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Construção de novo pórtico em Esteio gera polêmica entre moradores

A construção tem motivado discussões nas redes sociais. Porém, verba federal só pode ser aplicada para este fim.

30/07/2020 - 05h00min

Atualizada em: 30/07/2020 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Félix Zucco / Agencia RBS
Custo aproximado da obra é de R$ 600 mil

A implantação de um novo item na paisagem de Esteio, na Região Metropolitana, está dividindo moradores. Trata-se da construção de um pórtico na entrada da cidade, na intersecção das avenidas Presidente Vargas e Brasil. O local é próximo da travessia sobre o Arroio Sapucaia, no limite com Canoas

Só que com o anúncio da obra, feito em uma publicação no site da prefeitura, os comentários foram positivos e negativos. 

O principal assunto nas opiniões publicadas nas redes sociais tem ligação com custo e a aplicação do dinheiro. Conforme os dados do empreendimento, serão R$ 559,2 mil, advindos do governo federal, além de uma contrapartida de R$ 44,7 mil da administração municipal.

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E em tempos de pandemia do coronavírus, quem leu os valores não ficou muito feliz com a aplicação em uma área que não seja a saúde. O Diário Gaúcho conversou com alguns moradores que publicaram suas opiniões na internet. 

– Me lembrou do antigo pórtico na entrada da cidade. Mas, agora, não acho certo esse gasto porque estamos num momento muito delicado, com a saúde em crise no meio de uma pandemia que não sabemos até quando vai. Acho que o dinheiro deve ser gasto com a saúde pública – diz a pensionista Vera Regina Ribeiro de Lacerda, 59 anos, se referindo ao antigo pórtico da cidade, que perdeu sua função e foi cercado para que os trilhos da Trensurb cortassem a cidade. 

Porém, há quem também defenda a construção do monumento. É o caso da professora Silvia Regina Macedo, 62 anos. Ela entende que o dinheiro deve ser aplicado na obra para não ser perdido.

– Somos uma cidade que recebe competições e também a Expointer. É importante termos uma identificação na entrada do município. Vi nas publicações que algumas pessoas se colocaram contra por causa da pandemia. Mas o investimento é para aquela obra, não podemos perder a verba federal e a chance de fazer essa melhoria para nosso município – opina Silvia.

E é isso mesmo, a prefeitura não pode usar a verba para outra finalidade que não seja o turismo. A razão é que o dinheiro do governo federal vem do Programa de Apoio a Projetos de Infraestrutura Turística do Ministério do Turismo. E o projeto nem é de agora, foi em 2011 que a prefeitura encaminhou a ideia do pórtico para o Ministério do Turismo. A obra chegou a ser licitada em 2015, mas a empresa responsável não iniciou os trabalhos e o contrato teve de ser rescindido pela prefeitura, em 2018.

Félix Zucco / Agencia RBS
Pórtico em metal cruzará toda a via e terá 9,84m em seu ponto mais alto

No ano passado, para não perder os recursos federais, a prefeitura licitou novamente a implantação do pórtico. E em maio, os trabalhos de medição foram iniciados. No início deste mês, as estacas de ferro e a base para receber o monumento foram instalados no local e o Executivo anunciou a retomada da construção, o que gerou o burburinho nas redes sociais. 

Conforme o secretário de pasta de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Semduh), Luciano Reichenbach de Araújo, é compreensível o pensamento de parte da população, por isso é importante esclarecer que a verba tem origem e destino inalteráveis.

– A prefeitura refez essa licitação, inclusive, para não perder a verba – reforça o secretário.

Entrega em quatro meses

Nos comentários, maior parte das citações, além da relação com a pandemia do coronavírus – de que o dinheiro poderia ser aplicado em saúde –, também são citados problemas de infraestrutura viária da cidade, principalmente, buracos nas ruas.

– A gente entende o questionamento das pessoas, mas a prefeitura não deixou de investir em saúde na pandemia, dobramos as UTIs e inclusive somos um dos municípios que mais testa sua população. Eu entendo o anseio da população em relação a outros problemas, mas é importante que se saiba que os recursos tem origens distintas, este dinheiro veio do Ministério do Turismo e deve ser usado para construir o pórtico – explica Luciano Reichenbach de Araújo.

Conforme o secretário da Semduh, o pórtico será fabricado e montado no local quando estiver pronto. Ele será feito em estrutura metálica em aço e apresentará um comprimento total de 31,92m, cruzando toda a via, com um vão livre de 24,22m e 9,84m em seu ponto mais alto, permitindo a passagem de veículos com altura de até 5,1m. A previsão é de que a entrega ocorra em quatro meses.


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