, vamos rever todos. Tudo é precaução, só mudaremos de Estado, mas a rotina continua a mesma. 

Após a alta e assim que o Estado liberar as passagens, por meio do programa Tratamento Fora de Domicílio (TFD), Karina e Bernardo voltarão de avião para casa. 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Violão para custear a mudança

Com a previsão da volta chegando, Karina conta que ela e o marido, o técnico em Enfermagem André Luís Benfatto Fagundes, 44 anos, começaram a se preocupar com os custos da mudança. Além do caminhão para fazer o frete dos móveis, que cobrará cerca de R$ 2 mil, Karina prevê outros gastos, tanto na viagem como em casa, já que ambos, ao chegar na Capital, não estarão trabalhando. 

Para levantar os valores da mudança, a família está rifando um violão autografado pelo cantor Daniel. A rifa custa R$ 10 e é feita de forma online, com o sorteio previsto para dia 3 de junho. 

– Aqui em Barretos, é muito comum violões de cantores serem usados em campanhas. Esse que vamos rifar recebemos da família de uma menina que estava em tratamento, mas que, infelizmente, não resistiu. A mãe dela decidiu nos ajudar. 

Apelo

Karina reforça a importância da conscientização de que é necessário existirem mais doadores de medula: 

– Vemos muitas perdas e temos medo de ser feliz, mesmo com o resultado bom. Por isso, quando eu estiver em Porto Alegre, lutarei pela causa de disseminar a doação de medula. É tão fácil se tornar um doador, e é de graça. Doar medula é doar vida.

De acordo com o site do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), para fazer a doação é preciso ter entre 18 e 55 anos e gozar de boa saúde. Para se cadastrar na lista de doadores, o candidato deve procurar o hemocentro mais próximo de sua casa. No Estado, diversos hospitais contam com esse tipo de atendimento. Em Porto Alegre, os interessados podem procurar o Hemocentro do Estado do Rio Grande do Sul, que fica na Avenida Bento Gonçalves, 3.722. Informe-se sobre os procedimentos realizados durante a pandemia antes de se deslocar. Para isso, ligue (51) 3336-6755 ou envie mensagem pelo e-mail hemorgs@saude.rs.gov.br.

Como ajudar

/// Para comprar a rifa do violão autografado pelo cantor Daniel, acesse o link bit.ly/violao-do-bernardo.

/// É possível fazer doações na conta do pai de Bernardo, André Luís Benfatto Fagundes, na Caixa Econômica Federal, agência 0439, conta poupança 00011117-0, operação 013.

Produção: Caroline Tidra

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