Avanço da imunização
Porto Alegre deve vacinar todos os habitantes acima de 18 anos com ao menos uma dose ainda em agosto
Prefeitura pretende começar aplicação em adolescentes de 12 a 17 anos no início de setembro
Com base na expectativa de doses a serem enviadas pelo Ministério da Saúde em agosto, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Porto Alegre planeja vacinar com ao menos uma dose todos os habitantes da capital gaúcha acima dos 18 anos contra a covid-19 até 30 de agosto. O objetivo é acelerar a imunização da população antes que a variante Delta, de alta transmissão, provoque uma piora da pandemia na cidade.
A meta da prefeitura é, portanto, vacinar todos os adultos antes do esperado para o Estado. O governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou que o Rio Grande do Sul deve imunizar todos os gaúchos acima dos 18 anos até 7 de setembro. O ritmo de aplicação varia conforme fatores como demografia e geografia de cada município, além da estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) nas cidades.
No início de setembro, os adolescentes sem comorbidades deverão ser incluídos na campanha. A vacinação seguirá a mesma lógica da aplicação em adultos: primeiro os jovens de 17 anos, depois 16, 15, 14, 13 e, por fim, 12, última faixa etária permitida para aplicação da vacina da Pfizer pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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Nesta terça-feira (3), Porto Alegre vacina mulheres com 28 anos, além das faixas etárias anteriores e grupos prioritários, assim como aplica a segunda dose. O próximo grupo é o de homens com 28 anos.
— Estamos firmes no propósito de vacinar todos acima de 18 anos antes do fim de agosto. Depois, vamos buscar os que não querem se vacinar — afirmou a GZH o diretor da Vigilância em Saúde da prefeitura, Fernando Ritter.
Porto Alegre é uma das capitais com maior cobertura vacinal do país. Passados sete meses desde o início da campanha, 56% dos habitantes da cidade receberam a primeira dose (ou a injeção única da Janssen) e 34% estão com esquema vacinal completo, mostram dados da prefeitura.
Para comparação, a cidade de São Paulo aplicou a primeira dose em 65,9% dos habitantes e a segunda em 23,7% da população, conforme dados da prefeitura paulistana.
Os resultados do avanço da campanha finalmente estão sendo vistos com maior consistência em Porto Alegre: a ocupação das unidades de terapia intensiva (UTI) atingiu, desde a semana passada, o menor patamar em mais de um ano. Como resultado, hospitais já desativam leitos para covid-19 e os destinam a pacientes com outras doenças, cujo tratamento estava em suspenso no último ano.
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Mas médicos destacam que, para a pandemia de fato ser controlada, o que permitirá uma volta com segurança à normalidade, Porto Alegre precisa vacinar cerca de 70% dos habitantes com duas doses. Até lá, especialistas pedem que a população use máscaras, evite aglomerações e opte por circular em ambientes abertos e arejados.
Há cada vez mais estudos indicando que as vacinas hoje disponíveis protegem contra a variante Delta, originária da Índia, e que o risco seja maior para não vacinados. As pesquisas apontam que eficácia dos imunizantes cai com apenas uma dose, o que vem motivando governos mundo afora a correr para fazer a segunda aplicação antes.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já declarou que o intervalo da Pfizer e da AstraZeneca deverá ser reduzido no Brasil de 12 para três semanas, como indicado pela bula dos laboratórios. No entanto, a mudança ainda não foi aplicada.
A despeito de comemorar o avanço da vacinação, o diretor da Vigilância em Saúde da prefeitura destacou que a recusa de parcela da população em se vacinar preocupa o governo – em especial, da população masculina.
Se absolutamente todos os porto-alegrenses acima de 18 anos se vacinassem, 70% da população da cidade estaria protegida, o que alcançaria a meta de imunidade coletiva e um cenário semelhante ao visto em países ricos, com cobertura vacinal avançada.
Mas algumas faixa etárias não buscam a segunda dose como deveriam em Porto Alegre. Em quase todas as idades, homens tomam menos a segunda dose do que mulheres. Exemplo é a faixa etária dos 40 e 44 anos: 23% dos homens tomaram duas doses, enquanto que, em mulheres, a cobertura sobe para 38%.
Segundo Fernando Ritter, a prefeitura deve investir mais forte na busca ativa quando as vacinas estiverem em oferta para toda a população apta a se vacinar, momento no qual postos de saúde estarão menos movimentados e, portanto, servidores menos atarefados com a aplicação de doses.