Seu Problema é Nosso
Um ano e meio de espera por conserto de ponte na Lomba do Pinheiro
Estrutura está danificada desde janeiro de 2020
Os moradores da Lomba do Pinheiro, na zona leste de Porto Alegre, convivem há mais de 500 dias com a insegurança de uma ponte que liga as ruas Campinas do Sul e Arvoredo. A ponte apresenta rachaduras, corrimãos soltos e buracos. Neste contexto, a comunidade se vê diante de duas possibilidades: utilizar a ponte mesmo tendo o risco de algum acidente ou caminhar cerca de 30 minutos para contornar o caminho e chegar aos locais que seriam acessados em pouco tempo se a ponte estivesse apta para a passagem.
A situação já foi tema de matérias do Diário Gaúcho duas vezes, em março e em julho de 2020. Estragado desde janeiro do ano passado, o caminho chegou a ser interditado pela prefeitura em março daquele ano. No entanto, de acordo com o motoboy Ivan Roberto Dias, 46 anos, as faixas de interdição foram retiradas pelos moradores que, segundo ele, já cansaram de registrar reclamação pelo 156:
– As pessoas continuam usando. Elas cansaram depois de tanto pedir. Nós (os motoboys) que continuamos tentando cobrar da prefeitura o conserto – relata Ivan.
De acordo com o morador, a ponte costumava ser bastante utilizada pelos motoboys da Lomba do Pinheiro. Além disso, ela também facilita o acesso para uma creche e para um posto de saúde, o que faz com que os principais usuários da passagem sejam crianças e idosos.
Creche
Segundo os moradores, o principal receio é de que a ponte caia durante a travessia de uma pessoa. Outra situação relatada pelos moradores é o fato de que boa parte das crianças que moram na Rua Arvoredo e estão matriculadas na creche, precisam utilizar a ponte. Para o motoboy Dhiordan Garcia Praia, 30 anos, morador da Arvoredo, a maior mudança em sua rotina foi o aumento de tempo entre as entregas. Segundo ele, com a utilização da ponte é possível diminuir o percurso em até 2 km.
– Está ponte é essencial em nossa comunidade, tanto para os moradores como para nós motoboys. A travessia dela é muito perigosa porque está desestruturada.
Questionado sobre o sentimento diante da demora na resolução do problema, Ivan não esconde a frustração:
– É de revolta e de tristeza. Parece ser algo muito acessível de ser feito e, infelizmente, custa muito para a população.
De acordo com presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento do Rio Grande do Sul (IAB RS), Rafael Passos, 42 anos, a prefeitura tem o dever de dar imediata solução. Segundo ele, apesar de ser uma ponte apenas para pedestres, ela é fundamental para encurtar distâncias para o acesso a serviços públicos, como o transporte.
– Me parece que exige um esforço conjunto do Dmae e da Secretaria de Infraestrutura para que uma coisa não dependa da outra. No que se refere à questão do esgoto e da estrutura da ponte – destaca o arquiteto e urbanista.
Prejuízo
O comerciante Carlos William Baun Kipp, 33 anos, transferiu seu comércio para a Rua Arvoredo há dois anos. Segundo ele, desde que a ponte começou a apresentar defeitos em sua estrutura, muitos consumidores pararam de comprar no local por medo de fazer a arriscada travessia.
– Geralmente, meus clientes mais idosos ou mulheres grávidas acabam achando que não vale a pena fazer toda a volta pra comprar. Isso é complicado, porque eu entendo o medo deles – explica o comerciante.
Intervenção ainda em 2021, diz prefeitura
Em 2020, a prefeitura realizou uma visita técnica no local e interditou a ponte, que posteriormente voltou a ser utilizada pelos moradores. Procurada pelo Diário Gaúcho, a Secretaria de Obras e Infraestrutura (SMOI) informou que em junho, o secretário Pablo Mendes Ribeiro, acompanhado de técnicos da pasta, vistoriou a construção. Após a vistoria, teria sido determinada a realização de um projeto para orçamento e execução da recuperação da ponte existente ou construção de uma nova. Segundo a SMOI, “a expectativa é de que a intervenção seja realizada ainda no segundo semestre de 2021”.
Produção: Kênia Fialho