PAPO RETO
Manoel Soares homenageia um professor que marcou sua vida
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados.
Meu trabalho é falar, vivo da minha capacidade de me comunicar. Quando estava na faculdade, um professor sentou comigo mais de uma vez para me explicar que falar ia além de abrir a boca e dizer palavras. Existiam códigos na voz, a pronúncia, a intensidade com que falamos cada palavra. Isso comunica muito mais do que a mensagem em si.
Outra coisa que impacta na mensagem é o contexto de quem fala. Uma mulher explicando sobre um parto tem muito mais propriedade do que um homem. Este pensamento óbvio, que hoje tem o nome de lugar de fala, chegou a mim por esse professor.
Leia mais colunas de Manoel Soares
"Situação que não desejo nem para o meu pior inimigo"
"Eu peguei covid"
Manoel Soares e os pais imaginários de sua infância
Ele, nas aulas de rádio, mesmo sendo meu amigo, se esforçava para tirar o carisma da voz na hora de tirar pontos de um trabalho que fiz de forma desleixada. Certa vez, ele estava no pátio da RBS e não tirava os olhos da moça que apresentava a previsão do tempo. Ela era um espetáculo de pessoa e de mulher. Sabe aquelas pessoas lindas, tão simpáticas que você fica com medo de dar em cima, porque se der errado perde a amizade? Pois é, ela era dessas.
Ele mudava de cor quando ela passava. Eu, como sou cara de pau, soube que ela queria estudar documentários em Cuba. Fui lá e disse a ela que esse meu professor era especialista no assunto. Quando ela passou, a chamei e levei até ele. Vi o olho dele lacrimejar, achei que fosse por timidez e medo, mas, na verdade, era o amor nascendo. Os dois hoje têm duas filhas lindas, e eu sou padrinho de casamento deles. Professor Scola, você é uma das maiores referências que tenho, e sempre serei grato. Amigos, meu professor está vivendo um momento em que precisa de nossas orações e pensamentos positivos. Peço que unam seus sentimentos mais lindos e mandem para ele. Obrigado, gente!