Seu Problema é Nosso
Falta de limpeza e cheias assustam moradores do bairro Sarandi
Dmae afirma que está sendo finalizada a elaboração de editais para a contratação dos serviços de dragagem de arroios e limpeza de valas
As chuvas que ocorreram no último fim de semana de junho, em Porto Alegre, fizeram com que a preocupação com o transbordamento de arroios e canais retornasse para os moradores do bairro Sarandi, na Zona Norte da capital. O problema, que parece ter se tornado crônico, envolve uma longa negociação entre a comunidade e a prefeitura para solucionar a questão.
Em reportagem publicada pelo Diário Gaúcho em maio, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) afirmou que, em junho, deveria ocorrer a contratação de uma empresa, via licitação, para realizar o serviço de desassoreamento e dragagem de arroios. De acordo com o professor e vice-presidente da Associação dos Moradores e Amigos da Rua Serafim Alencastro e Entorno (Amarsae), Jorge Brasil, 38 anos, mesmo após inúmeros pedidos de limpeza do canal da casa de bombas CB nº 10, o serviço não teria sido realizado no mês de junho, o que resultou na cheia do local:
– Há alguns anos lutamos por essas melhorias. Estamos na época de chuva e nada é resolvido. Cada chuva que vem é uma loucura, porque alaga tudo. Partes que não alagavam antes, agora, estão alagando, a coisa está bem complicada.
Segundo Jorge, a limpeza do canal da casa de bombas foi realizada no dia 1º de julho, após solicitação dos moradores. No entanto, a comunidade relata que essas limpezas, que deveriam ocorrer com frequência, são realizadas somente em momentos mais críticos. De acordo com a professora aposentada Margareth Teixeira Coelho, 64, as cheias dos arroios são uma realidade desde sua infância:
– Moro no Sarandi desde que nasci e sempre enfrentamos o problema das cheias aqui no bairro. Claro, com o tempo fomos conquistando alguns avanços, como a casa de bombas Minuano e a casa de bombas 10. No entanto, algumas outras coisas ainda precisam ser providenciadas.
De acordo com a aposentada, a região mais afetada no momento é a Vila Leão. No local, deveria funcionar a bacia de amortecimento de água que está localizada na Praça Ibirama Ecoville, que segundo os moradores, está estragada.
– A chuva nem precisa ser forte para que o arroio transborde. Enche tudo e, às vezes, chega a entrar dentro das casas das pessoas – diz ela.
Educação ambiental
Outro problema recorrente na região é o descarte irregular de lixo, que faz com que materiais como garrafas plásticas, entulhos e restos de obras parem dentro dos arroios. O lixo depositado em lugares inapropriados acaba contribuindo para o transbordamento do local. Margareth explica que a Amarsae já investiu em uma campanha para conscientizar os moradores.
– Foi contratado um carro de som que passou duas vezes por semana durante um mês, falando sobre a importância do descarte dos materiais em locais corretos. Também foram colocadas placas em lugares específicos, para que o lixo não fosse mais depositado próximo aos arroios e canais – conta.
Jorge Brasil acredita que falta um apoio da prefeitura, no que se refere a campanhas de educação ambiental para os moradores do bairro Sarandi. Segundo ele, talvez isso possibilitasse que o descarte irregular diminuísse na região.
– O arroio Sarandi quase transbordou nas últimas chuvas. Temos uma séria questão em relação ao lixo. É preciso fazer uma campanha forte nesse sentido, a prefeitura deveria assumir essa parte, para tentar amenizar esses impactos.
Três editais lançados ainda neste ano, diz Dmae
Está sendo finalizada a elaboração de editais para a contratação dos serviços de dragagem de arroios e limpeza de valas. Quem diz isso é o Dmae, que garante três editais sendo lançados ainda neste segundo semestre de 2021: um para a Zona Norte, um para a Zona Sul e um para a bacia do Arroio Dilúvio.
O Dmae afirma que o crescimento populacional da região e a ocupação desordenada da área “acelerou a velocidade da água das chuvas nos arroios e nas redes, impermeabilizou o solo devido às construções, e aumentou a demanda do sistema de drenagem”. Em relação à situação da bacia de abastecimento de água, na Praça Ibirama Ecoville, o órgão explica que “parte das redes pluviais não estão ligadas aos equipamentos, o que dificulta o escoamento da água das chuvas”.
Sobre as ações de educação ambiental, a pasta alega que sempre trabalhou em contato direto com a população, por exemplo, nas escolas. Em 2021, com a retomada – aos poucos - das atividades presenciais, ações de educação ambiental estão sendo reformuladas.
Produção: Kênia Fialho