Papo Reto
Manoel Soares indaga: "Em se tratando de pandemia, o que dói mais?"
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados
Amigos, sei que vocês não têm paciência de ficar lendo sobre a covid-19 e todas as suas consequências. A maioria de nós está cansado de ficar em casa o tempo todo. Quem é rico e pode curtir ar-condicionado e piscina o dia inteiro até se diverte fazendo isolamento, mas a maioria de nós está confinado em casas de, no máximo, quatro cômodos, em que moram mais de cinco pessoas.
A pior parte, ainda, é não poder abraçar nossos pais, não poder expressar nosso afeto aos amigos e demais parentes. É como se não somente nosso corpo estivesse preso, mas nossos sentimentos também. Essa sensação cria um sentimento de angústia que faz parecer que vamos explodir a qualquer momento.
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Mas tudo isso que descrevi até aqui não representa nada quando vemos um membro da nossa família entubado no leito de uma UTI, lutando para ter um pouco de oxigênio no peito. Ver a vida escorrendo entre os dedos sem poder fazer nada é pior do que qualquer sacrifício.
Saber que pessoas que amamos estão morrendo porque não fomos capazes de cumprir uma simples orientação de ficarmos em casa por alguns dias, em nome da solidariedade e consciência, é um fantasma que vai nos assombrar por muito tempo. Essas variantes do coronavírus são mais transmissíveis e têm o poder de matar jovens também, é por esse motivo que o mundo todo está com medo do que pode acontecer.
A única forma que o vírus tem de evoluir é com a contaminação em massa, ou seja, quem tem o poder de parar o vírus e evitar mortes é você, sou eu e quem entender que não adianta ter vacina se nossa consciência não estiver vacinada. Para decidir o que fazer é só pensar no que dói mais: perder uns dias em casa ou enterrar nossos pais?