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Após reportagem, projeto de distribuição de almoços passa a atender 500 pessoas ao dia

Iniciativa mostrada em abril, que funcionava de forma improvisada no pátio da residência de um dos idealizadores, ganhou três novas sedes e ampliou a capacidade de atendimentos

25/08/2020 - 07h00min

Atualizada em: 25/08/2020 - 07h00min


Félix Zucco / Agencia RBS
Pastores José Carlos Paz e Carlesso Lameira são os idealizadores

Sanar as fomes de comida e, também, de afeto. Essa é a proposta do Almoço Humanitário idealizado pelos pastores da Igreja Batista Carlesso Lameira, 43 anos, e José Carlos Paz, 55 anos. A iniciativa distribui refeições de forma gratuita para pessoas em situação de vulnerabilidade social desde julho do ano passado. Mostrada pelo DG em 16 de abril deste ano, a ação – que, à época, funcionava de forma improvisada no pátio da residência de José Carlos, em São Leopoldo – se expandiu e ganhou novas sedes, passando a atender mais pessoas. 

Da pequena cozinha da casa de um dos pastores – onde eram preparadas as refeições que, antes, saciavam a fome de cerca de 80 pessoas por dia –, o Almoço Humanitário passou a ocupar dois locais em São Leopoldo e ganhou, ainda, um ponto na cidade vizinha de Novo Hamburgo. Hoje, a iniciativa atende cerca de 500 pessoas a cada dia. 

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– A reportagem teve uma grande repercussão, muita gente entrou em contato conosco depois dela. Começamos a receber um volume de doações muito além do que precisávamos diariamente. Nós entendemos isso como um sinal, pois se Deus estava mandando aquele volume tão grande, era para ser usado, era porque Ele desejava que a gente expandisse – relembra o pastor José Carlos. 

Pandemia acentuou questão social da fome

De acordo com os organizadores, a expansão da iniciativa se relaciona, ainda, com o aumento das dificuldades enfrentadas por grande parte da população. Com a crise econômica instaurada em razão da pandemia de covid-19, a fonte de renda de muitos grupos familiares foi impactada, e a questão da fome tornou-se um problema ainda mais latente.

– A pandemia trouxe a realidade do desemprego para muitas pessoas. Hoje, não é só o morador de rua ou aquele que já era extremamente humilde quem está passando por dificuldades. Temos famílias que eram de classe média mas, agora, buscam sua refeição conosco – conta o pastor Carlesso. 

Busca por doações é constante

Mas, na medida em que o projeto ampliou sua capacidade de atendimento, a necessidade por doações também aumentou. A cada dia, para dar conta de alimentar as cerca de 500 pessoas que consomem o almoço, são gastos em torno de 15 quilos de arroz, 10 quilos de feijão e 15 quilos de proteína – sem contar outros alimentos, que também compõem o cardápio, e os 10 botijões de gás ao mês. Sem nenhum grande patrocinador, a solidariedade de quem acredita na importância do projeto é fundamental. 

– Graças a Deus, a gente não está em uma situação de carência, porque não temos o problema de falta. Porém, todo o tempo, estamos precisando de doações – pontua o pastor Carlesso. 

José Carlos completa:

– O volume de alimentos demandado é assustador, mas vivemos pela fé. Já começamos sem qualquer recurso e seguimos assim, acreditando que Deus vai prover. Não houve um único dia em que deixamos de servir o almoço por falta de comida, e isso é um milagre. A gente valoriza cada pouquinho que é doado, cada um quilo.

Muito além de fornecer comida

Para além de matar a fome – o que, ainda assim, é de extrema importância –, o objetivo do Almoço Humanitário passa por oferecer acolhimento a quem recorre ao projeto em busca de um prato de comida. Apesar de a distribuição estar funcionando no esquema “pegue e leve”, a ação de quem atua no projeto ultrapassa a função de servir refeições. 

– O objetivo inicial era oferecer um prato de comida, mas como poderíamos ficar só nisso? A quem falta o mais básico, que é a comida, falta todo o resto também. Muitas vezes, as pessoas que chegam aqui já foram tão machucadas pela vida que perderam a própria noção do valor que têm enquanto seres humanos. Por isso, queremos que o nosso trabalho seja de resgatar a dignidade dessas pessoas – explica o pastor José Carlos, pontuando que os pastores e demais voluntários estão sempre abertos a escutar as dores de cada um dos atendidos, procurando auxiliar em várias áreas. 

Valdecir: beneficiado que virou voluntário

Com a ampliação da iniciativa, a equipe que toca o projeto também precisou ser ampliada. Entre os novos voluntários, está o reciclador Valdecir Klein, 56 anos. À época da primeira reportagem feita pelo DG, Valdecir – que, antes, buscava diariamente o seu alimento ali – contou sobre sua gratidão ao projeto, pelo carinho recebido.

– Alguma coisa tocou meu coração, e senti que precisava fazer mais, para poder retribuir. Me ofereci para ajudar, e o pastor me explicou que todos ali eram voluntários, mas era isso mesmo que eu queria. Ajudo a picar os alimentos, lavar, cozinhar, servir, limpar banheiro, o que tiver que fazer, eu abraço e faço. A única coisa que peço em troca é mesmo o prato de comida – conta Valdecir, que, mesmo com dificuldades financeiras por conta da pandemia, viu na iniciativa uma razão para seguir em frente: 

– Somos uma família. Sou conhecido como o “pidão” da turma, porque saio a pedir doações por aí. Não tenho condução, então, vou a pé. Chego nos mercados e digo: “E aí, não tem nada para nós?”. O pessoal sempre ajuda.

Saiba mais

/// Para ajudar a iniciativa, com doações de alimentos ou oferecendo-se para atuar como voluntário, você pode contatar o pastor José Carlos pelo WhatsApp (51) 99189-3256.

/// Para receber as refeições servidas no Almoço Humanitário, basta se dirigir a um dos pontos de distribuição, levando seu pote. As refeições são entregues de segunda a sexta, a partir das 11h30min. 

Confira os endereços:

São Leopoldo
/// Avenida Manoel José Bras, 92, bairro Santos Dumont
/// Rua Dom João Becker, 1.764, bairro Vicentina (sede do clube Alambique Leopoldense)

Novo Hamburgo
/// Rua Doutor João Daniel Hillebrand, 320, Bairro Rondônia

Produção: Camila Bengo



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